Mas por que a técnica ameaça a Terra? Como ela pode abalar o “solo” de nossa morada — em alemão, o Bodenständigkeit, a capacidade de se apoiar no solo e de se manter sobre ele? Como é que a técnica pode produzir uma crise universal de morada? “A ausência de morada (ou falta de morada: Heimatlosigkeit) torna-se um destino mundial.” [GA9:336] Esse tipo de desenraizamento é mais profundo do que qualquer fenômeno puramente sociológico ou político. Quando o mundo é reduzido a uma rede de conexões (…)
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Haar / Michel Haar
MICHAEL HAAR (1937-2003)
OBRA NA INTERNET: LIBRARY GENESIS
- Le chant de la terre. Paris: L’Herne, 1985
- Heidegger et l’essence de l’homme. Grenoble: Jérôme Millon, 1990
- Heidegger and the Essence of Man. Translated by William McNeill . New York: SUNY, 1993.
- La philosophie française entre phénoménologie et métaphysique. Paris: PUF, 1999
Matérias
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Haar (1985:5-6) – Terra
4 de novembro, por Cardoso de Castro -
Haar (1990:143-148) – rememoração (Andenken)
5 de dezembro de 2023, por Cardoso de CastroAlves
O salto, porque volta ao mesmo lugar, porque só deixa o ponto de partida para melhor se reapropriar dele, é ao mesmo tempo rememoração (Andenken). «O salto só se mantém salto se rememorar» (als andenkender). O segundo acto que define a essência do pensamento é a memória (Gedächtnis), a rememoração da História do Ser, o ser como história. Porque deve o «passo atrás», o movimento que volta da metafísica à sua essência impensada, a diferença ontológica , também revestir a (…) -
Haar (1999) – Langeweile (tédio)
24 de novembro de 2023, por Cardoso de CastroEnquanto a angústia deixa o ser sem voz, corta a fala ("perante a angústia, toda a enunciação do ’é’ se cala"), o tédio é marcado pelo silêncio desse "nevoeiro", que é a metáfora da indiferenciação que invade e afoga todas as coisas.
tradução parcial
Há a mesma atmosfera de Unheimlichkeit, a mesma dissolução de identidades preliminarmente reconhecidas, as mesmas proporções monstruosas de universalidade. Mais importante ainda, a angústia e o tédio têm o mesmo poder de atingir a (…) -
Haar (1990:154-157) – pensar e questionar
30 de maio de 2017, por Cardoso de CastroAlves
Irrupção no ser, vigilância que rememora, dizer simples — estaremos a esquecer com esta tripla definição que o exercício do pensamento, para quem quer que tenha lido um pouco de Heidegger, manifesta-se antes de mais como um inlaçável questionamento? Da primeira frase de SZ: «A questão do ser caiu hoje em dia no esquecimento»… até à célebre última palavra do ensaio sobre «a questão da Técnica»: «O questionamento é a devoção do pensamento», parece que Denken e Fragen experimentam-se e (…) -
Haar (1990:139-143) – o salto (Sprung)
30 de maio de 2017, por Cardoso de CastroAlves
O que é o «salto»? Por que é preciso um salto? O salto é verdadeiramente um acto, uma atitude «voluntária» do pensamento? Nós arriscamo-nos aqui a ser logrados pelo preconceito da subjectividade, a saber: a ideia de que o pensamento deve [134] colocar o seu objecto e que deve apoderar-se dele por meio de categorias… imaginamos que não há outra alternativa; ou o pensamento é um trabalho conceptual, uma operação de fundação e de delimitação objectivante, ou então é um reflexo, uma (…) -
Haar (1990:9-13) – Homem e Dasein
5 de dezembro de 2023, por Cardoso de CastroAlves
O homem esteve durante muito tempo certo da sua essência: ele era um ser vivo dotado do logos, o animal racional. Pelo preço de um estranho desdobramento, mas tornado «evidente» pela força da banalização, a sua pertença à natureza estava incluída na sua definição. A tradição filosófica esforçou-se por resolver o melhor possível os conflitos entre o corpo e a alma, a sensibilidade e a razão, sem repor em questão a coabitação num só ser substancial destes princípios opostos. Assim, a (…) -
Haar (1999:) – Stimmung
8 de junho de 2023, por Cardoso de CastroA tonalidade de cada momento, essa ressonância que nunca é duas vezes a mesma, a que Heidegger chama Stimmung, nem revela — preciso mesmo repetir — um "estado de espírito" puramente interior, nem uma questão de facto, mas antes um modo como o mundo se dá a si próprio.
