Ao contrário dos animais, que não podem enlouquecer — pelo menos não no sentido em que usamos o termo até agora, o que implica a presença de uma vida espiritual, embora anormal —, o homem não pode viver a qualquer preço.
Diz-se que o homem quer ser “bom”. Concordo: mas, no fim das contas, não é a satisfação do desejo de bem-estar, ou felicidade, que é a condição para aceitar a vida: caso contrário, quase ninguém a aceitaria. Ao invés, é a interpretação desse desejo. Em que consiste estar (…)
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Binswanger / Ludwig Binswanger
Matérias
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Monticelli (1997:152-154) – a perversão do amor
20 de outubro, por Cardoso de Castro -
Schérer (1971:140-143) – Daseinanálise de Binswanger (I)
24 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Reafirmemos primeiro as noções de princípio que separam a concepção psiquiátrica de Binswanger da de Freud, pois talvez tenhamos deixado este ponto na incerteza, estando mais preocupados, antes de mais, em mostrar como a investigação concreta freudiana poderia enriquecer os dados de uma análise teórica do que em insistir nas diferenças. Binswanger não se contenta em acrescentar ao sistema freudiano a noção de "mente" que, sob a forma de logos, é o objeto da nossa investigação (…) -
Schérer (1971:128-137) – Confrontation autour de la pratique psychanalytique
14 de junho de 2023, por Cardoso de CastroL’ontologie de Binswanger rejoint, par des voies différentes, et sans cesser de marquer sa différence, celle de Heidegger dont elle s’était d’abord détournée : là où l’être de l’étant est en question, c’est aussi le logos de l’être qui doit être explicité.
Tout autant que sur le plan théorique, la psychanalyse freudienne entre, sur le plan pratique, en rupture avec les méthodes courantes de la psychologie et de l’anthropologie. Elle vise à saisir la totalité de la vie individuelle dans (…) -
Monticelli (1997:172-174) – Daseinanálise
20 de outubro, por Cardoso de CastroVamos agora considerar o que Heidegger reprova a Binswanger cerca de trinta anos depois. Nota de seminário de Zollikon [GA89], 8 de março de 1965:
Lá psychiatrische Daseinsanalyse (Binswanger) extraiu da Fundamental-ontologische Analytik des Daseins essa estrutura fundamental que, em Sein und Zeit, é chamada de ser-no-mundo, e fez disso o único fundamento de sua ciência .
Mas não é exatamente isso que Heidegger declarou em 1927 como o problema fundamental de Sein und Zeit, como a (…) -
Schérer (1971:116-125) – Justification et critique de la philosophie de Binswanger : la Wirheit par-delà l’individu
14 de junho de 2023, por Cardoso de CastroCes deux thèmes, celui d’une réinterprétation des concepts psychanalytiques dans le cadre d’une phénoménologie ontologique, celui d’une modification de la pratique par une philosophie de la communication, commandent l’interprétation par Binswanger de la psychanalyse et de sa méthode.
« Il ne s’agit pas, écrit Binswanger, entre Heidegger et moi, d’une simple différence d’opinion, mais d’une différence ontologique » (o. c, p. 41). La nature et la [117] possibilité essentielle du Dasein sont (…) -
Schérer (1971:113-116) – Le développement de la Daseinsanalyse chez L. Binswanger
14 de junho de 2023, por Cardoso de CastroAlors que la constitution du nous-sujet marque l’achèvement de la philosophie transcendantale, Binswanger confère au « nous » une dimension ontologique au-delà de l’illusion de la constitution et, tout à la fois, du fait de la communauté mondaine. Il relie le nous prononcé et présent dans les relations humaines à une catégorie existentielle distincte: la possibilité du nous (y compris le nous-sujet husserlien) se fonde sur une « nous-ité » (Wirheit) originelle.
Avec Binswanger, dont (…) -
Monticelli (1997:150-152) – a desordem do amor
20 de outubro, por Cardoso de CastroPor trás dessa fenomenologia, talvez já possamos ver o novo ganho filosófico — em relação ao mundo clássico — que a sustenta. Qualquer desordem do espírito, seja no registro do peso ou no da leveza, é, antes de tudo, uma desordem do amor — da atitude afetiva fundamental em relação à vida, que não pode ser dissociada da tendência inerradicável de toda criatura de se preservar, de continuar vivendo.
