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Heidegger et l’essence de l’homme

Haar (1990:148-154) – Pensamento e palavra

terça-feira 5 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro

Alves

A inserção na língua é o terceiro acto do pensamento, não ao lado do «salto» e da Andenken, mas ao mesmo tempo. «É apenas enquanto o homem fala, que pensa e não o inverso» . O pensamento não é um desenvolvimento interior mudo de palavras. Ele é sempre palavra pensante, pensamento falante. Ele deve encontrar para si uma língua, procurar as palavras para si. Também aqui há uma ambiguidade, entre a parte que cabe ao homem e a que cabe ao ser, assim o pensamento vê-se de súbito inscrito numa língua particular onde traça o seu caminho. Que autonomia lhe cabe já que é «a Língua que fala e não o homem. O homem só fala no que corresponde (entspricht) historialmente à língua» ? O homem que pensa não manipula as palavras como instrumentos de uma mensagem a comunicar, mas «habita» sempre já a língua: «casa do ser e abrigo da essência do homem». Todavia, Heidegger mantém que o pensamento «age»: «o pensamento está atento à clareira do ser quando insere o seu dizer na linguagem… Por isso o pensamento é um fazer (Tun). O pensamento age enquanto «leva o ser à fala». Que significa esta expressão célebre: zur Sprache bringen, que em definitivo é equivalente ao próprio pensar? «Levar à palavra significa assim: elevar pela primeira vez até à palavra o que permanecia não formulado, que nunca foi dito, e fazer aparecer por um dizer que o mostra o que até aí se mantinha em retiro». Este texto, relativamente tardio (1958), retoma aparentemente o activismo da Introdução à metafísica (1935): «O criador (der Schaffende) avança no não-dito, irrompe no não-pensado, obtém pela força o que não advém e faz aparecer o nunca visto…» Ora este acto de zur Sprache bringen é completamente diferente dum activismo, que implicava no texto de 1935 uma conquista do descobrimento, duma luta contra o retiro, dum arrancamento à latência, pois que, desde a Origem da obra de arte, todo o schaffen é interpretado como um chöpfen, um tirar da reserva do ser. Por certo a elevação do não dito ao dito é obra específica do pensador. Mas ela só pode cumprir-se sob a «prescrição» do ser, quer dizer, sob a condição duma impulsão do ser para o seu vir à luz. O pensador ou o poeta ajuda com a sua palavra o ser a aparecer, mas ele não o faz aparecer, não recorre à força. Tudo depende duma escuta, duma espera (mas que não é espera de algo determinado por antecipação). Esta escuta atenta donde sai a palavra exige silêncio, uma retenção (Verhaltenheit), um pudor (Scheu), tonalidades sem as quais não há probidade do dizer, mas também há que haver um «trabalho» minucioso, quase artesanal sobre a língua: uma «economia de palavras, um «cuidado concedido à letra como tal». O ser não se inscreve a si mesmo na letra. A palavra da verdade é deixada ao homem. Só o pensamento-palavra, se está «atento à conveniência do dizer do ser», atinge suficientemente a simplicidade, a «pobreza», quer dizer, renuncia aos efeitos da manipulação da linguagem, para de alguma maneira se apagar, se tornar não aparente, a fim de se tornar a «língua do ser». A conveniência (Schicklichleit) significa a articulação conveniente, apropriada, do que é destinado (geschickt), enviado, dispensado. «A conveniência do dizer do ser como disposição para a verdade é a lei primeira do pensamento, e não as regras da lógica»… O pensamento opera fazendo-se mais simples, mais redundante, mais translúcido: «O pensamento reúne a língua em vista dum dizer simples. A língua é então a língua do ser, como as nuvens são as nuvens do céu».

