[…] os intérpretes notaram desde muito tempo uma dualidade de pontos de vista na concepção aristotélica da verdade: segundo certos textos (cujo mais importante é aquele já citado, do Metafísica E, 4), o ser como verdadeiro residiria em uma ligação do pensamento (symploke tes dianoias), seria uma afecção do pensamento (patbos en tei dianoiai); o verdadeiro e o falso seriam, portanto, considerados, como funções lógicas do julgamento. Outro texto, ao contrário, proporia uma concepção ontológica (…)
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Léxico Grego
Como lembra Marlène Zarader (Heidegger et les paroles de l ’origine. Vrin, 1990), as palavras fundamentais são aquelas de pensadores gregos determinados, em particular os pré-socráticos, Platão e Aristóteles (o mais referenciado); mas não pertencem exclusivamente a estes pensadores. "Enquanto palavras do princípio, elas abrem todos os domínios do questionamento que a filosofia reconhecerá como seus: elas dizem o ser, a verdade, a linguagem, o destino, o tempo". Ao mesmo tempo, elas não somente instauram regiões, mas fazem sinal em direção a um centro: a unidade que constitui "o a pensar" nos textos do primeiro início, que merecem a reflexão necessária para um novo início.
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Aubenque (2022:158-161) – verdade em Aristóteles
1º de novembro, por Cardoso de Castro -
Krell (2013:31-32) – zoe e bios
13 de outubro, por Cardoso de Castro12. Principais fontes: Heidegger, Introduction to Metaphysics (GA40:EM) e “Letter on Humanism” [GA9]; Ellenberger, Médicines de l’âme; Evangelho de João; Aristóteles, Politics and Metaphysics; Agamben, Homo sacer I; Foucault, History of Sexuality I (1976).
Derrida inicia a sessão questionando a suposta — e hoje quase universalmente aceita — distinção entre ζωή e βίος. O primeiro supostamente se refere ao lado “animal”, “natural” ou “físico” da vida, enquanto o último se refere a uma vida (…) -
Taminiaux (2002:18-20) – eudaimonia
12 de outubro, por Cardoso de CastroSe nos voltarmos para o Heidegger de Sein und Zeit, veremos que, nele, não há privilégio para a atividade de fazer-obra. Pelo contrário, ela é relegada à vida cotidiana, que é, por definição, inautêntica, e é explicitamente declarado que essa atividade só pode dar origem a uma historicização inautêntica. De modo mais geral, podemos ver hoje, graças à publicação das palestras de Marburg, antes de Sein und Zeit, que a distinção heideggeriana entre o inautêntico e o autêntico deve muito à (…)
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Luzie (1999:29-36) – Moíra
10 de outubro, por Cardoso de CastroO autêntico princípio enquanto salto é sempre um salto antecipativo em que o que ainda há de vir já está ultrapassado, se bem que veladamente. [GA9:64]
É a partir da conferência Moíra que Heidegger vai dizer que, no fragmento de Parmênides, a expressão aparece numa proposição subordinada, acrescentada sem barulho, mas que, ainda assim, está lá. Assim é. Moíra é o envio, o desdobrar-se que tem início desde este envio, e o retorno ao mesmo. Envio é o que os gregos denominavam de ormh, ou (…) -
Luzie (1999:24-29) – A Dobradura [eón - Zwiefalt]
10 de outubro, por Cardoso de CastroCom um pouco de exagero, nós podemos afirmar: o destino do Ocidente depende da tradução da palavra eón. [GA9:345]
Este sentido peculiar de μοίρα como o envio do ἐόν, isto é, como o envio do movimento e, portanto, o destino do Ser, foi muito pouco pensado pela tradição filosófica, uma vez que é o sentido originário e primevo da palavra Ser.
É importante ressaltar que quando Heidegger inicia a interpretação da frase de Parmênides, ele se dá conta de que Parmênides não está falando de modo (…) -
Luzie (1999:19-21) – origina-te, torna-te [genoi]
10 de outubro, por Cardoso de CastroPíndaro, ao comemorar o triunfo dos vencedores nos jogos, inicia a sentença que se tornou célebre no pensamento ocidental com a palavra γένοι; palavra esta, fundamental na sentença por caracterizar a experiência de nascimento, de pro-veniência, de geração, e que está no imperativo do verbo γίγνομαι. Foi desta forma que esta expressão teve lugar na tradução e, portanto, na tradição do pensamento ocidental. Geralmente quando pensamos em nascimento, nos referimos ao nascimento de algo, (…)
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Birault (1978:138-140) – a priori
29 de setembro, por Cardoso de CastroHeidegger primeiro extrai aqui o significado ontologicamente metafísico do a priori. De fato, a metafísica, e somente a metafísica, determina o ser do ente como aquilo que é, de alguma forma, anterior ou primeiro, não em relação a nós — πρότερον πρὸς ἡμας — mas em espécie, isto é, em relação ao ser ou à entidade de tudo o que é: πρότερον τρ φύσει. A determinação do a priori como o ser do ser não diz respeito, portanto, a esta ou àquela filosofia: a filosofia transcendental de Kant, por (…)
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McNeill (2006:189-192) – katharsis
23 de março, por Cardoso de Castrodestaque
Se voltarmos agora ao tema da tragédia grega, podemos ver melhor o que significa a katharsis do medo e da piedade. Evidentemente, não pode significar que a tragédia nos purga ou alivia do medo e da pena que já trazemos conosco para a tragédia, pelo menos não na forma particular em que trazemos estas emoções conosco. Embora o processo de katharsis comece, de fato, com estes modos de tonalidade afetiva, como formas fundamentais da nossa sensibilidade ao mundo, eles são precisamente (…) -
Jean Wahl (1998:34-40) – aletheia
10 de fevereiro, por Cardoso de Castrodestaque
[…] A verdade não é uma propriedade da proposição: está nas próprias coisas. E aqui se acentua o aspecto objetivista da teoria de Heidegger. Não é na proposição sobre o ser que reside a verdade, mas é o próprio ser que é revelado ou verdadeiro. E é apenas porque o ser é verdadeiro que podemos formular proposições sobre ele que são verdadeiras. Consequentemente, a verdade da proposição é derivada da verdade do ser. A verdade, no seu sentido antigo, a descoberta, pertence ao próprio (…) -
Taminiaux (1995b:131-134) – mundo como representação e como vontade
23 de janeiro, por Cardoso de Castrodestaque
Portanto, toda esta ordem que caracteriza o nosso campo de consciência em toda a sua amplitude, quer se trate das percepções empíricas de cada indivíduo, quer das leis e teorias estabelecidas pelas ciências, toda esta ordem que parece fazer do mundo da representação o próprio lugar da verdade, Schopenhauer afirma que não passa de um falso pretexto, uma ilusão, uma máscara que encobre outra coisa. Essa outra coisa é a vontade. Em relação à vontade, todo o campo articulado da (…)