No final de sua vida, Heidegger pronunciou várias vezes a frase “Nur ein Gott kann uns retten” (Somente um deus pode nos salvar).
Pensei sobre o significado dessa frase por um longo tempo. Acho que primeiro devemos observar várias coisas:
1. Um Deus desconhecido, que ainda está por vir.
2. Esse Deus nos salvaria. À primeira vista, outro deus salvador. O que não é possível, se o deus for realmente novo.
3. Portanto, temos que pensar na salvação em outro sentido. Em que sentido? Como (…)
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Geviert / quadriparti / Himmel und Erde / Sterblichen und Göttlichen
Geviert / quadratura / quadriparti / cuaternidad / Himmel und Erde, Sterblichen und Göttlichen / Céu e Terra, Mortais e Deuses
The fourfold is the nexus of four mutually adapting and reciprocally sustaining dimensions - the earth, the sky, mortals, and the divinities (die Göttlichen - more literally, “the god-like ones”). When the four dimensions are well adapted to each other, so that they are joined or “married” or integrated into a simple “onefold,” the fourfold is the worlding of a world: out of the fourfold, the onefold of the four is married. We call the adapting mirror-play of the onefold of earth and sky, divinities and morals, “the world.” The world essences by worlding. (GA7 :181) [WRATHALL , Mark A.. The Cambridge Heidegger Lexicon. Cambridge: Cambridge University Press, 2021, p. 335]
Matérias
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Fédier (1980:39-42) – "só um deus pode nos salvar"
12 de outubro, por Cardoso de Castro -
Kockelmans (1984:94-96) – O quadrinômio [Geviert]
14 de outubro, por Cardoso de CastroAs questões básicas às quais Heidegger se refere com o termo técnico das Geviert (“o quádruplo, o quadrinômio, o quadriparti”) surgiram, muito provavelmente, da preocupação de Heidegger com a poesia de Friedrich Hölderlin. Em seus poemas, Hölderlin fala com frequência sobre os deuses e os mortais, sobre o céu e a terra.
O próprio termo aparece pela primeira vez nas obras publicadas na palestra “A coisa” de 1950 . Nessa palestra, Heidegger descreve o Ser como uma polivalência quádrupla, (…) -
Dastur (1998:133-136) – Geviert
11 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodetalhe
Para pensar a não substancialidade e a pertença essencial do Quatro [Geviert], Heidegger, tal como Fink, recorre ao conceito de jogo, que implica uma relação dinâmica entre os diferentes elementos: "A este jogo que nos faz aparecer, ao jogo de espelhos da simplicidade da terra e do céu, chamamos "o mundo". O mundo é na medida em que joga este jogo. Isto significa que o jogo do mundo não pode ser explicado por outra coisa, nem a sua essência pode ser apreendida a partir de outra (…) -
Graham Harman (2002:195-197) – Geviert, Terra-Céu
25 de outubro, por Cardoso de CastroChegou o momento de nos voltarmos diretamente para a própria exposição de Heidegger sobre o Geviert, começando com a terra e o céu. Com relação à primeira: “A terra é a portadora servil, florescendo e frutificando, espalhando-se em rochas e água, elevando-se em plantas e animais”. O céu é introduzido com o mesmo entusiasmo: “O céu é o caminho abobadado do sol, o curso da lua mutável, o brilho errante das estrelas, as estações do ano e suas mudanças, a luz e o crepúsculo do dia, a escuridão e (…)
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Mitchell (2015:71-74) – Terra em Geviert
10 de novembro, por Cardoso de CastroEm Geviert, a terra nomeia o que tradicionalmente poderíamos pensar como a “base material” da coisa. Essa afirmação só pode ser mantida se entendermos “material” e “base” de maneiras bem distintas de seu emprego tradicional na história da filosofia. Isso quer dizer que, estritamente falando, a Terra não é “material” nem uma “base”. O papel da terra dentro do Geviert transforma todas as nossas expectativas habituais do que é considerado terra ou mesmo terreno, pois a “matéria” da terra nada (…)
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Byung-Chul Han (Zen) – O vazio [Leere] do cântaro
20 de julho, por Cardoso de CastroMartin Heidegger, en la famosa conferencia La cosa, habla también del cántaro de una manera muy poco convencional. Con el ejemplo del cántaro Heidegger aclara allí qué es propiamente la cosa. Primero llama la atención sobre el vacío del cántaro:
¿Cómo aprehende el vacío del cántaro? Aprehende en cuanto toma lo que es vertido. Aprehende en cuanto conserva lo recibido. […] El doble aprehender del vacío descansa en el verter. […] Verter desde el cántaro es escanciar. La esencia del vacío que (…) -
Graham Harman (2002:197-199) – Geviert, Mortais-Deuses
25 de outubro, por Cardoso de CastroSe terra e céu apenas repetem um dualismo já conhecido por nós, os deuses e os mortais parecem apresentar um par mais complicado. O primeiro desses termos é apresentado da seguinte forma: “Os deuses são os mensageiros insinuantes da divindade. De fora do domínio oculto desta última, o deus aparece em sua essência, o que o retira de toda comparação com o que vem à presença.” [GA79] Quanto ao outro quadrante da realidade: “Os mortais são os humanos. Eles são chamados de mortais porque podem (…)
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Zimmerman (1990:241-244) – Heidegger e a Ecologia Profunda (Deep Ecology)
20 de novembro, por Cardoso de CastroA crítica de Heidegger à tendência da tecnologia moderna de tratar a Terra como uma máquina ou como matéria-prima para exploração levou algumas pessoas a interpretar seu pensamento como sendo coerente com o ambientalismo contemporâneo. Nesta seção, quero examinar brevemente até que ponto o pensamento de Heidegger pode ser “aplicado” ao movimento ambiental chamado “ecologia profunda”.
