Página inicial > Palavras-chave > Temas > Intention / intentional / intentionale / Intentionalität / intentio / intentium
Intention / intentional / intentionale / Intentionalität / intentio / intentium
Intentionalität / intencionalidade / intencionalidad / intentionality
O que caracteriza propriamente o movimento inicial da analítica existencial é antes de tudo a redução do ser do homem à pura intencionalidade. Nós somos radicalmente intencionalidade. Não consciências intencionais, não sujeitos intencionais, mas única e exclusivamente intencionais. Dizer isso implica ao mesmo tempo afirmar que o ser do homem é constituído por aquele elemento da intencionalidade que propriamente a caracteriza, que essencialmente a constitui, que revela seu traço estrutural mais determinante. O elemento sem o qual a intencionalidade perde todo e qualquer sentido é justamente a sua dinâmica ekstática originária. Intencionalidade, em seu étimo primordial, significa literalmente “tender para o interior de” (in-tentio). No caso da descrição husserliana da essência da consciência, a consciência é intencional exatamente porque, no momento mais originário em que ela é, ou seja, no momento em que se inicia a sua vida como consciência, ela se vê imediatamente projetada, lançada para fora em direção ao campo de autoconstituição dos objetos. Assim, toda consciência é aqui “consciência de”. Não porque sempre há um objeto que a consciência apreende, mas porque a vida da consciência sempre a coloca intencionalmente em contato com os objetos no campo de realização mesmo das experiências de consciência. Portanto, ao reduzir a consciência intencional husserliana à pura e simples ekstase , o que Heidegger faz é literalmente afirmar que o homem é constituído originariamente por um movimento de ser para fora. [CASANOVA , Marco Antonio. Mundo e historicidade. Leitura fenomenológica de Ser e tempo . Volume um: existência e mundaneidade. Rio de Janeiro: Via Verita, 2017, p. 31-32]
A intencionalidade é um dos avanços fundamentais na fenomenologia de
Edmund Husserl . Husserl tirou de
Franz Brentano o insight de que a característica definidora da consciência é sua intencionalidade. Husserl distingue entre o significado de um ato consciente e o objeto sobre o qual se trata. Heidegger transformou a concepção de Husserl da intencionalidade da consciência em uma concepção hermenêutica da intencionalidade de ser-aí. A essência do ser-aí reside em sua existência ou ser-fora-em-direção, isto é, um comportamento dentro do mundo cujo modo de intentar é tanto uma questão de praticidade quanto de conhecimento teórico. Em Ser e Tempo, Heidegger distingue entre três noções diferentes de intencionalidade e sua relação com o mundo: (1) A intencionalidade e o mundo da intuição teórica; (2) a intencionalidade e o mundo da preocupação prática e circunspecção; e (3) a intencionalidade primordial e a mundanidade da compreensão do ser-aí, em que as duas primeiras estão baseadas. Por ser-aí, mundo sempre “munda” (weltet). O ponto de partida da fenomenologia não é um fato nem um princípio, mas a pura facticidade do "mundar". [
SHALOW , Frank & DENKER, Alfred.
Historical Dictionary of Heidegger’s Philosophy. Lanham: Scarecrow Press, 2010, p. 151]
Matérias
-
Maldiney (Aîtres:14-16) – Chronos refere-se a "empurrar"
21 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro
destaque
Chronos refere-se a "empurrar" — como tempus a tensionar. Mas refere-se a impulso ou tensão dirigida para… atuando sobre algo e capaz de mover numa determinada direção aquilo a que é aplicado ou implicado — cineticamente. Este impulso direcional não é tensio, mas intentio.
