Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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McNeill (1999:32) – cinco maneiras de alcançar a verdade

quarta-feira 9 de outubro de 2024

A discussão de Heidegger sobre a phronesis se concentra inicialmente no Livro VI da Ética a Nicômaco, onde Aristóteles descreve cinco maneiras pelas quais a alma alcança a verdade (aletheia) em afirmação ou negação, ou seja, por meio do logos. Elas são identificadas como techne, episteme, phronesis, sophia e noûs. Diz-se que o julgamento (hypolepsis) e a opinião (doxa) são capazes de erro ou falsidade. Tudo isso pertence às virtudes da parte “intelectual” ou “noética” da alma (noetikon) (Ética a Nicômaco, 1139 b12).

A verdade é considerada aqui na medida em que pode ser apreendida pela própria alma. A alma, de acordo com Aristóteles, tem duas partes, uma com logos e a outra sem ele (EN, 1139 a5). Além disso, há duas maneiras de ter logos: a) epistemonikon, a faculdade epistêmica ou “científica”, e b) logistikon, a faculdade deliberativa. A primeira diz respeito à episteme; a segunda, à deliberação (bouleuesthai). A distinção é feita com base no tipo de conhecimento que cada uma proporciona. A faculdade epistêmica está preocupada com a contemplação (theorein) das coisas cujos archai são invariáveis, a faculdade deliberativa com as coisas que são variáveis: não simplesmente coisas que podem “mudar” ou se mover, como Heidegger explica, mas coisas que em seu próprio ser podem ser diferentes do que são.

Heidegger estrutura sua leitura do Livro VI da seguinte maneira. Com relação a essas duas faculdades, a tarefa é verificar qual disposição (hexis) de cada faculdade é a melhor. O critério para isso será a questão de qual disposição revela melhor a arche última ou o ser das coisas. No caso da faculdade epistêmica, será demonstrado que é a sophia, no caso da faculdade deliberativa, a phronesis. Surgirá então a questão de qual dessas duas disposições tem prioridade. Um exame comparativo dos diferentes tipos de conhecimento como disposições de ter logos é, portanto, implicado.


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