Resumo desta excelente análise da questão da técnica em Heidegger, contextualizada na sua constituição de questionamento relevante a nossa época.
- Para Heidegger a técnica moderna tem três significados inter-relacionados:
- primeiro, as técnicas, dispositivos, sistemas, e processos de produção usualmente associados com o industrialismo;
- segundo, a visão de mundo racionalista, científica, mercantilista, utilitária, antropocêntrica, usualmente associada com a Modernidade;
- terceiro, o modo de compreensão contemporâneo ou o modo de descobrir coisas que torna possível tanto os processos de produção industrial quanto a visão de mundo modernista. Heidegger sustenta que este último significado da “técnica moderna” é o mais importante de todos.
- Tanto o industrialismo quanto a modernidade são sintomas do des-encobrimento de coisas como matéria-prima a ser usada na expansão do escopo do poder tecnológico para si próprio.
- Este des-encobrimento unidimensional das coisas como matéria-prima, segundo Heidegger, não é o resultado de uma decisão humana, mas de desenvolvimentos dentro da “história do ser” ela mesma.
- O estágio técnico nesta história assim transformou como as coisas são compreendidas, o que faz com que as pessoas sejam compelidas a tomar parte na ordem que se assenta e adotar a visão de mundo modernista a ela relacionada.
- Como Kant , Heidegger acreditava que a tarefa do filósofo era desvendar as condições transcendentais que possibilitam o conhecimento e a ação humanos. Estas condições não são em si coisas, mas tornam possível nossa experiência objetiva de coisas.
- Em sua análise da técnica moderna, Heidegger tentou descobrir as condições necessárias para a possibilidade de nossa experiência uni-dimensional de entidades como matéria-prima.
- Como Hegel , Heidegger sustentou que as atividades humanas são em grande parte não auto-referenciadas e auto-originadas, mas ao contrário guiadas e configuradas por um “jogo” histórico de linguagem e conceitos que não está sob o controle humano.
- Este jogo conceitual-linguístico determina as categorias que configuram as possibilidades da ação, do conhecimento e da crença humanas em determinada época histórica.
- Enquanto Heidegger rejeita a visão de Hegel que a história é um movimento progressivo em direção da divina consciência de si, ambos tentaram desvendar a natureza dos “movimentos” conceituais e ontológicos que marcaram as diferentes épocas históricas dentro das quais a humanidade ocidental foi “projetada”.
- Heidegger acreditava que estes movimentos marcados por épocas não eram em si visões de mundo (Weltanschauungen), mas sim as condições ontológicas necessárias para a emergência de uma visão de mundo particular.
- Para Heidegger, então, a visão de mundo chamada “Modernidade” nunca foi um termo final na explicação da situação contemporânea, mas ao invés um sintoma de um movimento mais profundo que se oculta.
- Sustenta que o movimento destas épocas históricas começou com a metafísica de Platão e culminou na era técnica.
- Os principais períodos da história Ocidental — Grego, Romano , Medieval, Iluminista, Técnico — marcam, para Heidegger, os estágios de um longo declínio na compreensão da humanidade Ocidental daquilo que significa para alguma coisa, “ser”.
- Na era técnica, em particular, para alguma coisa “ser” significa para ela ser matéria-prima para o auto-aperfeiçoamento do sistema técnico.
- Os principais períodos da história Ocidental — Grego, Romano , Medieval, Iluminista, Técnico — marcam, para Heidegger, os estágios de um longo declínio na compreensão da humanidade Ocidental daquilo que significa para alguma coisa, “ser”.
- Interpretação da técnica moderna distinta da antropológica, que guarda uma perspectiva evolucionista da técnica.
- Para Heidegger a técnica industrial não é fruto de evolução, mas de um modo de compreensão unidimensional do que "são" as coisas; cada época determina a manifestação das coisas; algo "ser" significa "ser des-encoberto" ou "ser manifesto".