A fenomenologia hermenêutica não cai nem no impasse de quem quer recuperar a totalidade do mundo vivido, porque aceita a faticidade, nem cai também num impasse de pretender um sistema absoluto, como Husserl o ambicionava.
[…] No momento em que se quer pensar a totalidade não reduzida do mundo, quer se pensar o mundo na medida em que ele é; nós nos confrontamos [84] com o problema da compreensão do ser. Essa compreensão do ser, por sua vez, dá-se no Dasein, e, por isso, ela não é uma (…)
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Ernildo Stein
ERNILDO STEIN (1934)
HEIDEGGER, Martin. Ensaios. Coleção Pensadores. Tr. Ernildo Stein. São Paulo: Nova Cultural, 1973/1999.
Compreensão e Finitude. Ijuí: Unijuí, 2001
Uma breve introdução à filosofia. Ijuí: Unijuí, 2002
Nas proximidades da antropologia : ensaios e conferências filosóficas. Ijuí: Unijuí, 2003
Diferença e metafísica : ensaios sobre a desconstrução. Ijuí: Ed. Unijuí, 2008
Apresentação da obra: STRECK, Lenio. Verdade e Consenso. Rio de Janeiro: Saraiva, 2011
As ilusões da transparência: Dificuldades com o conceito de mundo da vida. Ijuí: Editora Unijuí, 2012
Analítica Existencial e Psicanálise. Freud — Binswanger — Lacan — Boss. Ijuí: Editora Unijuí, 2012b
Às voltas com a Metafísica e a Fenomenologia. Ijuí: Unijuí, 2014
Pensar e Errar. Um Ajuste com Heidegger. Ijuí: Editora Unijuí, 2015
Matérias
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Ernildo Stein (2015:83-85) – a fenomenologia hermenêutica
8 de junho de 2023, por Cardoso de Castro -
Ernildo Stein (2008:13-15) – Qual é a estrutura sistemática de ST?
13 de novembro de 2023, por Cardoso de CastroA estrutura fundamental de ST pode também ser descrita a partir de uma sequência de regras de predicadores ou de definições que correspondem às seis teses centrais do livro.
Qual é a estrutura sistemática de ST? As teses centrais são seis.
1) No início da obra Heidegger situa a questão da ontologia fundamental, do sentido do ser.
2) A clarificação desta questão somente pode resultar do recurso ao único ente que compreende ser — o homem (Dasein), o estar-aí.
3) O estar-aí é (…) -
Ernildo Stein (2008:136-137) – desconstrução
9 de junho de 2023, por Cardoso de CastroA desconstrução situa-se para além da intenção da analítica existencial. Ela se insere, assim, na história do ser, isto é, ela se aproxima da crítica da metafísica como logocentrismo.