As consequências de tratar a Terra como uma máquina, ou como uma mercadoria infinitamente explorável, (…) -
Graham Harman (2002:199-203) – diferenças intra Geviert
25 de outubro, por Cardoso de CastroA questão restante é se há alguma diferença entre terra e deuses e, da mesma forma, alguma diferença entre céu e mortais. Se cada par consiste apenas em ocultação ou não ocultação, podemos abandonar com segurança o de Heidegger e retornar ao dualismo simples da análise inicial da ferramenta. Na tentativa de responder a essa pergunta, as questões se tornam um pouco mais sutis, embora permaneçam tão inteligíveis quanto antes. Pois é aqui que nossa discussão anterior sobre o curso de palestras (…)
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Mattéi (2001:74-76) – as dobras do ente
11 de janeiro, por Cardoso de Castrodestaque
1 Natureza e Graça (Sobre-Natureza).
2. natureza e arte
3.natureza e história
4 Natureza e Espírito.
Mas, pela primeira vez, esta quadripartição, ainda com raízes em Aristóteles, é aproximada de Hölderlin, de quem Heidegger cita a terceira estrofe do hino Como num dia de festa…, para identificar a Natureza que o poeta canta com o Ser que o pensador procura. Tal como a Natureza está, nas palavras de Hölderlin, acima dos deuses e mais velha que os tempos, o Ser está, na (…) -
Graham Harman (2002:86-88) – Ereignis e Vorgang
25 de outubro, por Cardoso de Castro[…] A dualidade entre a coisa como algo específico e a coisa formaliter marca uma dualidade nas próprias aparições, e não é algo que simplesmente nos aparece em um determinado estado de espírito ou no início de um “começo grego” especial. Por essa razão, a realidade anteriormente descrita sob o nome de “ferramenta quebrada” (ou “espaço” ou “teoria”) não forma mais uma unidade simples em relação ao contexto retirado. A própria aparição se tornou dual.
Mas, talvez ainda mais perturbador, (…) -
Mattéi (1989:200-202) – Geviert
27 de setembro, por Cardoso de CastroO Ser de Heidegger é a coisa mais amplamente compartilhada no mundo. Seguindo o exemplo de Atena, a deusa do crepúsculo a quem ele dedica sua única palestra realizada em solo grego, mais precisamente em Atenas, Heidegger fixa seu olhar de coruja no limite concedido pelo Destino. Μοίρα expressa a finitude do Ser, consagrada na encruzilhada cardeal, sua des-limitação que permanece sob a guarda da filha de Zeus, como visto no relevo votivo no Museu da Acrópole. Apoiando-se firmemente na longa (…)
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Mattéi (1989:187-192) – Geviert (Quadriparti)
29 de junho de 2023, por Cardoso de CastroPensado como a reunião original que decide o destino dos quatro e os enlaça em quatro apreensões uns aos outros, o quiasma só aparece sob esta forma cruzada, e neste termos, nos textos heideggerianos. Heidegger ele mesmo, o ponto é importante, não reconhece analogia entre o Geviert e a quaternidade de Hölderlin, senão na medida em que esta insiste no centro — a unidade quinta – que não é nenhum dos quatro. Tal é a sintaxe decisiva do Quadriparti heideggeriano: o que propriamente decide das (…)
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Zimmerman (1982:233-236) – Logos
30 de setembro, por Cardoso de CastroHeidegger interpreta Logos como sendo tanto o Ser quanto a verdade. Como Ser, Logos se refere à presença ou à auto-manifestação dos entes. Como verdade, o Logos se refere à atividade de coleta que clareia o lugar necessário para essa presença. O Logos, então, desempenha o papel dos êxtases temporais descritos em Ser e Tempo. Naquele livro, entretanto, a temporalidade foi atribuída apenas à existência humana. Por isso, Heidegger concluiu que os entes só poderiam estar presentes ou se (…)
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Mattéi (1989:202-205) – ritmo da escrita de Heidegger
27 de setembro, por Cardoso de CastroCom uma regularidade impecável, o ritmo da escrita de Heidegger seguirá, a partir de então, as pulsações do ser. Às cinco épocas da história da metafísica, dedicadas ao vaguear do ser, correspondem, em O Tempo da Imagem do Mundo [GA5], os "cinco fenômenos essenciais dos Tempos Modernos" (ciência, tecnologia, estética, civilização, o despojamento dos deuses), e em A Origem da Obra de Arte [GA5], os cinco modos de advento da verdade (a obra, a cidade, o deus, o sagrado, o ser). Encontramos (…)
