Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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SZ:270-271 – Gewissen - consciência

quarta-feira 13 de dezembro de 2017

Schuback

Através da abertura, o ente que chamamos presença está na possibilidade de ser o seu pre. Com o seu mundo, ele é, numa primeira aproximação e na maior parte das vezes, uma presença para si mesmo, e isso de tal modo que, a partir do “mundo” das ocupações, [348] ele já abriu para si mesmo o poder-ser. O poder-ser em que a presença existe sempre já se entregou a determinadas possibilidades. E isso porque se trata de um ente lançado. Este estar-lançado acha-se aberto pela determinação da afinação do humor, de modo mais ou menos penetrante e claro. O compreender pertence, de forma igualmente originária, à disposição (humor). Por isso a presença “sabe” a quantas ela mesma anda na medida em que se projetou em possibilidades de si mesma ou, afundando-se no impessoal, recebeu da interpretação pública do impessoal as suas possibilidades. Essa recepção, no entanto, só é existencialmente possível porque a presença, enquanto ser-com em compreendendo, pode escutar os outros. Perdendo-se no teor público do impessoal e na sua falação, a presença, ao escutar o impessoalmente si mesmo, não dá ouvidos ao próprio de si mesma. Para a presença retirar-se da perdição em que não dá ouvidos — retirar-se por ela mesma — ela deve primeiro poder encontrar a si enquanto o que não deu ouvidos a si mesma, por ter dado ouvidos ao impessoal. Esse último dar ouvidos deve ser rompido, ou seja, a própria presença deve dar a si a possibilidade de uma escuta que o interrompa. A possibilidade dessa interrupção reside em ser interpelada sem mediação. Esse apelo rompe o dar ouvidos ao impessoal em que a presença não dá ouvidos quando, de acordo com seu próprio caráter, desperta uma escuta que, em tudo, se contrapõe à escuta perdida. Se este se caracteriza pelo “ruído” da ambiguidade múltipla e variada da falação cotidianamente “nova”, o apelo deve apelar sem ruído, sem ambiguidade, sem apoiar-se na curiosidade. O que assim apelando se dá a compreender é a consciência. (p. 348-349)

Castilho

Pela abertura, o ente que denominamos Dasein tem a possibilidade de ser o seu “aí”. Com seu mundo, ele é para si mesmo “aí” e o é sem dúvida, de pronto e no mais das vezes, por ter aberto o poder-ser a partir do “mundo” de que se ocupa. O poder-ser como o que o Dasein existe já se entregou cada vez a determinadas possibilidades. E isto porque é um ente dejectado e sua dejecção se abre com maior ou menor clareza e penetração pelo estado-de-ânimo. Ao encontrar-se (estado de ânimo) pertence, com igual originariedade, o entender, pelo qual o Dasein “sabe” [1] o que ocorre com ele mesmo, na medida em que se projetou em possibilidades de si mesmo, ou, então, estando absorvido em a-gente, deixou que elas se afirmassem por seu público ser-interpretado. Mas essa afirmação é existenciariamente possibilitada porque o Dasein, como ser-com entendedor, pode ouvir [2] os outros. Perdendo-se na publicidade de a-gente e em seu falatório, o Dasein, ao ouvir a-gente ela mesma, deixa de ouvir o seu próprio si-mesmo. Se o Dasein deve poder ser resgatado dessa perda no deixar-de-ouvir — e resgatado sem dúvida por si mesmo — então ele deve primeiramente poder encontrar o si mesmo que ele deixou de ouvir ouvindo a-gente. Esse ouvir a-gente deve se romper, isto é, o Dasein deve se dar ele mesmo a possibilidade de um ouvir que o interrompa. A possibilidade de tal ruptura reside no ser-intimado sem mediação. O apelo rompe o ouvir de a-gente, no qual o Dasein não se ouve, quando, em correspondência com o seu caráter de apelo, ele desperta um ouvir em tudo caracterizado como oposto em relação ao ouvir perdido. Se este é abafado pelo “barulho” da multiplice ambiguidade do falatório cotidianamente “novo”, o apelo deve apelar sem barulho, sem ambiguidade e sem dar sustentação à curiosidade. Aquilo que, apelando dessa forma, dá a entender é a consciência. (p. 743, 745)

