Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Zimmerman (1982:xxvi) – Autenticidade e Ereignis

sexta-feira 22 de julho de 2016

O conceito maduro de autenticidade deve ser considerado à luz da ideia de Ereignis. Esta ideia, que em certos aspectos é sinônima de "ser", tem pelo menos três sentidos. Primeiro, significa o mesmo que o Logos de Heráclito  : o interjogo dinâmico do ocultar e aparecer, ausência e presença, que constitui o cosmos. Segundo, Ereignis refere-se ao fato que a humanidade está destinada a compreender este jogo dinâmico e os entes que tomam parte nele. A humanidade é apropriada (ver-eignet) pela Ereignis logo Ereignis pode manifestar-se a si mesmo. Terceiro, Ereignis refere-se à autenticidade (Eigentlichkeit) daqueles pensadores e poetas apropriados pela Ereignis para relembrar seus companheiros de suas obrigações cósmicas: deixar o cosmos mostra-se a si mesmo. Embora Heidegger conclua que a autenticidade não pode ser querida mas deve ser doada, gratificada, seria um equívoco dizer que firmeza e coragem não desempenham um papel nesta concepção madura da autenticidade. Com efeito, em suas discussões do herói que luta bravamente para mater a si mesmo aberto para a sua fadada revelação, Heidegger algumas vezes reverte para seu vocabulário voluntarístico prévio. Em geral, entretanto, o voluntarismo de suas visões prévias da autenticidade modificaram-se para a vontade de renunciar o querer. É importante ver que os principais resíduos do voluntarismo pertencem a discussões de heroísmo históricos no serviço da "história do ser". A ideia que o homem ocidental desempenha um papel crucial na história do ser implica que Heidegger sempre afetou-se pelo clamor de Hegel   que o homem tem uma relação "especial" com o universo. Tal clamor é antropocêntrico e subjetivístico. Assim não surpreende os sobretons de voluntarismo e humanismo encontrado nas análises de Heidegger do pensador e do poeta.

(Michael E. Zimmerman  , Eclipse of the Self. Athens: Ohio University Press, 1982, p. xxvi)


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