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Wesen / Gewesenheit / Gewesensein / Anwesen / Wesung / Wesung des Seyns …

Wesen / essence / essência / esencia / despliegue esencial / essential sway / dagewesen / ayant-été-Là / Dinganwesenheit / presencia cósica / thingly presence / Gewesenheit / Gewesensein / Gewesen-sein / Gewesene / être-été / passado-presente/ gewesend / étant-été / verwesen / perish / decay / Verwesung / decomposition / Wesende / essencializador / coming to presence / essencer / Wesensfrage / pergunta pela essência / Wesensschau / intuition de l’essence / intuition of essences / visão de essência / Abwesenheit / Abwesung / absence / ausência / Anwesen / vigor / An-wesen / être-près-de / viger / presencing / Anwesenlassen / letting-presence / Anwesenheit / présence / presença / presence / Anwesende / entrer en présence / entrar en presencia / what presences / Wesung / essential swaying / essenciação / despliegue / Wesung des Seyns / essenciação do seer / essential swaying of be-ing


A Essência = das Wesen: o substantivo alemão, Wesen deriva-se do verbo, wesen, hoje usado apenas em algumas formas, como gewesen (sido), abwesend (ausente), an-wesend (presente) e Wesen (essência, natureza, quididade). Esse substantivo não designa no texto essência, natureza, quididade, mas a estrutura em que vigora, i.é., desenvolve a força de seu vigor, o agir. Para exprimir esse sentido, escreve-se a palavra Essência sempre com maiúscula. [Carneiro Leão  ; GA9  :Carta sobre o humanismo]
wesen, quer na sua forma verbal arcaizante, quer como substantivo, serve de suporte a diferentes matizes de sentido que, embora unidos, excedem as possibilidades de variação em português. Enquanto substantivo, Wesen constitui, na tradição metafísica, a versão germânica do latim essentia, sentido que perdura inevitavelmente no português [XV] “essência". Atribui-se a Cícero [1] a formação do neologismo essentia, como tradução do grego οὐσία, uso que Santo Agostinho   retoma (De Trinitate, V, 8, 9). Mas o sentido defectivo ligado ao caracter de ens (o “estar a ser do ente", ou seja, “do que está sendo”) desaparece no uso filosófico medieval do termo, definido como quidditas, a “quididade” ou o “quê” do ente – em alemão a sua Washeit. Para se libertar expressamente desta interpretação tornada tradicional, Heidegger retoma um sentido verbal primitivo, já caído em desuso, de wesen — sinônimo de sein, “ser”, no sentido de sich aufhalten  , geschehen, e até mesmo verweilen, estar, acontecer, demorar-se, que utiliza quer na sua forma simples, para indicar a acção ou exercício de ser, em que o que está a ser é, quer com o prefixo an- (em anwesen), para dizer a acção ou exercício de chegar à “presença” (lat. prae-) e estar-em-presença de tudo o que, assim, é. Ser, sein, é o que se dá sempre como um sendo: essência em exercício. Este uso verbal é, além disso, substantivado, para acentuar o sentido defectivo da acção — o que não se deixa ler em “essência”, termo filosoficamente investido na acepção metafisica antes referida. A dificuldade de tradução daí resultante foi resolvida, neste caso, de duas maneiras. Alguns tradutores optaram por designar como “essenciar-se” esse exercer-se essencial ou em essência do ser, de modo a sublinhar com o neologismo o vínculo etimológico marcante, que não convém perder. Outros tradutores preferiram, no entanto, naqueles contextos em que o significado verbal é claramente predominante, acentuar o sentido de “estar a ser”. Estas duas versões de wesen em sentido verbal (inclusive quando substantivado) foram ambas aceites como válidas, além de, naturalmente, “essência”, tradução em alguns contextos incontornável. Em qualquer caso, deve tomar-se como regra que o uso heideggeriano do termo, quer como substantivo quer como verbo, reúne sempre em si ambas as acepções: a “essência” é o que [XVI] “está a ser” e “o que está a ser” é o ser na sua “essência”, no seu “essenciar-se”. Também o substantivo Unwesen suscitou problemas de tradução, porquanto — ao contrário do advérbio unwesentlich, vertido como “inessencial" no sentido de “não essencial” — o uso do prefixo un- não indica aí, uma mera negação (a “não essência” ou o “não ser”), como se explicita claramente no texto sobre Hegel  , mas um estado ou acção negadora ou antagonista do estar a ser: um abuso da essência. Daí a decisão de traduzir Unwesen, em geral, por “anti-essência”, com excepção do mencionado trecho, onde se verte como “in-essência”. [GA5BD  :XV-XVI]

[1Cf.J. Ritter (Hg.), Historisches Wörterbuch der Philosophie, vol. 2 (1972), Dannstadt, WBg, col. 753ss. Também K.E. e H. Georges, no seu Ausfuhrliches Lateinisch-Deutsches Handwörterbuch, Hannover, 1913, referem a mesma fonte para essa atribuição: Séneca, Epistolae ad Lucilium, 58, 6.