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McNeill (2006:xv-xvi) – erste Anfang - primeiro início
sexta-feira 21 de abril de 2017
Tradução
O primeiro início, o início grego, é marcado sobretudo pela descoberta e ascendência da theoria, concebida como uma pura contemplação das formas de todos os entes, um modo de Ser em que a contemplação é cada vez mais separada da práxis ética e política. - separada, abstraída e isolada a ponto de não ser mais vista como sendo uma práxis mundana de forma alguma - e as formas são igualmente estudadas em abstração de sua incorporação material e sensual. Em ambos os lados (lados que, na modernidade, acabariam por se tornar "sujeito" e "objeto") o que ocorre é um afastamento e um distanciamento da morada humana de sua exposição à imediatez sensual das coisas. Procedemos como se não fossemos realmente, imediata ou convincentemente, reivindicados e dependentes do sensual. No entanto, essa hipótese fantástica - essa história que contamos a nós mesmos de que não pertencemos realmente ao mundo, de nossa posição acima e além dele em toda a glória de nosso domínio - tem repercussões muito reais. Para Heidegger, o "primeiro início" não ficou para trás em algum passado grego remoto, nem é o tema romantizado de algum anseio nostálgico. É o que continua a ter domínio sobre nós, o que domina nosso futuro e ações em desenvolvimento, na medida em que nosso êthos cultural é dominado por toda a ciência e tecnologia. Suas repercussões afetam não apenas aqueles de nós que se engajam diretamente na produção de ciência e tecnologia, ou aqueles de nós que, direta ou indiretamente, consciente ou inconscientemente, temos afirmado este modo de vida. Afetam o mundo inteiro, todos os entes, que se veem incapazes de resistir à força hegemônica que se impõe em todo o globo, erradicando outras histórias, outras culturas, outras línguas, outras formas de Ser, outro êthê. A obra de Heidegger não é apenas uma meditação sobre o poder desse "primeiro início" da cultura ocidental, uma tentativa de compreendê-lo em todas as suas dimensões; é também, portanto, uma tentativa de se preparar para a possibilidade do que ele chama de "outro início".
Original
The first beginning, the Greek beginning, is marked above all by the discovery and ascendancy of theoria, conceived as a pure contemplation of the forms of all beings, a way of Being in which contemplation is increasingly severed from ethical and [xvi] political praxis — separated out, abstracted and isolated to the point where it is no longer seen as being itself a worldly praxis at all — and the forms are likewise studied in abstraction from their sensuous, material embodiment. On both sides (sides that, in modernity, would eventually become "subject" and "object") what occurs is a removal and distancing of human dwelling from its exposure to the sensuous immediacy of things. We proceed as though we were not really, immediately or compellingly, claimed by and dependent on the sensuous. Yet this fantastical hypothesis — this story we tell ourselves of our not really belonging to the world, of our standing over and beyond it in all the glory of our dominance — has all too real repercussions. For Heidegger, the "first beginning" neither lies behind us in some remote, Greek past, nor is it the romanticized theme of some nostalgic longing. It is what continues to hold sway over us, that which dominates our future and unfolding actions, to the extent that our cultural êthos is pervasively dominated by science and technology. Its repercussions affect not only those of us who engage directly in the production of science and technology, or those of us who, directly or indirectly, consciously or unthinkingly, have affirmed this way of life. They affect the entire world, all beings, which find themselves unable to resist the hegemonic force that imposes itself across the globe, eradicating other histories, other cultures, other languages, other ways of Being, other êthê. Heidegger’s work is not only a meditation on the power of this "first beginning" of Western culture, an attempt to understand it in all its dimensions; it is also thereby an attempt to prepare for the possibility of what he calls "another beginning." (p. xv-xvi)
[MCNEILL , William. The Time of Life. Heidegger and Êthos. New York: State University of New York Press, 2006, p. xv-xvi]
Ver online : THE TIME OF LIFE