O próprio Heidegger havia afirmado que a virada em seu pensamento não representa “uma mudança de ponto de vista em relação a Ser e Tempo” (GA9, 325/BW, 208), mas, ao contrário, representa o aprofundamento meditativo e a apropriação do que foi primeiramente empreendido em Ser e Tempo . Ao tentar designar o que se apropria dos seres humanos para si mesmos, ou seja, a apropriação primordial que entrega o ser humano a si mesmo, o ser-sempre-meu de fato prenuncia o . Como escreve Didier Frank: “O (…)
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Raffoul / François Raffoul
FRANÇOIS RAFFOUL (1960)
Obra na Internet: Internet Archive; Library Genesis
- RAFFOUL, François. Heidegger and the subject. Atlantic Highlands, N.J: Humanities Press, 1998
- The Origins of Responsibility. Bloomington: Indiana University Press, 2010
- Thinking the Event. Bloomington: Indiana University Press, 2020
- & NELSON, Eric S.. The Bloomsbury Companion to Heidegger. London: Bloomsbury Academic, 2013
- & PETTIGREW, David (tr.). Françoise Dastur , Heidegger and the Question of Time. New York: Humanity Books, 1999.
Matérias
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Raffoul (1998:256-257) – ser-sempre-meu [Jemeinigkeit]
29 de outubro, por Cardoso de Castro -
Raffoul (2020:310-311) – responsabilidade com o acontecimento
28 de outubro, por Cardoso de CastroCom relação a essa responsabilidade ética para com o acontecimento e sua inadequação, menciono brevemente aqui a compreensão de Heidegger sobre a ética como uma ética do acontecimento e do segredo. Heidegger fala, de fato, de uma “reivindicação do acontecimento” sobre o ser humano, abrindo para uma responsabilidade que não deve ser tomada em um sentido moral “mas, sim, com relação ao acontecimento e como relacionada à resposta” (Die “Verantwortung” ist hier nicht “moralisch” gemeint, sondern (…)
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Raffoul (2010:233-234) – sentido do ser e verdade do seer
1º de agosto de 2019, por Cardoso de CastroComo Heidegger explica a mudança de “sentido do ser” para “verdade do seer” em seu pensamento? Em termos de uma virada na questão do ser, uma virada que teria de se separar de um certo subjetivismo e antropocentrismo que ainda ameaçam afetar as análises de Ser e Tempo. Como ele diz: “Em Ser e Tempo, Da-sein ainda se encontra à sombra do ’antropológico’, do ’subjetivista’ e do ’individualista’, etc.” (GA65EM, 208). A posição inicial da questão do ser em Ser e Tempo em termos de “sentido do (…)
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Raffoul (2020:291-294) – A expropriação [Enteignis] pertence à Apropriação [Ereignis]
28 de outubro, por Cardoso de CastroIrredutível, o segredo não pode ser conhecido ou tematizado. No entanto, conforme observado anteriormente, Derrida fala significativamente de sua performatividade, ou seja, de sua eventualidade. O segredo acontece. E o acontecimento, por sua vez, sempre abriga um segredo, acontecendo em um movimento expropriativo. Em Filosofia em Tempos de Terror, buscando precisamente radicalizar essa inapropriabilidade do acontecimento, Derrida explica que o pensamento heideggeriano do ser como (…)
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Raffoul (2010:244-246) – Dasein significa ser uma responsabilidade
28 de outubro, por Cardoso de CastroPode-se chegar até o ponto de dizer que o próprio conceito de Dasein significa ser uma responsabilidade. No curso do semestre de verão de 1930, A Essência da Liberdade Humana [GA31], lemos que a auto-responsabilidade (Selbstverantwortlichkeit) representa a própria essência da pessoa: “A auto-responsabilidade é o tipo fundamental de se determinar distintamente a ação humana, isto é, a prática ética. "(GA31, 263; EHF, 183). Como enfatizamos, o Dasein é aquele sendo para o qual e em que sendo (…)
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Raffoul (2010:4-7) – Responsabilidade
20 de junho de 2023, por Cardoso de CastroIronicamente, essa “ideologia de responsabilidade” predominante é muitas vezes acompanhada por uma negligência singular da reflexão genuína sobre os sentidos da responsabilidade, sobre o que significa ser responsável. A responsabilidade é simplesmente assumida como significando a responsabilização [accountability] do agente livre.