Heidegger deu numerosas amostras deste dizer simples ou desta língua do ser. Esta língua tentará recorrer não tanto a novas palavras, mas a uma nova sintaxe como já SZ   o previa: «Não são apenas as palavras que faltam frequentemente para esta tarefa, mas é sobretudo a “sintaxe”». Pois que o pensamento é muitas vezes obrigado a servir-se das palavras da metafísica, mesmo que estejam quase mortas (corpus da tradição, palavras geladas…), como de «apoios e de muletas». Com efeito não há tanto novas palavras, mesmo e sobretudo no «último Heidegger», mas palavras escutadas de outro modo: assim Ereignis, Gestell, Geviert, Sage, Brauch, e tantas outras essenciais, são palavras de uso corrente na língua vulgar. Esta atenção às palavras tem por objectivo acordar também nos conceitos clássicos um sentido arcaico, pré-lógico, e desviá-las assim do seu uso metafísico indiscutido, tornado selbsverständlich e falsamente transparente. Assim Satz não é entendida apenas como a proposição, mas também como o salto (para o «princípio», para o ser), Notwendigkeit, necessidade, torna-se a «Viragem (die Wende) da angústia (der Not)». Bedingung, «condição», é o que procura, assegura, uma coisa (Ding). Este movimento conduz-nos do lógico puro à sua concreção perdida, num percurso quase husserliano. Do mesmo modo Möglichkeit, possibilidade, é religada ao verbo mögen, amar, desejar. Erörterung, discussão, reconduzida à raiz Ort, torna-se «retorno ao lugar», «situação». Weiser, o «sábio», é o que mostra (weisen) um caminho. Erramos se medirmos estes jogos de linguagem pela norma de uma exactidão etimológica e filológica. Trata-se de encontrar as possibilidades escondidas na linguagem, de «permanecer abertos à força e ao alcance do seu dizer». O uso repetido, mecânico, sedimentado das palavras, sem retorno à experiência da coisa que elas mostram, enfraquece, extenua, banaliza ao máximo as palavras originais, que perderam precisamente a sua capacidade «apofântica», o seu poder de mostração.

A perca das «próprias coisas» vem da perca das próprias palavras. «Não há coisa aí onde falta a palavra». Mas a palavra pode faltar mesmo estando presente, pode faltar-lhe simplesmente força apofântica. Daí este retorno constante a um sentido mais simples, mais «material», que implica uma desconstrução do sentido lógico tradicional: deste modo, o logos é reconduzido ao sentido «sensível» de colocar (legen) e de colher, recolher (lesen)·, aletheia, à não latência, não-velamento; Physis, à eclosão, à luz do dia (em que o coração permanece obscuro e se reserva). Um novo e mais simples entendimento dos conceitos da racionalidade clássica ressai por vezes da sua simples transposição ou reescritura, onde ressoa de novo o seu sentido «sensível»: deste modo Differenz torna-se Unterschied, Aus-trag, o que reconduz ao sentido activo de separar, cindir (scheiden) e de trazer (tragen) dois elementos um ao outro. Tal como a simples fracção das palavras Gegenstand, Ab-grund faz aparecer as raízes stehen ou Grund, vulgarmente não apercebidas. Quando Wahrheit é escrito Wahr-heit, significa o acto primitivo de reunir e de guardar, wahren, no sentido de guardar (huten) um rebanho que se encontra restituído. A escrita de Bestimmung faz ressair a tonalidade, Stimmung, na abstracção da palavra que significa «definição» ou «destinação». A escrita de An-fang leva a entender de novo o acto de captar, de agarrar (fangen) inicialmente, a em-presa, sob a abstracção da palavra que significa «começo». Bewegung escreve-se Be-wegung, mostrando, sob a banalização abstracta do movimento, o traçar dum caminho (Weg  ), pelo preço duma aparência muito arbitrária de etimologia. Assim o reentendimento de conceitos metafísicos, escritos de outro modo, dá-lhes uma dimensão carnal e de alguma maneira «performativa». A língua alemã sob este ponto de vista possui recursos que o francês não tem!

