Embora Heidegger tenha desenvolvido o conceito de Ereignis entre 1936 e 1938, as sementes dessa ideia foram plantadas em Ser e Tempo e começaram a brotar em seu ensaio de 1930, “Sobre a essência da verdade”. Aqui nos é dito que a liberdade constitui a essência da verdade ou da revelação. A liberdade não é um poder humano arbitrário.
O homem não “possui” a liberdade como uma propriedade [Eigenschaft]. Na melhor das hipóteses, o inverso se sustenta: a liberdade, ek-sistente, Da-sein (…)
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Zimmerman / Michael Zimmerman
Michael E. Zimmerman (1946), filósofo americano, professor na Universidade de Colorado em Boulder.
ZIMMERMAN, Michael. Eclipse of the Self. The Development of Heidegger’s Concept of Authenticity. Athens: Ohio University Press, 1982
ZIMMERMAN, Michael. Heidegger’s Confrontation With Modernity : Technology, Politics, and Art. Bloomington: Indiana University Press, 1990
ZIMMERMAN, Michael. "Heidegger Buddhism and deep ecology", in Guignon, Charles (org.) (1998), The Cambridge Companion to Heidegger. Cambridge University Press, Cambridge.
Matérias
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Zimmerman (1982:231-233) – Ser e Dasein
30 de setembro, por Cardoso de Castro -
Zimmerman (1982:141-144) – agora e instante
14 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Foi sem dúvida, S. Kierkegaard quem viu com a maior profundidade o fenômeno existenciário do instante, o que não significa que ele tenha logrado uma correspondente interpretação existencial. Ele permanece preso ao conceito vulgar de tempo que determina o instante com o auxilio do agora e da eternidade. Quando K. fala de “temporalidade”, ele quer referir-se ao “ser e estar-no-tempo” do homem. O tempo como intratemporalidade conhece apenas o agora e nunca o instante experimentado (…) -
Zimmerman (1982:133-135) – a temporalidade autêntica é um acontecimento ontológico
14 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Autenticidade significa um Ser-no-mundo, autopossuído, temporal-histórico, que se preocupa consigo mesmo. Na resolução antecipatória, o indivíduo revela a sua finitude e apropria-se das suas próprias possibilidades. Estas possibilidades estão ligadas à herança em que se deve enraizar. A herança, paradoxalmente, não está atrás de nós; está diante de nós como o nosso futuro. Existir autenticamente para o futuro significa liberar a herança para uma mudança proporcional às exigências (…) -
Zimmerman (1990) – Confrontação com a Modernidade (Introdução)
20 de novembro, por Cardoso de CastroResumo desta excelente análise da questão da técnica em Heidegger, contextualizada na sua constituição de questionamento relevante a nossa época. Para Heidegger a técnica moderna tem três significados inter-relacionados: primeiro, as técnicas, dispositivos, sistemas, e processos de produção usualmente associados com o industrialismo; segundo, a visão de mundo racionalista, científica, mercantilista, utilitária, antropocêntrica, usualmente associada com a Modernidade; terceiro, o modo de (…)
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Zimmerman (1990) – Movimentos modeladores das épocas
20 de novembro, por Cardoso de CastroΟ entendimento de Heidegger, de que a moderna tecnologia é um meio de revelação das coisas, pode ser clarificado quando inserido no contexto da história da filosofia alemã. Do mesmo modo que Kant, Heidegger acreditava que a tarefa do filósofo era a de descobrir as condições transcendentais que tornaram viável o conhecimento e a acção humanos. Estas condições não são «coisas» em si próprias, mas antes tornam possível a nossa «experiência» objectiva das coisas. Na sua análise à tecnologia (…)
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Zimmerman (1990:150-153) – Ontologia instrumentalista