Rivera

En virtud de la aperturidad, el ente que llamamos Dasein tiene la posibilidad de ser su Ahí. Con su mundo, él está presente para sí mismo y lo está inmediata y regularmente en la forma de haber abierto su poder-ser a partir del “mundo” del que se ocupa. El poder-ser que es el existir del Dasein, ya se ha entregado siempre a determinadas posibilidades. Y esto porque el Dasein es un ente arrojado, y su condición de arrojado se abre, con mayor o menor claridad y profundidad, por medio del temple anímico. Ala disposición afectiva (estado de ánimo) le pertenece cooriginariamente el comprender. Por medio del comprender el Dasein “sabe” [3] lo que pasa con él mismo, y lo sabe en la medida en que se ha proyectado hacia posibilidades de sí mismo, o bien —sumiéndose en el uno— se las ha dejado presentar por el estado interpretativo 271 público. Ahora bien, lo que hace existencialmente posible esta presentación es que el Dasein, en cuanto coestar comprensor, puede escucha [4] a los otros. Perdido en lo público del uno y en su habladuría, el Dasein, al escuchar al uno-mismo, desoye su propio sí-mismo. Si el Dasein ha de poder ser rescatado de esta pérdida del desoírse a sí mismo, y si lo ha de poder por sí mismo, entonces primero deberá poder encontrarse: encontrar al sí mismo que ha sido desoído precisamente en la escucha del uno. Esta escucha del uno ha de ser [290] quebrantada, esto es, ha de recibir del Dasein mismo la posibilidad de un escuchar que la interrumpa. Para que este quebrantamiento sea posible se requiere una interpelación de carácter inmediato. Esta llamada quebrantará la escucha del uno en la que el Dasein se desoye a sí mismo si logra despertar, en virtud de su propio llamar, una escucha de características enteramente contrarias a las del escuchar perdido en el uno. Si éste se aturde en el “bullicio” y la equivocidad de la siempre “nueva” habladuría cotidiana, la llamada ha de llamar silenciosa e inequívocamente, sin dar lugar a la curiosidad. Aquello que da a entender llamando de esta manera es la conciencia. (p. 290)

Vezin

De par l’ouvertude, l’étant que nous appelons Dasein est dans la possibilité d’être son là. Avec son monde il est là pour lui-même [326] et cela d’abord et le plus souvent de telle sorte qu’il s’est découvert son pouvoir-être à partir du « monde » en préoccupation. Le pouvoir-être en tant que quoi le Dasein existe s’en est chaque fois déjà remis à certaines possibilités. Et cela, parce qu’il est un étant jeté, son être-jeté étant plus ou moins clairement et profondément découvert grâce à l’être disposé. A la disposibilité (disposition d’humeur) appartient cooriginalement l’entendre. Par là, le Dasein « sait » [5] où il en est avec lui-même dans la mesure où il s’est projeté sur des possibilités de lui-même, à moins que, s’inféodant au on, il ne s’en soit déjà laissé donner par l’état d’explicitation publique de celui-ci.

Mais s’il se les est déjà laissé donner ainsi, cela se peut existentia-lement en ce que le D a s e i n comme être-avec ententif peut écoutera [SZ  :271] autrui. Se perdant dans la publicité du on et du on-dit, il fait, à force d’écouter le nous-on, la sourde oreille au soi-même propre. Si le Dasein doit pouvoir être ramené, tiré de cette perte où il ne s’écoute plus lui-même - et s’il doit l’être par lui-même - encore lui faut-il d’abord pouvoir se trouver, lui-même qui s’est fait et se fait la sourde oreille en n’ayant d’oreille que pour le on. Cet être toute oreille doit être brisé, c’est-à-dire que doit lui être donné par le Dasein lui-même la possibilité d’écouter qui l’interrompra. La possibilité d’une telle rupture se trouve dans l’interpellation immédiate. L’appel brise ce n’avoir d’oreille que pour le on par lequel le Dasein ne s’écoute même plus si, conformément à son caractère d’appel, il suscite une écoute ayant pour caractère de s’opposer du tout au tout à l’écoute où le Dasein s’est perdu. Celle-ci étant étourdie par le « tapage » que fait l’équivoque multiforme du « nouveau » on-dit quotidien, l’appel doit retentir sans tapage, sans équivoque, sans donner d’aliment à la curiosité. Ce qui, en appelant, donne ainsi à entendre est la conscience morale. (p. 325-326]

Macquarrie & Robinson

Through disclosedness, that entity which we call “Dasein” is in the possibility of being its “there”. With its world, it is there for itself, and indeed — proximally and for the most part — in such a way that it has disclosed to itself its potentiality-for-Being in terms of the ‘world’ of its concern. Dasein exists as a potentiality-for-Being which has, in each case, already abandoned itself to definite possibilities. [6] And it has abandoned itself to these possibilities because it is an entity which has been thrown, and an entity whose thrownness gets disclosed more or less plainly and impressively by its having a mood. To any state-of-mind or mood, understanding belongs equiprimordially. In this way Dasein ‘knows’ what it is itself capable of [woran es mit ihm selbst ist], inasmuch as it has either projected itself upon possibilities of its own or has been so absorbed in the “they” that it has let such possibilities be presented to it by the way in which the “they” has publicly interpreted things. The presenting of these possibilities, however, is made possible existentially through the fact that Dasein, as a Being-with which understands, can listen to Others. [SZ  :271] Losing itself in the publicness and the idle talk of the “they”, it fails to hear [überhört] its own Self in listening to the they-self. If Dasein is to be able to get brought back from this lostness of failing to hear itself, and if this is to be done through itself, then it must first be able to find itself — to find [316] itself as something which has failed to hear itself, and which fails to hear in that it listens away to the “they”. [7] This listening-away must get broken off; in other words, the possibility of another kind of hearing which will interrupt it, must be given by Dasein itself. [8] The possibility of its thus getting broken off lies in its being appealed to without mediation. Dasein fails to hear itself, and listens away to the “they”; and this listening-away gets broken by the call if that call, in accordance with its character as such, arouses another kind of hearing, which, in relationship to the hearing that is lost, [9] has a character in every way opposite. If in this lost hearing, one has been fascinated with the ‘hubbub’ of the manifold ambiguity which idle talk possesses in its everyday ‘newness’, then the call must do its calling without any hubbub and unambiguously, leaving no foothold for curiosity. That which, by calling in this manner, gives us to understand, is the conscience. (p. 315-316)