Tratando-se de uma nova sintaxe, a acusação de «gíria» não faz qualquer sentido, já agora podíamos também acusar Platão   de ter inventado o substantivo ousia, uma vez que a língua grega só conhecia anteriormente o participio presente do verbo einai: ousa. Ou dizer que Aristóteles   forjou a palavra inexistente energeia, ou que Hegel   teve que escolher entre as diversas acepções da palavra Aufhebung! E se «falar em gíria» quer dizer repetir com insistência os mesmos conceitos, releiamos a Crítica da Razão Prática, onde a «autonomia» e a «heteronomia» repassam incessantemente como o verso e o reverso duma medalha. Placidez filistina! Resistência sempiterna do senso comum contra a filosofia! E preciso reconhecer que existe com efeito uma gíria heideggeriana  , mas que é a das más traduções! Delas são responsáveis não Sartre   ou Corbin, mas, ai de nós, o próprio Beaufret  , que pôs em circulação numerosas interpretações errôneas (por exemplo, a tradução de Unverborgenheit como Aberto sem retiro, enquanto que o des-velamento comporta sempre o retiro) e certos ultra-beaufretianos, que levaram por vezes o preciosismo arcaizante ou a falsa simplicidade até ao ridículo (lembremos apenas, pobres de nós, centenas de «casos» como «tinhar» e «ingurgitar» para palavras tão simples como reichen e stimmen), e cometeram frequentemente por coquetismo inumeráveis contra-sensos e caíram em falsos sentidos. A gíria deles se ficou a dever, com toda a certeza, a rejeição de Heidegger por uma boa parte da filosofia universitária francesa, numa reacção justa e sã. Há pouco interesse filosófico em especular sobre as razões do isolacionismo do clã pós-beaufretiano. Pelo contrário, muitas traduções deviam ser refeitas a começar evidentemente pela confusa e barroca versão «bilíngue» do Ser e do Tempo. Para voltar à sintaxe heideggeriana  , é completamente contrário à verdade afirmar como alguns que os únicos desvios de Heidegger em relação à discursividade metafísica são a utilização da «tautologia» (por exemplo «o tempo temporalizado») e da «analogia» (por exemplo o ser como «clareira»). Antes de mais, condenamos a priori estas figuras de estilo em nome de velhos preconceitos em simultâneo metafísicos e lógico-gramaticais. Por um lado, segundo o cremos em boa lógica, o círculo é vicioso. Ora não ignoramos a estrutura circular, antecipativa de toda a compreensão. Por outro lado, confundem-se analogia e imagem na ideia de uma transposição proporcional do inteligível no sensível. O ser não tem, antes de mais, um sentido «abstracto» que se concretiza de seguida, pois que a palavra «é» tem um sentido indeterminado — que não pode ser reconduzido a um conceito. A analogia só existe no pensamento metafísico duma hierarquização de graus do ente. Ora todo o ente é directamente presença do ser. Só é possível de resto «julgar» a tautologia e a analogia heideggerianas em função do que elas desconstroem: quanto à primeira, a autoridade, a primazia do sujeito sobre o verbo, quanto à segunda, a própria diferença metafísica. Mas há outras formas de sintaxe para além destas duas: assim temos o chiasma (por exemplo «a essência da verdade e a verdade da essência) — mas seria preciso analisar a mudança de sentido de Wesen e de Wahreit nas duas expressões, mesmo se for decisivo ter mostrado com toda a precisão textual, como o faz J-F. Mattéi  , a recorrência sistemática desta estrutura; a parataxe alargada (não se trata aqui da justaposição das palavras numa frase, mas da justaposição de frases em certos textos, que permite quebrar sobretudo os laços de subordinação, a estrutura dedutiva); a acentuação diversa das palavras numa proposição (por exemplo na análise do Nichts ist ohne Grund, que tanto pode ser sobre Nichts, como sobre ist, como sobre ohne Grund que contém o sentido da frase). Bastaria notar que uma expressão como die Sprache spricht não é, de modo algum, de facto uma tautologia, mas uma tentativa de reforçar a parte do «verbo», do fenômeno e diminuir a do sujeito, a da substância. Nietzsche   tinha já notado a falsa substancialização, puramente gramatical, do sujeito, que se produz quando a linguagem nos força a dizer «o raio luz»: isolamos falsamente o raio que nada distingue realmente do fenômeno de «luzir». Quando afirmamos, como o fazem Renaut e Ferry, que «um discurso só pode ser racional, quer dizer, sintático», chamamos «racional» a pura e simples convenção gramatical, que aceitamos de olhos fechados em toda a sua opacidade. Posição pouco crítica para críticos!