20 de novembro, por Cardoso de CastroA orientação instrumentalista de Ser e Tempo pode ser facilmente observada na seguinte afirmação: “A prontidão à mão é a maneira pela qual as entidades, como são ’em si mesmas’, são definidas ontologicamente e categorialmente.” [SZ: 71/100] Já observamos alguns problemas inerentes a essa afirmação de que as ferramentas são realmente instrumentos para uso humano. Expandindo essa atitude instrumentalista, Heidegger observou, aparentemente com aprovação, que para o camponês e o trabalhador na (…)
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Zimmerman (1990:137-141) – Equipamento, Trabalho, Mundo e Ser
20 de novembro, por Cardoso de CastroHeidegger se preocupou por toda a vida com a natureza do trabalho e da produção. Ele manifestou essa preocupação no que talvez seja a parte mais famosa de Ser e Tempo: a análise da oficina. Sabendo o que sabemos sobre a afiliação de Heidegger ao nacional-socialismo e sua crítica ao industrialismo antes de 1936, talvez não nos surpreendamos com seu foco, em meados da década de 1920, na natureza do artesanato. Além de sugerir sua insatisfação com os modos de produção industrial, a análise de (…)
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Zimmerman (2001:33-34) – Heidegger e Jünger
18 de novembro, por Cardoso de CastroO mais importante desses modernistas reacionários foi Ernst Jünger. A descoberta dos seus escritos foi o terceiro factor que moldou a mudança da minha abordagem histórica e contextual ao conceito de tecnologia moderna de Heidegger. Enguanto Herf aborda brevemente quanto Heidegger é tributário de Jünger e de outros modernistas reacionários, eu analiso em pormenor essa tributação, enquanto ela se me afigura como crucial, tanto no concernente à compreensão da evolução da perspectiva de (…)
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Zimmerman (1990:60-62) – A era do trabalhador
18 de novembro, por Cardoso de CastroEmbora, às vezes, Jünger falasse como se a era do trabalhador fosse totalmente dedicada aos meios, em outras ocasiões ele reconhecia que essa era contém seu próprio objetivo: a dominação mundial pela raça mestra dos trabalhadores. No entanto, para atingir esse objetivo, foi necessário um período de instabilidade e niilismo:
Nosso mundo técnico não é uma área de possibilidades ilimitadas; ao contrário, ele possui um caráter embrionário que leva a uma maturidade predeterminada. Assim, nosso (…) -
Zimmerman (1990:241-244) – Heidegger e a Ecologia Profunda (Deep Ecology)
20 de novembro, por Cardoso de CastroA crítica de Heidegger à tendência da tecnologia moderna de tratar a Terra como uma máquina ou como matéria-prima para exploração levou algumas pessoas a interpretar seu pensamento como sendo coerente com o ambientalismo contemporâneo. Nesta seção, quero examinar brevemente até que ponto o pensamento de Heidegger pode ser “aplicado” ao movimento ambiental chamado “ecologia profunda”.
As consequências de tratar a Terra como uma máquina, ou como uma mercadoria infinitamente explorável, (…) -
Zimmerman (1982:200-202) – niilismo
30 de setembro, por Cardoso de CastroEmbora geralmente insista que a humanidade foi destinada a se tornar o Sujeito auto-assertivo, Heidegger ocasionalmente fala como se a vontade humana tivesse desempenhado um papel na criação da era atual. No entanto, critica o humanismo que acredita que a razão capacita o homem a determinar seu próprio destino e permite que tome o lugar de Deus, não apenas como objeto de adoração (Feuerbach), mas também como fonte de valor (Marx, Nietzsche). Do ponto de vista do homem ocidental, a luta para (…)
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Zimmerman (1982:233-236) – Logos