original
χρόνος se réfère à « pousser » — comme tempus à tendre. Mais il s’agit de poussée ou de tension orientées vers… agissant sur quelque chose et capable de mouvoir dans un sens déterminé ce à quoi (…)
-
Maldiney (Aîtres:16-18) – a origem do ato está na decisão
21 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro
destaque
Para reconhecer a nova dimensão temporal que a decisão abre no sistema verbal, é preciso consultar não a expressão, mas a língua no discurso que ela pronuncia. Assim como dizer "eu quero que ele vá embora" não é querer, dizer "eu decido ir embora" não decide da partida. Não é mais do que uma declaração de intenção, próxima de uma declaração performativa, que fecha a deliberação sem abrir o ato. O eu que realmente decide atravessa uma fratura temporal que ele próprio fez. Esta (…)
-
Vallin (EI:45-47) – vontade de poder
23 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro
destaque
No quadro da temporalidade objetivante, a intencionalidade fundamental que comanda as relações da subjetividade com o mundo existente e que constitui a unidade desta estrutura temporal em cada uma das suas modalidades parece-nos poder ser caracterizada pela vontade de poder. Comecemos por recordar que um estudo aprofundado das três estruturas temporais nos revelará uma dialética da vontade de poder que define a subjetividade temporalista em geral, mas que transparece em toda a sua (…)
-
Sebbah (2001:24-25) – a intencionalidade
9 de fevereiro, por Cardoso de Castro
destaque
"A intencionalidade como tema capital da fenomenologia" é o título do §84 de Ideen I, do qual nos limitaremos a recordar as seguintes passagens: "A intencionalidade é o que caracteriza a consciência no sentido forte (…)" (p. 168); "Por intencionalidade entendemos a propriedade das vivências de ’estar consciente de algo’" (p. 168). (Citamos aqui a tradução de P. Ricoeur, Gallimard, 1950).
Nas Meditações Cartesianas, Husserl coloca a questão da seguinte forma: "A palavra (…)
-
GA20:36-40 – intencionalidade [Intentionalität]
30 de junho de 2023, por Cardoso de Castro
A intencionalidade não é uma propriedade que se agregaria à percepção [Wahrnehmung] e pertenceria a ela em certos casos. Enquanto percepção, é intrinsecamente intencional, independentemente de a percepção estar realmente disponível ou não. De fato, é realmente apenas porque a percepção como tal é um dirigir-se-a-si-mesma-para-algo [Sich-richten-auf etwas ist], porque a intencionalidade constitui a própria estrutura do próprio comportamento [Verhalten], que pode haver algo como percepção (…)
-
GA24: Estrutura da Obra
3 de fevereiro de 2017, por Cardoso de Castro
Norro
INTRODUCCIÓN
§ 1. Exposición y división general del tema
§ 2. El concepto de la filosofía. Filosofía y concepción del mundo
§ 3. La filosofía como ciencia del ser
§ 4. Las cuatro tesis sobre el ser y los problemas fundamentales de la fenomenología
§ 5. El carácter metódico de la ontología. Los tres componentes fundamentales del método fenomenológico
§ 6. Esbozo del curso
PRIMERA PARTE DISCUSIÓN FENOMENOLÓGICO-CRÍTICA DE ALGUNAS TESIS TRADICIONALES SOBRE EL SER (…)
-
GA20:§11 – las cuatro características de la conciencia pura
30 de janeiro de 2023, por Cardoso de Castro
§11. Crítica inmanente a la investigación fenomenológica: examen crítico de las cuatro características de la conciencia pura
Excertos da tradução em espanhol de Jaime Aspiunza
La conciencia pura
Para nosotros la cuestión es la siguiente: en esta elaboración del campo temático de la fenomenología que es la intencionalidad ¿se plantea la cuestión acerca del ser de esta región, del ser de la conciencia? Dicho de otro modo: cuando se dice que la esfera de la conciencia es una esfera y (…)
-
GA20:53-57 – o como do ser-intencionado
30 de junho de 2023, por Cardoso de Castro