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Mattéi (1989:153-157) – Geviert (Céu-Terra-Divinos-Mortais)
28 de setembro, por Cardoso de CastroEstamos, então, em posição de pensar em tal “pátria”, retornando à “proximidade do Ser” enraizada no Da do Dasein? Podemos restabelecer a situação inicial do homem habitando o local apropriado do pensamento? Sem entrar nos detalhes do argumento aqui, vou relembrar certos pontos essenciais sobre “ser” e “mundo” que tentei estabelecer em um trabalho anterior sobre a figura heideggeriana do “Quadripartite” (Geviert). De fato, os textos mais incomuns do que normalmente chamamos de “o segundo (…)
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GA7:167-184 – A Coisa
21 de dezembro de 2021, por Cardoso de CastroTradução da conferência "A Coisa" por Eudoro de Sousa, refazendo tradução anterior de José Xavier de Mello Carneiro. Publicada em DE SOUSA, Eudoro. Mitologia História e Mito. Lisboa: Imprensa Nacional, 2004, p. 201-2015
Eudoro de Sousa
1. No tempo e no espaço todas as distâncias se contraem. Lá onde outrora o homem viajava por semanas e meses, chega ele agora, de avião, numa noite. Aquilo de que outrora o homem só obtinha informação, após anos, ou de que, pura e simplesmente, nem era (…) -
Mattéi (1989:197-200) – Geviert
27 de setembro, por Cardoso de CastroOutro pensamento de Heidegger, portanto, assume a tarefa de evocar a clareira (Lichtung), a abertura do mundo em que a filosofia apareceu; esse florescimento é o natal (das Heimische). “Podemos arriscar o passo que leva de volta da filosofia ao pensamento do ser, assim que na origem do pensamento respiramos um ar natal”, escreve Heidegger em A experiência do pensamento . Daí não se segue que o destino do ser (Geschick), pensado como a determinação ordenada do ser em cada época da história, (…)
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Kockelmans (1984:96-98) – Ser aparece na forma de mundo segundo Geviert
14 de outubro, por Cardoso de CastroEm cada época da história, o Ser sempre aparece concretamente na forma de mundo; o mundo é o domínio daquilo que, em cada caso, é próprio. Na visão de Heidegger, o mundo deve ser pensado como o quadrinômio [Geviert] de céu e terra, deuses e mortais. A terra é o que carrega e constrói, nutre e dá frutos, guarda águas e rochas, plantas e animais. Por outro lado, o céu é o caminho do sol, o curso da lua, o esplendor das estrelas, as estações do ano, a luz e o crepúsculo do dia, bem como a (…)
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Mitchell (2015:Intro) – Geviert
1º de outubro, por Cardoso de Castro[…] As discussões de Heidegger sobre a terra a consideram a própria “matéria” da existência. O que essa matéria é, no entanto, não é nada que normalmente associamos à terra. Ela não é sólida nem fundamentada. Em vez disso, a terra nomeia o sensorial. De acordo com os insights anteriores de “A origem da obra de arte”, a terra nomeia um tipo de aparecimento sensorial não quantificável. Não se trata de uma base substancial que fundamentaria todas as coisas. Ao invés, o que é da terra não tem (…)
Notas
- Graham Harman (2002:194-195) – objeto quádruplo
- Kockelmans (1984:101-102) – O mundo como o quadrinômio [Geviert]
- Laffoucrière (1968:244-245) – o homem habita na proximidade do Deus
- Laffoucrière (1968:253-254) – O logos, modo de ser dado da imediatidade
- Mattéi (1989:158-159) – Os Divinos
- Mattéi (1989:159-160) – vita activa em Arendt
- Mattéi (1989:195) – Geviert
- Mattéi (1989:196) – decadência espiritual
- Mattéi (1989:196-197) – mito e logos
- Mattéi (1989:202) – Geviert
- Mattéi (2001:65-68) – a dobra (Zwiefalt) do ser e do ente
- Mattéi (2001:72-74) – quatro modalidades do ente - Aristóteles e Kant
- Mattéi (2001:76-79) – tétrades em Introdução à Metafísica [GA40]
- Mattéi (2001:79) – Eterno Retorno do Mesmo em 4 pontos
- Mattéi (2001:80) – essencialidade de uma posição metafísica
- Mattéi (2001:80-82) – Uma posição metafísica fundamental é determinada por quatro pontos de vista
- Mitchell (2015:37-38) – dis-ponibilidade [Bestand]
- Mitchell (2015:Intro) – mediação e racionalidade
- Zimmerman (1982:236) – Ereignis