Original

Troisième «acte» de la pensée, non pas à côté du «saut» et de l’Andenken, mais en même temps : son insertion dans la langue. «C’est seulement en tant que l’homme parle, qu’il pense, et non l’inverse». La pensée n’est pas un déroulement intérieur et muet d’idées. Elle est toujours parole pensante, pensée parlante. Elle doit se trouver une langue, se chercher des mots. Ici encore il y a une ambiguïté, entre la part qui revient à l’homme et celle qui revient à l’être. Car la pensée est d’emblée inscrite dans une langue particulière où elle trace son chemin. Quelle autonomie peut donc lui revenir puisque : «La langue parle et non l’homme. L’homme ne parle qu’en ce qu’il correspond (entspricht) historialement à la langue» ? L’homme qui pense ne manie pas les mots comme des instruments à fin d’un message à communiquer, mais «habite» toujours déjà la langue, «maison de l’être et abri de l’essence de l’homme». Pourtant, Heidegger maintient que la pensée «agit» : «la pensée est attentive à l’éclaircie de l’être lorsqu’elle insère son dire dans la langue… C’est ainsi que la pensée est un faire (Tun)». La pensée agit en tant qu’elle «porte l’être à la parole». Que signifie cette célèbre expression : zur Sprache bringen, qui en définitive La pauvreté de l’ Homo hum anus ou l’homme sans facultés est l’équivalent même de penser ? «Porter à la parole signifie ainsi : élever pour la première fois jusqu’à la parole ce qui restait informulé, qui jamais ne fut dit, et faire apparaître par un dire qui le montre ce qui jusque là demeurait en retrait». Ce texte, relativement tardif (1958), reprendrait apparemment l’activisme de L’Introduction à la métaphysique (1935) : «Le créateur (der Schaffende) s’avance dans le non-dit, fait irruption dans le non-pensé, obtient par force ce qui n’est pas advenu et fait apparaître le jamais vu…». Or l’acte de zur Sprache bringen est tout le contraire d’un activisme, qui impliquait dans le texte de 1935 une conquête du découvre-ment, d’une lutte contre le retrait, d’un arrachement à la latence, car depuis L’Origine de l’oeuvre d’art (1936), tout schaffen est interprété comme un schopfen, un puiser à la réserve de l’être. Certes l’élévation du non-dit au dire est l’ouvre propre du penseur. Mais elle ne peut s’accomplir que sous la «dictée» de l’être, c’est-à-dire sous la condition d’une poussée de l’être même vers sa venue au jour. Le penseur ou le poète aide par sa parole l’être à paraître, mais il ne le fait pas paraître, surtout pas de force. Tout dépend d’une écoute, d’une attente (mais qui n’est pas attente de quelque chose de déterminé à l’avance). Cette écoute attentive d’où sort la parole exige le silence, une retenue (Verhaltenheit), une pudeur (Scheu), tonalités sans lesquelles il n’y a pas de pro bité du dire, mais aussi un «travail» minutieux, quasi artisanal sur la langue : une «économie des mots», un «soin donné à la lettre comme telle». L’être ne s’inscrit pas de lui-même dans la lettre. Le mot à mot de la vérité est laissé à l’homme. Seule la pensée-parole, si elle est «attentive à la convenance du dire de l’être», atteint suffisamment de simplicité, de «pauvreté», c’est-à-dire de renoncement aux effets de manipulation du langage, pour en quelque sorte s’effacer, se faire inapparente, afin de devenir la «langue de l’être». La convenance (Schicklichleit) signifie l’articulation convenable, appropriée, de ce qui est destiné (geschickt), envoyé, dispensé. «La convenance du dire de l’être comme disposition de la vérité est la loi première de la pensée, et non les règles de la logique»… La pensée opère en se faisant plus simple, plus répondante, plus translucide : «La pensée rassemble la langue en vue du dire simple. La langue est alors la langue de l’être, comme les nuages sont les nuages du ciel».

