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Boutot (1993:32-33) – In-der-Welt-sein - ser-no-mundo
sábado 27 de maio de 2017
O ponto de partida da analítica existenciária é uma estrutura fundamental do ser aí: «o ser-ao-mundo» ou o «ser-no-mundo» (In-der-Welt-sein). O ser-no-mundo designa um fenômeno unitário que comporta uma pluralidade de momentos estruturais indissoluvelmente ligados: o mundo, o ente que está no mundo e o ser em… que Heidegger examina sucessivamente.
Dizer que o ser-aí está «no mundo» não significa que o homem subsista no meio da totalidade dos entes e que o mundo o englobe a título de uma das suas partes. A relação de inclusão de uma coisa numa outra é uma determinação categorial que não pode, como tal, aplicar-se ao ser-aí. O ser-no-mundo é um existenciário [Existenzial], quer dizer uma determinação constitutiva do existir humano, um modo de ser próprio do ser-aí. Isto quer dizer, em particular, que só o ser-aí pode ter alguma coisa de semelhante a um mundo. O ente subsistente intramundano (pedra, animal) não tem um mundo, para falar propriamente. Ele está no mundo sem mundo.
O ser-no-mundo, enquanto existenciário, é uma «relação» originária. O ser-aí não existe primeiramente isolado, ao modo do sujeito cartesiano por exemplo, para entrar em seguida em relação com qualquer coisa como o mundo, mas reporta-se logo à primeira vista ao mundo que é o seu. O fenômeno do ser-no-mundo não é comparável, em particular, ao conhecimento de um objeto por um sujeito. Longe de ser interpretável como uma relação gnoseológica, o ser-no-mundo é bem mais o que precede e torna possível todo o conhecimento, isto é, o assenhoramento temático do ente como tal. Para que o conhecimento, ou seja, uma apreensão teórica ou contemplativa do ente, seja possível, é preciso que a preocupação que diz respeito ao ente seja suspensa. Só esta suspensão da preocupação abre o espaço necessário à tematização do ente como tal.
Na existência quotidiana, o ser-aí não se refere ao mundo de um modo neutro e desinteressado, mas está junto ao mundo (Bei-der-Welt). O ser-junto-ao-mundo é uma modalidade do ser-no-mundo na qual o ser-aí é tomado ou cativado pelo seu mundo (Umwelt). O ser-aí refere-se num primeiro momento ao mundo segundo o modo da preocupação (Besorgen). [IFHBoutot:32-33]
Ver online : Alain Boutot