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Ernildo Stein (2003:67) – da reflexão à compreensão
sexta-feira 22 de dezembro de 2023
Heidegger substitui elementos centrais da reflexão de Husserl articulados com os conceitos clássicos da reflexão. Volta-se com a própria fenomenologia para a hermenêutica da faticidade e dá origem a uma Filosofia Hermenêutica. Assim, Heidegger substitui a reflexão pela interpretação do sentido do ser do Dasein. Em lugar da questão da validade, é posta a pergunta pelo ser, pelo sentido do ser. A elevação da hermenêutica a uma doutrina filosófica fundamental levou discípulos para além das ideias de Heidegger. Entre eles situa-se Gadamer .
Enquanto em Heidegger o peso da questão ontológica pelo sentido do ser ainda está inteiramente em sua componente transcendental, nos seus epígonos o peso da questão se desloca para o lado de sua componente hermenêutica (Flach, 1994, p. 44).
O tema da reflexão é transformado em compreensão na linguagem e nada mais tem a ver com o lado transcendental — do qual Gadamer explicitamente se afasta — e a linguagem torna-se então o horizonte universal e o meio (medium) da compreensão e da própria comunicação. Assim o conceito de reflexão é “deslocado” do ambiente da consciência no sentido clássico. “Não se vê mais na reflexão a compreensão do saber sobre si mesmo, a compreensão do saber consigo mesmo” (p. 45). Gadamer diz que a linguagem envolve todo o sabido e todo o saber como o verdadeiro centro (Mitte) do ser humano” (1972, p. 100).
Werner Flach tira a conclusão: “Só podemos considerar esta concepção de reflexão como uma concepção que falha o método da teoria do conhecimento e rebaixa esta à hermenêutica” (Flach, 1994, p. 45). A partir dessas afirmações iremos determinar melhor o que a análise visa.
[STEIN, Ernildo. Nas proximidades da antropologia : ensaios e conferências filosóficas. Ijuí: Unijuí, 2003]
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