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Rachel Bespaloff (2009) – des-encobrimento [Erschlossenheit]
terça-feira 5 de novembro de 2024
Você pode, e sem dúvida deve, tentar traduzir Heidegger, mas não se iluda: ele é intraduzível. E esse é certamente o único motivo de sua desventura. Veja, por exemplo, a palavra Erschlossenheit: desvelamento, revelação? Não é isso. Erschlossenheit des Seins [SZ :§28] significa que o Ser já foi descoberto, que ele é acessível, visível, iluminado (gelichtet), que ele se dá a nós antes de qualquer ato conceitual, que em graus variados e em proporções variadas, temos inteligência dele. Sein kann daher unbegriffen sein, aber es ist nie völlig unverstanden [1]. A palavra Erschlossenheit sugere, por si só, que a verdade nada mais é do que a luz na qual o Ser é banhado. É na não dissimulação do Ser (die Unverborgenheit des Seins [SZ :219]) que reside a verdade primordial, a possibilidade de a Existência humana estar na verdade: Dasein ist “in der Wahrheit” [SZ :221].
[BESPALOFF, Rachel. Sur Heidegger. Paris: Éditions de la revue Conférence, 2009]
Ver online : ERSCHLOSSENHEIT
[1] « Portanto, o ser pode não ser concebido, mas nunca é completamente mal compreendido. » (SZ:183)