Heidegger a donné des échantillons nombreux de ce dire simple ou de cette langue de l’être. Cette langue tentera de recourir non pas tant à de nouveaux mots qu’à une nouvelle syntaxe Déjà Sein und Zeit   le prévoyait : «Ce ne sont pas seulement les mots qui pour cette tâche font le plus souvent défaut, mais c’est surtout la "syntaxe"». Car la pensée est bien obligée de se servir le plus souvent des mots de la métaphysique, fussent-ils quasiment morts (corpus de la tradition, paroles gelées…), comme de «bâtons et de béquilles». Il n’y a pas tellement en effet de nouveaux mots, même et surtout chez le «dernier Heidegger», plutôt des mots autrement écoutés : ainsi Ereignis, Gestell, Geviert, Sage, Brauch, et bien d’autres mots essentiels, sont des mots tout à fait courants de la langue ordinaire. Cette attention aux mots a pour but de réveiller aussi dans les concepts classiques un sens archaïque, prélogique, et de les détourner ainsi de leur usage métaphysique indiscuté, devenu selbstverständlich et faussement transparent. Ainsi Satz n’est pas entendu seulement comme la proposition, mais aussi comme le saut (vers le «principe», vers l’être), Notwendigkeit, nécessité, devient le «tournant (die Wende) de la détresse (der Not)». Bedingung, «condition», est ce qui procure, assure, une chose (Ding). Ce mouvement nous ramène du logique pur à sa concrétion perdue, en une démarche quasiment husserlienne. De même Möglichkeit, possibilité, est rattachée au verbe mögen, aimer, désirer. Erörterung, discussion, ramené à la racine Ort, devient «retour au lieu», «situation». Le Weiser, le «sage», est celui qui montre (weisen) un chemin. On a tort de mesurer ces jeux de langage à la norme d’une exactitude étymologique et philologique. Il s’agit de retrouver des possibilités cachées dans la langue, de «demeurer ouverts à la force et à la portée de son dire». L’usage répété, mécanique, sédimenté des mots, sans retour à l’expérience de la chose qu’ils montrent, a affaibli, exténué, banalisé à outrance les mots originels, qui ont perdu précisément leur capacité «apophantique», leur pouvoir de monstration.

La perte des «choses mêmes» vient de la perte des mots mêmes. «Pas de chose là où le mot manque»90. Mais le mot peut défaillir tout en étant présent, manquer simplement de force apophantique. D’où ce retour constant à un sens plus simple, plus «matériel», qui implique une déconstruction du sens logique traditionnel : ainsi, logos est reconduit au sens «sensible» de poser (legen) et de cueillir, recueillir (lesen) ; aléthéïa, à non-latence, non-cèlement ; physis, à éclosion au jour (dont le cour reste obscur et se réserve). Une nouvelle et plus simple entente des concepts de la rationalité classique ressort parfois de leur simple transposition ou réécriture, où résonne de nouveau leur sens «sensible» : ainsi Differenz devient Unter-schied, Aus-trag, ce qui ramène au sens actif de séparer, scinder (scheiden) et de porter (tragen) deux éléments l’un hors de l’autre. De même la simple fraction des mots Gegen-stand, Ab-grund, fait apparaître les racines stehen ou Grund, ordinairement inaperçues. Quand Wahrheit est écrit Wahr-heit, c’est l’acte primitif de réunir et de garder, wahren, au sens de garder (hüten) un troupeau qui se trouve restitué. L’écriture Be-stimmung fait ressortir la tonalité, Stimmung, dans l’abstraction du mot qui signifie «définition» ou «destination». L’écriture An-fang fait entendre à nouveau l’acte de capter, de prendre (fangeri) initialement, l’em-prise, sous l’abstraction du mot signifiant «commencement». Bewegung écrit Be-wëgung fait apparaître sous la banalisation abstraite du «mouvement» le tracement d’un chemin (Weg  ), au prix d’une apparence très arbitraire d’étymologie. Ainsi la réentente de concepts métaphysiques autrement écrits leur rend leur dimension charnelle et en quelque sorte «performative». La langue allemande dispose de ce point de vue de ressources que n’a pas le français !