A teoria da desconstrução não se refere, em primeiro lugar, ao campo da semântica e da semiótica, mas sua meta é uma tarefa do pensamento e nesse sentido a desconstrução tem uma raiz filosófica que aponta para o lugar ocupado pela hermenêutica. A desconstrução é precisamente possível porque ela nos situa no (…) -
Ernildo Stein (1973:283-297) – Introdução ao Método Fenomenológico Heideggeriano (1-3)
6 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroAo lado de Ser e Tempo e Que é Metafísica? temos, no ensaio Sobre a Essência do Fundamento e na preleção A Determinação do Ser do Ente segundo Leibniz, a melhor possibilidade de observar o método fenomenológico de Heidegger em sua aplicação concreta. Não apenas cronologicamente estão estas duas análises próximas dos momentos mais altos da criação heideggeriana; também tematicamente lhe são vizinhas. O texto sobre Leibniz tomou corpo na esteira de interpretações de filósofos que foram (…)
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Ernildo Stein (1973:283-297) – Introdução ao Método Fenomenológico Heideggeriano (4-6)
2 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro4. Uma vez situado o método fenomenológico no contexto das discussões atuais, passo à análise de certas particularidades e elementos distintivos seus. Não é fácil atingir um ponto de vista a partir do qual se possa refletir, fora da imanência da obra, sobre o problema do método, em Heidegger. O filósofo lhe dá uma importância muito grande, mas uma verdadeira exposição nunca apresentou. Há apenas a apresentação provisória do § 7 de Ser e Tempo. Por isso, resta como único recurso a prometer um (…)
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Ernildo Stein (2015:130-133) – deinon (estranho, terrível)
8 de junho de 2023, por Cardoso de Castro“muitas são as coisas estranhas, mas o mais estranho é o homem” [Sófocles, Antigona]
Encontramos em Heidegger uma estratégia de falar do homem como aquele que compreende o ser. Ainda que com tal afirmação não se limite ao elemento primeiro descritivo de antropologia, ela, contudo, é o começo para um jogo de enunciados polares sobre o que é o ser humano. As oposições que irão aparecer apoiam-se em conceitos que descrevem os aspectos paradoxais do ser humano. Tem-se mesmo a impressão de que (…) -
Ernildo Stein (2015:111-112) – entender e compreender
4 de dezembro de 2023, por Cardoso de CastroAfirmamos certa vez, num trabalho, que não podemos dizer as mesmas coisas com outras palavras. Tratamos aí da impossibilidade de uma sinonímia perfeita. Se não podemos dizer as mesmas coisas com outras palavras, nunca pararemos com a análise. Então, deve haver outro modo de chegar ao limite, ao que organiza, e esse elemento sempre depende da pré-compreensão, o elemento a priori que denominamos de hermenêutico. O enunciado é possível porque estamos no mundo, que tem uma dupla estrutura, o (…)
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Beneval de Oliveira: A Questão do Método na Filosofia Heideggeriana segundo Ernildo Stein
6 de outubro de 2021Resenha da obra de Ernildo Stein: ‘A questão do método na Filosofia. Um estudo do modelo Heideggeriano’
No parágrafo 7 de Ser e Tempo sob a epígrafe O método fenomenológico de nossa pesquisa, M. Heidegger observa que desembaraçar o ser do ente e explicitá-lo são as tarefas da ontologia. Adverte, entretanto, que o método da ontologia permanece contestável no mais alto grau tanto que não se questiona senão em torno de ontologias tradicionais.
Toma, então, o autor de Ser e Tempo uma (…) -
Ernildo Stein (2001:163-165) – fenômeno (phainomenon)
13 de novembro de 2023, por Cardoso de Castro“Nós atribuímos, diz Heidegger, à palavra ‘fenômeno’ o sentido positivo e original de phainomenon e distinguimos o fenômeno da aparência, que é uma modificação privativa do ‘fenômeno.’”
Heidegger analisa primeiro o conceito de fenômeno.
“A palavra grega phainomenon, à qual remete o termo ‘fenômeno’, deriva do verbo phainesthai, que significa: aquilo que se mostra, o manifesto. Phainesthai é o infinito médio de phaino: trazer ao dia, colocar na luz; Phaino pertence à raiz pha- como phos, (…) -
Ernildo Stein (2008:69-70) – o fundamento é sem fundo
8 de junho de 2023, por Cardoso de CastroO fundamento é sem fundo na medida em que não é nem infinito, nem é objetivo.
É exatamente isso que o filósofo faz em Ser e tempo. Introduz um novo conceito de fundamentação. Não é uma fundamentação como a moderna, nem do tipo objetivista da tradição clássica. Então, nem subjetivista nem objetivista. Assim, é uma fundamentação de caráter diferente, é uma fundamentação de caráter prévio, de caráter a priori. É uma fundamentação em que já sempre existe um compreendermos a nós mesmos. Isso é (…) -
Beneval de Oliveira: Ernildo Stein - uma ontologia da finitude
5 de outubro de 2021A Fenomenologia no Brasil, Beneval de Oliveira, Pallas, 1983 O presente trabalho tem como objetivo enfocar a temática do existencialismo brasileiro. Neste sentido, procuramos pesquisar as origens dessa temática, a partir de uma reinterpretação da filosofia grega, dando ênfase, sobretudo, à ontologia de Martin Heidegger, justamente por ter esse filósofo despertado maior atenção que os demais filósofos existencialistas entre os nossos estudiosos da matéria.