El ser-percibido de la silla no es algo inherente a la silla en cuanto silla; también una piedra, un árbol, una casa o cualquier otra cosa pueden ser percibidos. El ser-percibido [Wahrgenommenheit] y la estructura de ese ser-percibido [Wahrgenommensein] pertenecen, por lo tanto, a la percepción en cuanto tal, es decir, a la intencionalidad. Así pues, podemos ir distinguiendo lo siguiente: lo ente mismo: la cosa del mundo-en-torno, la cosa de la naturaleza, la cosicidad; y lo ente en el modo (…)
-
GA17: Estrutura da obra
29 de janeiro de 2017, por Cardoso de Castro
Tradução do inglês
Introdução à investigação fenomenológica Observação preliminar Parte I Phainomenon e Logos em Aristóteles e A Auto-interpretação de Husserl da Fenomenologia Capítulo I Elucidação da expressão "fenomenologia" retornando até Aristóteles 1 Clarificação de phainomenon com base na análise aristotélica de perceber o mundo pelo modo de ver phinomenon como uma maneira distinta de uma presença do ente: existência durante o dia phainomenon como qualquer coisa que de si mesmo (…)
-
GA24:219-224 – Sujeito-Objeto
27 de maio de 2023, por Cardoso de Castro
a) Primeira visão prévia da constituição da existência do ser-aí – Ponto de partida na relação-sujeito-objeto (res cogitans – res extensa) como perda da constituição existencial do ser ontológico-compreensivo junto ao ente
Casanova
Se tentarmos esclarecer a existência do ser-aí, então precisaremos realizar uma dupla tarefa: não apenas a tarefa segundo a qual distinguimos ontologicamente um ente de um tipo próprio em relação a um outro ente, mas ao mesmo tempo a tarefa de expor o ser do (…)
-
GA24:89-93 – Intencionalidade
7 de março, por Cardoso de Castro
Casanova
[…] A concepção usual da intencionalidade desconhece aquilo para o que se dirige – no caso da percepção – o perceber. Juntamente com isso, ela também desconhece a estrutura do dirigir-se-para, a intentio. A interpretação falsa reside em uma subjetivação às avessas da intencionalidade. Estabelece-se um eu, um sujeito, e deixa-se que vivências intencionais pertençam à sua assim chamada esfera. O eu é aqui algo dotado de uma esfera, na qual são por assim dizer encapsuladas suas (…)
-
Lyotard (1954:14-30) – O transcendental em Husserl
15 de junho de 2023, por Cardoso de Castro
IV — A problemática do sujeito.
A fenomenologia tomava pois o sentido de uma propedêutica às "ciências do espírito". Mas, a partir do segundo tomo das Investigações Lógicas esboça-se um salto que nos vai fazer entrar na filosofia propriamente dita. A "problemática da correlação", isto é, o conjunto dos problemas demonstrados pela relação do pensamento com seu objeto, uma vez aprofundada, deixa emergir a questão que constitui o seu núcleo: a subjetividade. É aqui provavelmente que a (…)
-
GA20: Esquema-Resumo
28 de maio de 2017, por Cardoso de Castro
Ensaio de resumo esquemático com citações, a partir do índice do livro (em construção permanente)
Nossa Tradução INTRODUÇÃO: O TEMA E MÉTODO DO CURSO 1 Natureza e história como domínios de objetos para as ciências 2 Prolegômenos para uma fenomenologia da história e natureza sob a guia da história do conceito de tempo 3 Tópicos do curso PARTE PRELIMINAR: O SENTIDO E TAREFA DA INVESTIGAÇÃO FENOMENOLÓGICA I Emergência e ruptura da investigação fenomenológica 4 A situação da filosofia na (…)
-
Didier Franck (1981:24-28) – analítica intencional e analítica existencial
5 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro
destaque
1. Heidegger destaca muito claramente, no protótipo da percepção de uma coisa transcendente, uma diferença entre dois modos de dação, ou seja, uma diferença fenomenológica. Uma diferença hierárquica, um destes modos implicando necessariamente o outro. Mas, como em Husserl, a questão do sentido da carne não é colocada. (veja comentários)
2. Afirmar que a característica relevante da percepção é a corporização — Heidegger não fala aqui de presença encarnada — vem a alinhar-se com o (…)