S’agissant de la nouvelle syntaxe, l’accusation de «jargon» n’a aucun sens, car on pourrait aussi bien accuser Platon   d’avoir inventé le substantif ousia alors que la langue grecque ne connaissait auparavant que le participe présent du verbe eïnaï : ousa, dire qu’Aristote   a forgé le mot inexistant energeïa, ou bien que Hegel   aurait dû choisir entre les diverses acceptions du mot Aufhebung ! Et si «jargonner» veut dire répéter avec insistance les mêmes concepts, qu’on relise la Critique de la raison pratique, où l’«autonomie» et l’«hétéronomie» repassent incessamment comme l’avers et le revers d’une médaille. Platitude philistine ! Résistance sempiternelle du sens commun contre la philosophie ! Il faut reconnaître qu’il existe en effet un jargon heideggerien, mais que c’est celui des mauvaises traductions ! En sont responsables non pas Sartre   ou Corbin, mais hélas Beaufret   lui-même, qui a mis en circulation de nombreux contresens (par exemple la traduction de Unverborgenheit par Ouvert sans retrait, alors que le non-cèlement comporte toujours le retrait) et certains ultra beaufrétiens, qui ont poussé parfois la préciosité archaïsante ou la fausse simplicité jusqu’à la cocasserie (rappelons seulement parmi hélas des centaines de «cas» : «porriger», «entonner» pour des mots aussi simples que reichen et stimmen), et ont commis souvent par coquetterie, d’innombrables contre-sens, faux-sens et non-sens. C’est à leur jargon que tient à coup sûr le rejet de Heidegger par une grande partie de la philosophie universitaire française, dont la réaction a été juste et saine. Il y aurait peu d’intérêt philosophique à spéculer sur les raisons de l’isolationnisme du clan post-beaufretien. Par contre, beaucoup de traductions seraient à refaire, à commencer évidemment par la confuse et baroque version «bilingue» de Etre et temps.

Pour revenir à la syntaxe heideggerienne, il est tout à fait contraire à la vérité d’affirmer comme certains que les seuls écarts de Heidegger par rapport à la discursivité métaphysique sont l’usage de la «tautologie» (par exemple «le temps temporalise») et de l’«analogie» (par exemple «l’être comme éclaircie»). D’abord l’on condamne a priori ces figures de style au nom de vieux préjugés à la fois métaphysiques et logico-grammaticaux. D’une part, en bonne logique, croit-on, le cercle est vicieux. Or on ignore la structure circulaire, anticipative, de toute compréhension. D’autre part, on confond analogie et image dans l’idée d’une transposition proportionnelle de l’intelligible dans le sensible. Or l’être n’a pas d’abord un sens «abstrait» qui se concrétise ensuite, car le mot «est» a un sens indéterminé — compris à chaque fois de façon déterminée — qui ne peut se ramener à un concept. L’analogie n’existe que dans la pensée métaphysique d’une hiérarchisation des degrés de l’étant. Or tout étant est directement présence d’être. Il n’est possible par ailleurs de «juger» la tautologie et l’analogie heideggeriennes qu’en fonction de ce qu’elles déconstruisent ; pour la première l’autorité et la primauté du sujet sur le verbe, pour la seconde la différence métaphysique elle-même. Mais il existe d’autres formes de syntaxe que ces deux-là : ainsi le chiasme (par exemple : «l’essence de la vérité est la vérité de l’essence») — mais il faudrait analyser le changement du sens de Wesen et de Wahrheit dans les deux expressions, même s’il est décisif d’avoir montré en toute précision textuelle, comme l’a fait J.-F. Mattéi  , la récurrence systématique de cette structure94 ; la parataxe élargie (il ne s’agit pas ici de la juxtaposition de mots dans une phrase, mais de la juxtaposition de phrases dans certains textes, qui permet de briser surtout les liens de subordination, la structure déductive) ; l’accentuation diverse de mots dans une proposition (par exemple dans l’analyse du Nichts ist ohne Grund, c’est tantôt sur le Nichts, tantôt sur le ist, tantôt sur le ohne Grund que porte le sens de la phrase). Il faudrait remarquer qu’une expression comme die Sprache spricht, n’est nullement en fait une tautologie, mais une tentative pour renforcer la part du «verbe», du phénomène, et diminuer celle du sujet, de la substance. Nietzsche   avait déjà noté la fausse substantialisation, purement grammaticale, du sujet, qui se produit quand le langage nous force à dire «l’éclair luit» : nous isolons faussement l’éclair que rien ne distingue réellement du phénomène «luire». Lorsqu’on affirme, comme Renaut et Ferry, qu’«un discours ne peut être que rationnel, c’est-à-dire syntaxique», on appelle «rationnelle» la pure et simple convention grammaticale, qu’on accepte les yeux fermés dans toute son opacité. Position peu «critique» pour des criticistes !


Ver online : Michel Haar


HAAR, Michel. Heidegger et l’essence de l’homme. Grenoble: Jérôme Millon, 1990, p. 148-154