30 de setembro, por Cardoso de CastroHeidegger interpreta Logos como sendo tanto o Ser quanto a verdade. Como Ser, Logos se refere à presença ou à auto-manifestação dos entes. Como verdade, o Logos se refere à atividade de coleta que clareia o lugar necessário para essa presença. O Logos, então, desempenha o papel dos êxtases temporais descritos em Ser e Tempo. Naquele livro, entretanto, a temporalidade foi atribuída apenas à existência humana. Por isso, Heidegger concluiu que os entes só poderiam estar presentes ou se (…)
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Zimmerman (1982:238-240) – jogo cósmico
30 de setembro, por Cardoso de CastroMais uma vez, Heidegger recorre a Heráclito para dizer que o jogo cósmico (logos, Ereignis) inclui o tempo-mundo que torna possível a temporalidade humana. Ele explica:
Heráclito nomeia aquilo que se dirige a ele como logos, como a mesmidade do Ser e do fundamento: aeon. A palavra é difícil de traduzir. Diz-se: tempo-mundo. É o mundo que mundifica e temporaliza. Pois, como cosmos, ele traz a estruturação do Ser a um brilho clarificador. De acordo com o que é dito nas palavras logos, (…) -
Zimmerman (1990:57-59) – O conceito de Jünger da Gestalt do Trabalhador
18 de novembro, por Cardoso de CastroEm O Trabalhador [Der Arbeiter], Jünger definiu esse novo tipo de humanidade, que foi compelida pela Gestalt do trabalhador a produzir dispositivos tecnológicos cada vez mais poderosos a serviço da dominação planetária. O que Jünger quis dizer com Gestalt não está totalmente claro. Em termos psicológicos, significa uma forma ou um formato que é mais do que a soma dos elementos perceptivos organizados por essa forma. Jünger muitas vezes permite que a palavra seja definida negativamente, por (…)
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Zimmerman (1982:203-204) – o jogo cósmico de revelação/velação
30 de setembro, por Cardoso de CastroPelo fato de o jogo cósmico de revelação/velação ter se tornado cada vez mais oculto para a humanidade, houve diferenças importantes nos mundos antigo, medieval e moderno. Heidegger está dizendo em sua linguagem ontológica o que outras pessoas vêm dizendo há muito tempo: o homem moderno tornou-se arrogante e egocêntrico; portanto, se esqueceu de que tem certas obrigações para com o universo que lhe deu origem. Para Platão, “Ser” significava presença permanente: ideia, eidos, o reino imutável (…)
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Zimmerman (1982:244-246) – liberação
30 de setembro, por Cardoso de CastroO tratamento mais extenso de Heidegger sobre a liberação diz respeito à liberação do indivíduo da vontade própria e do pensamento objetivante. Essa discussão é encontrada em seu ensaio “Towards the Elucidation of Releasement: From a Dialogue on a Country Path about Thinking” (1944-1945) [GA77]. Esse diálogo entre um cientista, um acadêmico e um professor (que parece representar Heidegger) argumenta que o “pensamento” genuíno começa somente quando o indivíduo é liberado da intencionalidade (…)
Notas
- Zimmerman (1982:102) – selbst
- Zimmerman (1982:102-103) – eu e temporalidade
- Zimmerman (1982:104) – o "eu" inautêntico
- Zimmerman (1982:202-203) – errância [Irre]
- Zimmerman (1982:229-230) – Eigentlichkeit
- Zimmerman (1982:236) – Ereignis
- Zimmerman (1982:236-237) – Mundo enquanto espelhamento mútuo
- Zimmerman (1982:237-238) – a rosa é sem porquê
- Zimmerman (1982:241) – Ereignis
- Zimmerman (1982:241-242) – Dizer [Sage]
- Zimmerman (1982:75-76) – Entschlossenheit
- Zimmerman (1982:80) – Entschlossenheit - Schuld - Sein zum Tode
- Zimmerman (1982:xix) – Autenticidade e Inautenticidade
- Zimmerman (1982:xix-xx) – virada [Kehre]
- Zimmerman (1982:xxii-xxiii) – A inautenticidade
- Zimmerman (1982:xxiii) – Autenticidade como resolução antecipatória
- Zimmerman (1982:xxiii-xxiv) – Autenticidade e Temporalidade
- Zimmerman (1982:xxiv) – Momento-de-visão (Augenblick)
- Zimmerman (1982:xxv) – A inautenticidade como destino
- Zimmerman (1982:xxvi) – Autenticidade e Ereignis