Também encontramos a fórmula adotada por Scheler no contexto de sua ética das vocações, que (…) -
Monticelli (1997:157-158) – confiança
20 de outubro, por Cardoso de CastroPortanto, nossa pergunta final é a seguinte. Deve haver uma ligação entre o ethos, o “modo de ser” ou, mais precisamente, a atitude afetiva fundamental em relação à vida, e aquela forma de desordem do espírito que se manifesta na interrupção da possibilidade da experiência verdadeira. Qual é essa ligação? Os “antigos” a vislumbraram, mas uma certa atitude impiedosa que consiste em ignorar a miséria real de um fenômeno humano em favor de sua possível grandeza é peculiar a eras magnânimas (tão (…)
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Monticelli (1997:177-179) – pessoa e liberdade
20 de outubro, por Cardoso de CastroBinswanger, de fato, só aceita — erroneamente — a reprovação de Heidegger por ter interpretado sua análise constitutiva em um nível “ôntico” e “antropológico”. É, além disso, a mesma censura que Heidegger faz, também erroneamente, a todos os filósofos do passado — o esquecimento do ser, o apagamento da “diferença ontológica”. A palavra-chave nessa reprovação é a palavra “antropológica”. Que significado Heidegger dá a essa palavra? Por mais surpreendente que possa ser, Heidegger chama de (…)
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Monticelli (1997:141-143) – melancolia e mania
20 de outubro, por Cardoso de CastroÉ claro que os filósofos não nos ajudam muito a conceber claramente em que poderia consistir uma condição mental feliz — a salvação, ou pelo menos a saúde do espírito —, pois há tantas representações filosóficas dessa condição quanto há personagens — ou possíveis sujeitos de uma “psicologia de visões de mundo”. Por outro lado, parece menos difícil descobrir, se não concordar, um conjunto bastante limitado de posições fundamentais sobre o tema da infelicidade do espírito, seus desconfortos, (…)
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Dastur (2015:94-96) – Binswanger e Husserl
7 de fevereiro, por Cardoso de CastroA co-apresentação de si mesmo ou do alter ego se funda, então, na estrutura temporal fundamental que conjuga retenção e protenção. Consequentemente, é ela que é preciso inicialmente elucidar. Ainda que Binswanger se baseie, sobretudo, na obra de Szilazi, Introduction à la phénoménologie de Edmund Husserl (Introdução à fenomenologia de Edmund Husserl), um livro de 1959, um livro [94] que trata desse assunto, ele aponta para as Leçons sur la phénoménologie de la conscience intime du temps (…)
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Monticelli (1997:165-167) – cupiditas, a essência da cura [Sorge]
20 de outubro, por Cardoso de CastroMas Santo Agostinho, como vimos, também é uma fonte — admitida — para Binswanger. Portanto, voltemos à ideia principal do livro de Binswanger de 1942, Grundformen und Erkenntis menschlichen Daseins. Essa ideia consiste em uma certa correção e uma correspondente ampliação da análise heideggeriana da afetividade (Befindlichkeit). De acordo com Binswanger, a preocupação [Sorge] é apenas uma das duas modalidades fundamentais de ser-no-mundo e, portanto, especialmente de ser com os outros, (…)
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Schérer (1971:143-146) – Daseinanálise de Binswanger (II)
24 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Se a metáfora tem um significado ontológico, então o conhecimento do seu conteúdo situa-nos imediatamente na dimensão ontológica da existência, e é na própria expressão linguística que podemos alcançar os canais através dos quais a comunicação é dada ou recusada. Enquanto o pensamento objetivista estabelece um fosso intransponível entre o sonho em que o indivíduo se isola e a realidade em que se encontra com os outros, a análise que toma a expressão como tema desloca o centro da (…) -
Dastur (2015:110-115) – Boss e Binswanger
7 de fevereiro, por Cardoso de CastroA diferença entre Binswanger e Boss aparece com isso que se poderia chamar de querela dos existenciais, e que apresenta um duplo aspecto: a caracterização heideggeriana do Dasein como ser-no-mundo e a possibilidade ou impossibilidade de completar a analítica existencial. De fato, Boss condena Binswanger por definir o Dasein unicamente a partir de seu ser-no-mundo e, ao mesmo tempo, por não compreender o pensamento de Heidegger. Sem dúvida, a caracterização do Dasein como ser-no-mundo não é (…)
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Schérer (1971:147-153) – Daseinanálise de Binswanger (III)
24 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
A metáfora indica precisamente que, se o sonho não se junta à vida real na sua forma prática, pode, no entanto, assumir a forma e o sentido da espiritualidade e da comunidade: "a espiritualidade, uma vez desperta, pode estender-se até ao sonho para fazer surgir pelo menos a imagem da vida universal". A metáfora do sonho é a possível assunção pela subjetividade de uma universalidade que não lhe é estranha, mas que se inscreve nas possibilidades da sua história individual, ou a (…) -
Schérer (1971:125-128) – Les concepts psychanalytiques
14 de junho de 2023, por Cardoso de CastroIl reste que le nous que vise la théorie de Binswanger, n’est pas d’abord essentiellement ce nous idéalisé mais, plus profondément la « possibilité d’ouverture » se trouvant dans le moi lui-même et permettant les phénomènes d’identification (ou de transfert dans la pratique psychanalytique).
Ce sont les concepts de l’inconscient, indiquant en tout individu une présence qui échappe au moi et qui, tout en appartenant au destin individuel ne se laisse plus enfermer dans l’instance (…) -
Monticelli (1997:174-176) – ôntico e ontológico, em Binswanger
20 de outubro, por Cardoso de CastroEm primeiro lugar, há duas distinções diferentes, relativas respectivamente ao nível de investigação e ao seu objeto. No que diz respeito à Daseinsanálise binswangeriana, surge uma dupla questão: 1) seu nível de investigação é, sim ou não, positivo, ou seja, é, sim ou não, o nível de uma ciência de um domínio da realidade tal como o encontramos na atitude natural, pré-filosófica (não importa, aqui, se é uma ciência do homem-natureza ou uma ciência do homem-pessoa)? 2) Seu objeto é o Dasein (…)