Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

Página inicial > Fenomenologia > Trawny (Adyton:43-44) – esfera pública

Trawny (Adyton:43-44) – esfera pública

sábado 27 de maio de 2023

A esfera pública é para Heidegger, em princípio e sempre, um espaço de falsidade e alienação. É surpreendente que o filósofo nunca tenha reconhecido uma necessidade essencial de sua existência, diferentemente de, por exemplo, Rousseau, que, mesmo dando-se conta da primazia do amor próprio na sociedade, nunca o considerou inteiramente negativo. Em Heidegger, a esfera pública aparece como distorção e desfiguração da linguagem, na sua ligação a uma verdade que lhe é acessível. A esfera pública é o falso onde nada de verdadeiro pode se dar. Isso é claramente indicado num texto que traz o título “esfera pública”, do ano de 1954: “tudo é capa. Tudo é mentira/se tu és incapaz/se eles são mais capazes/faz-se somente mais nome/puxando os traços/de aparente permanência/para a azáfama enganadora” [GA81  :202]. A esfera pública é caracterizada por uma tendência implícita de se fazer nomeada e nominável. Heidegger encontra aqui o aspecto da esfera pública de tornar-se o local de uma luta pela proeminência, dos shows de TV nela baseados, como Andy Warhol predisse em 1968: “No futuro, todo mundo ficará famoso por 15 minutos”. [TRAWNY  , Peter. Adyton. A filosofia esotérica de Heidegger. Tr. Marcia Sá Cavalcante   Schuback. Rio de Janeiro: Mauad X, 2013, p. 43-44]


Ver online : Peter Trawny