De outro lado, procuramos (…) -
Ernildo Stein (2015:80-82) – divergência Husserl-Heidegger
8 de junho de 2023, por Cardoso de CastroHeidegger se pergunta se essa ideia da constituição transcendental de mundo exige esse recuo ao Eu transcendental, à consciência e à representação. Por que não descobrir a constituição transcendental de mundo em um ente do mesmo nível do próprio conceito de mundo?
A concepção de Filosofia e fenomenologia, afirma Heidegger, escrevendo para Husserl, se distinguirá ou se aproximará conforme a justificação ou a descrição do conceito de mundo nos dois filósofos. O importante e revolucionário (…) -
Ernildo Stein (2008:74-76) – princípio epocal
9 de junho de 2023, por Cardoso de CastroEsses princípios epocais nós não os escolhemos, nascemos dentro deles.
Quando se fala em princípio epocal se quer dizer, e isto para Heidegger é muito importante, que cada época da história da metafísica é caracterizada por um princípio objetificado que marca todos os fenômenos da época. Esta é a bela ideia exposta no início do artigo de Heidegger: 0 Tempo da imagem do mundo, em que ele diz que todas as marcas da cultura provêm de um elemento metafísico que determina a História, a Ética, (…) -
Ernildo Stein (2003:93-97) – crítica à Antropologia
22 de dezembro de 2023, por Cardoso de CastroCom a questão central analisada até agora surge em Heidegger uma posição contra um tipo de pensamento que, ao mesmo tempo em que é dependente de um sujeito, se relaciona com as coisas como se fossem de um mundo exterior, dispondo sobre elas e organizando-as [94] de maneira categorial como simplesmente existentes. É por isso que a analítica existencial de Heidegger visa à crítica rachadura entre mundo e sujeito entre res cogitans e res extensa como o havia postulado Descartes . O filósofo (…)
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Ernildo Stein (2015:106-108) – verstehen
8 de junho de 2023, por Cardoso de CastroTemos, portanto, um verbo: Verstehen, que pode ser traduzido tanto por entender como por compreender.
Poderíamos nos referir a dois tipos de guarda-chuva: o primeiro seria a ontologia fundamental, proposto por Heidegger, que estaria ligado intensamente à compreensão do ser. A unidade seria dada, assim, a partir da analítica existencial, a partir da análise do ser humano. Já o segundo elemento abrangente consistiria na proposta de partir de uma antropologia, da qual viria a unidade. Todos (…) -
Ernildo Stein (2012:27-29) – de onde se dá o discurso filosófico?
6 de fevereiro, por Cardoso de CastroEntão qual é a base do discurso filosófico? Se ele se manifesta, perguntaríamos de que lugar? Wittgenstein dirá que são as formas da vida, são os jogos de linguagem. Heidegger dirá que são os modos de ser do ser-aí, que podemos descrever formalmente. A Filosofia tem isso como campo de operação. Wittgenstein vai dizer: “Os limites do meu mundo são os limites da minha linguagem”. Quando, porém, ele usa a palavra “mundo” não é o “mundo físico” que posso esgotar empirica-mente, mas o meu mundo (…)
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Ernildo Stein (2003:36-37) – transcendência do ser do Dasein
13 de novembro de 2023, por Cardoso de CastroSem entrarmos em mais detalhes podemos dizer que esse “ser do Dasein” já remete ao cuidado (Sorge) com sua tríplice estrutura e à temporalidade (Zeitlichkeit) como sentido do ser do cuidado.