Nietzsche’s critique of morality opens the way for a new engagement with the concept of responsibility, henceforth freed from its association with a metaphysics (…) -
Raffoul (2010:8-10) – quatro temas na interpretação tradicional de responsabilidade
20 de junho de 2023, por Cardoso de CastroQuatro temas governam a interpretação tradicional da responsabilidade, o que chamaríamos de quatro "conceitos fundamentais" do discurso tradicional da responsabilidade:
1. The belief that the human being is an agent or a subject, i.e., the reliance on subjectivity (with subjectum in its logical or grammatical sense of foundation) as ground of imputation. A critique of such a subject, whether Nietzschean in inspiration, phenomenological or deconstructive, will radically transform our (…) -
Raffoul (2010:247-249) – Dasein como chamado e resposta ao ser
28 de outubro, por Cardoso de CastroDo “interrogado” na questão do ser em Ser e Tempo, o Dasein passa a ser cada vez mais descrito nas obras posteriores de Heidegger como o “chamado” que, como tal, tem de responder pela própria abertura e dação do ser. A resposta ao chamado passa a ser repensada como pertencimento ao chamado e, por fim, como correspondência ao ser. Na palestra “O que é Filosofia?” [GA11], por exemplo, Heidegger se refere a (“responder”) e (“corresponder”), de modo a indicar que a resposta ao chamado (…)
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Raffoul (2020:186-187) – O ser “não é”, mas acontece
28 de outubro, por Cardoso de CastroComo visto nos capítulos anteriores, a fenomenologia deve ser considerada como uma fenomenologia do acontecimento e, como observado, de acordo com Heidegger, o fenômeno original da fenomenologia é o próprio ser. Essa premissa dupla leva ao engajamento na tarefa de compreender o próprio ser como acontecimento. Isso se tornou possível nos primeiros trabalhos de Heidegger por meio da desconstrução da ontologia inadequada de Vorhandenheit e da substancialidade e da revelação do movimento e da (…)
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Raffoul (1998:145-149) – transcendência
11 de fevereiro, por Cardoso de Castrodestaque
Heidegger começa com uma investigação sobre o significado do conceito de transcendência, examinando o sentido verbal do termo; transcender significa: ultrapassar (übersteigen), passar por cima (überschreiten) ou atravessar para (hinüberschreiten zu). Podem distinguir-se três sentidos: a passagem para além, ou transcendência (die Tranzendenz); aquilo em direção ao qual a passagem tem lugar, ou o transcendente (das Tranzendente); e o transcendente no sentido daquilo que faz a (…) -
Raffoul (2020:1-4) – pensar o acontecimento
12 de março, por Cardoso de CastroEnvolver-se no projeto de “pensar o acontecimento” consiste em empreender uma investigação filosófica sobre o que constitui um acontecimento enquanto acontecimento, a sua própria atualidade: não o que acontece, não por que isso acontece, mas que isso acontece e o que significa “acontecer”. Não o acontecimento, o que aconteceu, mas o acontecer, o simples acontecimento do que acontece. Contudo, no início de tal trabalho, somos imediatamente confrontados com o seguinte obstáculo: o (…)
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Raffoul (2020:73-75) – acontecimento e fenomenologia
29 de outubro, por Cardoso de CastroO desmantelamento — a desconstrução — do aparato conceitual metafísico da causalidade, da subjetividade e da razão, conforme estruturou a redução e a neutralização tradicionais do acontecimento, abre caminho para uma investigação fenomenológica sobre a eventualidade do acontecimento. Uma vez que o acontecimento não é mais referido às exigências do princípio da razão, não está mais ancorado em uma causa-sujeito e não está mais ordenado de acordo com uma ordem causal, torna-se possível (…)
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Raffoul (2020:151-153) – o “quem” e o “o quê”
28 de outubro, por Cardoso de CastroEm Ser e Tempo, o rompimento decisivo com a ontologia inadequada da substancialidade e a abertura para um pensamento do acontecimento ocorreram na distinção entre as categorias de existência, ou existenciais, e as categorias relativas à “presença-à-mão” (Vorhandenheit). Não se pode aplicar ao ser em suas categorias de acontecimento que só dizem respeito à determinação do “quê” das entidades. Para Heidegger, o ser deve ser abordado em seu “como”, ou seja, em seu modo de acontecer, e não como (…)
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Raffoul (2020:117-118) – coisas como acontecimentos
29 de outubro, por Cardoso de CastroA fenomenologia deve, portanto, ser considerada como uma fenomenologia do acontecimento. O próprio termo fenômeno refere-se imediatamente ao acontecimento de uma auto-revelação. É por isso que, como observado, os fenômenos não são meramente o dado ôntico ou empírico, o que Kant chamou de intuição empírica. Uma vez que os fenômenos são remetidos de volta ao acontecimento de sua dação, eles se tornam afetados por essa presença e se veem participando da mobilidade e do acontecimento adequados (…)
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Raffoul (1998:140-141) – consciência e Dasein
29 de outubro, por Cardoso de CastroA consciência só é possível com base no aí, como um modo derivado dele. A partir daqui, deve-se entender o passo histórico que é dado em Ser e Tempo, que parte do em oposição à consciência. (GA15, 205/H 126)
O Dasein em seu próprio ser (transcendência) já está fora, entre outros entes, e isto implica sempre com seu próprio si [immer bei ihm selbst]. (GA24, 427/301; grifo nosso)
Em 1946, ao reconsiderar a “base” de seu “desenvolvimento filosófico”, Heidegger designa a ruptura com base na (…)
Notas
- Raffoul & Nelson (2013:3) – Seinsverständnis
- Raffoul (1998:255-256) – o “reino do próprio” [Eigentum]
- Raffoul (1998:257-258) – Ereignis
- Raffoul (1998:5-6) – Subjektivismus
- Raffoul (1998:67) – Ser como substância
- Raffoul (2010:11-12) – responsabilidade para com o futuro
- Raffoul (2010:16-17) – peso da responsabilidade
- Raffoul (2010:21) – múmias conceituais
- Raffoul (2010:224-225) – Dasein é um ser ético
- Raffoul (2010:228-230) – ética não pode ser medida em termos de resultado
- Raffoul (2010:242) – responsabilização (accountability)
- Raffoul (2010:243) – Dasein e responsabilidade
- Raffoul (2010:243-244) – responder
- Raffoul (2010:244) – Dasein, guardião do ser
- Raffoul (2010:246-247) – ser-responsável
- Raffoul (2020:23) – identidade pensamento e ser
- Raffoul (2020:233-234) – A surpresa constitui o acontecimento
- Raffoul (2020:45) – acontecimento livre das categorias de causalidade, razão e subjetividade
- Raffoul (2020:49-50) – causa e efeito
- Raffoul (2020:54-55) – crença no sujeito