tradução parcial
A existência nunca é neutra. Nenhum momento é insignificante ou desprovido de tonalidade. Cada um deles pode brilhar com uma luz singular, vibrar intensamente e, de repente, parecer desvendar a (…) -
Haar (2000:87-92) – A relação mundo-terra em Heidegger
5 de dezembro de 2023, por Cardoso de CastroO conflito entre a terra e o mundo é impossível de ser apaziguado. O mundo exige a clarificação das formas, espirituais e materiais: ele quer que tudo seja signo e significante. A terra exige o obscurecimento das formas, o nascimento dos símbolos. É o combate do dia e da noite.
Sem a obra, este combate, sempre mais “velho” do que ela, permanecería latente. O que ela deixa adivinhar sob suas figuras audíveis ou visíveis, sob o percurso de uma melodia, sob o arabesco de um desenho, sob tal (…) -
Haar (1999:67-71) – a obsessão do outro em Lévinas
3 de março, por Cardoso de Castrodestaque
Não parece que o Outro, segundo Levinas, possa ter um significado único e unívoco. Será o Outro apenas uma questão de conceptualidade? Poder-se-á dizer que ele "é", uma vez que se situa "aquém ou além do ser"? O Outro designa simultaneamente: — uma universalidade abstrata, o Outro, concebido como "o absolutamente Outro"; — dimensões pré-reflexivas ou não representáveis da subjetividade: a passividade, o infinito; — o "Estrangeiro" que é por vezes o primeiro a chegar, um estranho, (…) -
Haar (1985:45-50) – Primado da utilidade sobre o "ente-subsistente-natureza"
5 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Contrariamente a todas as filosofias da natureza e da vida, nomeadamente as de Bergson e Dilthey, a fenomenologia do Dasein rejeita a evidência de um parentesco primordial ou de uma fusão do homem com a "substância viva". A partir de que princípio? A natureza e a vida só são acessíveis num mundo, o do Dasein. A vida é um tipo particular de ser", reconhece Sein und Zeit, "mas que é essencialmente acessível apenas no Dasein". O que é este "ser particular" da vida, nós não sabemos; e (…) -
Haar (1990:148-154) – Pensamento e palavra
5 de dezembro de 2023, por Cardoso de CastroAlves
A inserção na língua é o terceiro acto do pensamento, não ao lado do «salto» e da Andenken, mas ao mesmo tempo. «É apenas enquanto o homem fala, que pensa e não o inverso» . O pensamento não é um desenvolvimento interior mudo de palavras. Ele é sempre palavra pensante, pensamento falante. Ele deve encontrar para si uma língua, procurar as palavras para si. Também aqui há uma ambiguidade, entre a parte que cabe ao homem e a que cabe ao ser, assim o pensamento vê-se de súbito inscrito (…)
Notas
- Auxenfants (ET:284-285) – Gewissen e Bewußtsein
- Auxenfants (ETJA:§1N13) – comportamento (Verhalten)
- Haar (1985:182-183) – ética em Heidegger
- Haar (1985:2-3) – Being and Ereignis
- Haar (1985:25-26) – A Terra é mais antiga que Adão
- Haar (1985:4-5) – terra fundamento em lugar de indivíduos?
- Haar (1990:136-138) – pensamento como escuta
- Haar (1990:20-22) – finitude do Dasein
- Haar (1990:22-24) – do Dasein ao pastor do ser
- Haar (1990:95-96) – o homem não tem seus poderes dele mesmo
- Haar (1990:96) – o elementar do homem
- Haar (1990:97-98) – metafísica é antropocêntrica e antropomórfica
- Haar (1993:36) – compreensão e sensibilidade
- Sallis (1993:xii-xiii) – Terra
- Sallis (1993:xiii) – "Canção da Terra" de Michel Haar