É a partir do ser-em que se estabelece a receptividade e a espontaneidade da experiência que, no desenvolvimento da analítica existencial, são apresentadas como sentimento de situação (afecção — Befindlichkeit) e compreensão (entendimento — Verstehen). É assim que o ser-em do ser-no-mundo torna-se o (…) -
GA14: Ereignis
28 de junho de 2021, por Cardoso de CastroHEIDEGGER, Martin. Martin Heidegger – Conferências e Escritos Filosóficos. Tradução e notas Ernildo Stein. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1999
No destinar do destino do ser, no alcançar do tempo, mostra-se um apropriar-se trans-propriar-se, do ser como presença e do tempo como âmbito do aberto, no interior daquilo que lhes é próprio. Aquilo que determina a ambos, tempo e ser, o lugar que lhes é próprio, denominamos: das Ereignis (o acontecimento-apropriação). O que nomeia esta palavra, (…) -
Ernildo Stein (2002:122-125) – a paradoxal condição da filosofia como tarefa da finitude
1º de dezembro de 2023, por Cardoso de CastroPassemos à análise das quatro passagens da Metafísica, para então, numa aproximação destes textos, descobrirmos a paradoxal condição da filosofia como tarefa da finitude.
1. O que foi dito nos permite traduzir o texto de Aristóteles: “Assim, portanto, se foi para fugir à ignorância que os primeiros filósofos se entregaram à filosofia, é que eles, evidentemente, buscavam o saber em vista do conhecimento e não por causa de um fim utilitário. E o contexto dos fatos disso dá testemunho: pois (…) -
Ernildo Stein (2012:27-29) – Lebenswelt e unidade da experiência
5 de fevereiro, por Cardoso de CastroPor um lado, ao ouvirmos o termo Lebenswelt e, de outro, ao pensarmos no rigor com que Husserl procedia em sua Filosofia poderíamos concluir que este termo origina um certo mal-estar. Este mal-estar, entretanto, é mais de Husserl do que nosso, porque nós já estamos com muitos elementos novos no caminho, enquanto que, em Husserl, era a tentativa de denominar algo que certamente não era determinado, não era definido, não era circunscrito. O mundo da vida se apresentava como indefinido, mas, ao (…)
Notas
- Ernildo Stein (1973:315) – possibilidade (Möglichkeit)
- Ernildo Stein (1973:316) – “postura antropocêntrica” em Ser e Tempo?
- Ernildo Stein (2001:26-28) – ser-verdade como ser-descoberto
- Ernildo Stein (2003:267-268) – imortalidade dos filósofos
- Ernildo Stein (2003:27-28) – Analítica Existencial e Antropologia Filosófica
- Ernildo Stein (2003:67) – da reflexão à compreensão
- Ernildo Stein (2008:175) – antropologia (Antropologie)
- Ernildo Stein (2008:209) – Um Willen - Um-zu - Wozu - Womit
- Ernildo Stein (2011:23) – acontecer no discurso…
- Ernildo Stein (2012:23-24) – Lebenswelt (I)
- Ernildo Stein (2012:25-26) – Weltanschaunng e Lebenswelt
- Ernildo Stein (2012:33-35) – Lebenswelt enquanto antepredicativo
- Ernildo Stein (2012:35) – Lebenswelt e Urverdrängung (recalque)
- Ernildo Stein (2012:35-38) – Lebenswelt e significância (Bedeutsamkeit)
- Ernildo Stein (2012b:130-131) – Dasein importa-se consigo mesmo
- Ernildo Stein (2012b:133-134) – poder-ser-doente
- Ernildo Stein (2012b:135) – a questão do poder-ser
- Ernildo Stein (2012b:138-139) – A psicanálise vê no Dasein…
- Ernildo Stein (2012b:152-153) – Habermas e as Ciências Humanas
- Ernildo Stein (2012b:161) – a questão do intérprete em Lacan