Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Safranski: filosofia dos acontecimentos

terça-feira 30 de maio de 2017

Já mencionei a grande preleção sobre Metafísica do semestre de inverno 1929/30, que Heidegger anuncia sob o título Os Conceitos Fundamentais da Metafísica. Mundo - Finitude - Solidão. Aqui tenta-se um novo estilo. No capítulo anterior eu a chamei filosofia dos acontecimentos. Nessa preleção Heidegger comenta que a filosofia tem de provocar um acontecimento fundamental no Vocabulário Heidegger humano (GA29-30  ,12). Que acontecimento fundamental? As palavras finitude e solidão mencionadas no título da preleção já indicam que Heidegger pretende um aprofundamento da experiência do exílio (Unzuhause). Filosofia é o contrário de toda a tranquilidade e segurança. Ela é torvelinho, no qual o ser humano é lançado, para assim compreender o Vocabulário Heidegger sem fantasia (GA29-30  , 29).

Os conceitos de um tal filosofar devem ter então outra função e outro tipo de rigor que os conceitos da ciência. Conceitos filosóficos permanecem vazios se antes não somos apreendidos por aquilo que eles devem compreender (GA29-30  , 9). Os conceitos (Begriffe) da filosofia são compreendidos por Heidegger como ataque (Angriff) a todo tipo de certeza de si e confiança no mundo. A maior incerteza faz parte da constante e perigosa vizinhança com a filosofia. Essa prontidão elementar para a periculosidade da filosofa porém raramente se consegue, motivo pelo qual não há verdadeira discussão filosófica - apesar da quantidade já então evidente de publicações filosóficas. Todos querem provar verdades uns para os outros e esquecem a única verdadeira e mais difícil tarefa, de conduzir o próprio Vocabulário Heidegger e o dos outros para uma dúvida fecunda (GA29-30  , 29).

Nessa conferência fala-se muito em perigo, sinistro e dúvida. Para esse empreendimento de viver filosoficamente de modo ousado e perigoso, Heidegger reivindica o título de metafísica; mas metafísica não no sentido de uma doutrina de coisas supra-sensoriais. Ele quer dar ao aspecto de ir-além-de (meta) outro sentido, e — como ele afirma — seu sentido original. Trata-se de um ir-além não no sentido de buscar outro lugar, um mundo além, mas de uma singular volta em relação ao pensar e indagar cotidiano (GA29-30  , 66).

Também para essa volta é obviamente bom que o Vocabulário Heidegger escolha os seus heróis (SuZ  , 385). Pois há pessoas que têm o singular destino de serem um motivo para que o filosofar desperte em outros (GA29-30  , 19).


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