Original

Durch die Erschlossenheit ist das Seiende, das wir Dasein nennen, in der Möglichkeit, sein Da zu sein. Mit seiner Welt ist es für es selbst da und zwar zunächst und zumeist so, daß es sich das Seinkönnen aus der besorgten »Welt« her erschlossen hat. Das Seinkönnen, als welches das Dasein existiert, hat sich je schon bestimmten Möglichkeiten überlassen. Und das, weil es geworfenes Seiendes ist, welche Geworfenheit durch das Gestimmtsein mehr oder minder deutlich und eindringlich erschlossen wird. Zur Befindlichkeit (Stimmung) gehört gleichursprünglich das Verstehen. Dadurch »weiß« das Dasein, woran es mit ihm selbst ist, sofern es sich auf Möglichkeiten seiner selbst entworfen hat, bzw. sich solche, aufgehend im Man, durch dessen öffentliche Ausgelegtheit vorgeben ließ. Diese Vorgabe aber ermöglicht sich existenzial dadurch, daß das Dasein als verstehendes [271] Mitsein auf Andere hören kann. Sich verlierend in die Öffentlichkeit des Man und sein Gerede überhört es im Hören auf das Man-selbst das eigene Selbst. Wenn das Dasein aus dieser Verlorenheit des Sichüberhörens soll zurückgebracht werden können -und zwar durch es selbst — dann muß es sich erst finden können, sich selbst, das sich überhört hat und überhört im Hinhören auf das Man. Dieses Hinhören muß gebrochen, das heißt es muß ihm vom Dasein selbst die Möglichkeit eines Hörens gegeben werden, das jenes unterbricht. Die Möglichkeit eines solchen Bruchs liegt im unvermittelten Angerufenwerden. Der Ruf bricht das sich überhörende Hinhören des Daseins auf das Man, wenn er, seinem Rufcharakter entsprechend, ein Hören weckt, das in allem gegenteilig charakterisiert ist im Verhältnis zum verlorenen Hören. Wenn dieses benommen ist vom »Lärm« der mannigfaltigen Zweideutigkeit des alltäglich »neuen« Geredes, muß der Ruf lärmlos, unzweideutig, ohne Anhalt für die Neugier rufen. Was dergestalt rufend zu verstehen gibt, ist das Gewissen. (p. 270-271)


Ver online : ÊTRE ET TEMPS (Martineau) - § 55


[1(a) Ele imagina saber algo a respeito.

[2(b) De onde provêm esse ouvir e poder-ouvir ? O ouvir sensível pelo ouvido é um modo dejectado de ter-conhecimento.

[3Cree saberlo.

[4¿De dónde viene este oír y poder-oír? El oír sensible por el oído, como una manera arrojada de re-cibir [Hin-nehmen].

[5Il s’imagine en savoir quelque chose.

[6‘Das Seinkönnen, als welches das Dasein existiert, hat sich je schon bestimmten Möglichkeiten überlassen.’

[7‘. . . sich selbst, das sich überhört hat und überhört im Hinhören auf das Man.’ In this passage, Heidegger has been exploiting three variations on the verb ‘hören’: ‘hören auf…’ (our ‘listen to . . .’), ‘überhören’ (‘fail to hear’), and ‘hinhören’ (‘listen away’). The verb ‘überhören’ has two quite distinct uses. It may mean the ‘hearing’ which a teacher does when he ‘hears’ a pupil recite his lesson; but it may also mean to ‘fail to hear’, even to ‘ignore’ what one hears. This is the meaning which Heidegger seems to have uppermost in mind; but perhaps he is also suggesting that when one is lost in the “they”, one ‘hears’ one’s own Self only in the manner of a perfunctory teacher who ‘hears’ a recitation without ‘really listening to it’. In ordinary German the verb ‘hinhören’ means hardly more than to ‘listen’; but Heidegger is emphasizing the prefix ‘hin-’, which suggests that one is listening to something other than oneself — listening away, in this case listening to the “they”. On other verbs of hearing and listening, see Section 34 above, especially H. 163 ff.

[8‘Dieses Hinhören muss gebrochen, das heisst es muss vom Dasein selbst die Möglichkeit eines Hörens gegeben werden, das jenes unterbricht.’

[9‘. . . zum verlorenen Hören …’ One might suspect that the ‘lost hearing’ is the hearing which one ‘loses’ by ‘failing to hear’; but Heidegger may mean rather the kind of hearing one does when one is lost in the “they” — ‘Überhören’ of one’s own Self and ‘Hinhören’ to the ‘they’.