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ENSAIOS E CONFERÊNCIAS (GA7)

GA7:11-38 – A Questão da Técnica

RESUMO

sexta-feira 15 de maio de 2020, por Cardoso de Castro

A Questão da Técnica é uma conferência que Heidegger deu na Escola Técnica Superior de Munique, em 18 de novembro de 1953, para uma audiência em sua maior parte formada por técnicos e engenheiros.

Versão original: "Die Frage nach der Technik", Vorträge und Aufsätze. Günther Neske: Pfullingen, 1965

Versão em espanhol: "LA PREGUNTA POR LA TÉCNICA", Traducción de Eustaquio Barjau. Conferencias y artículos. Barcelona: Ediciones del Serbal, 1994

Versão em português: "A Questão da Técnica", trad. Emmanuel Carneiro Leão. Ensaios e Conferências. Petrópolis: Editora Vozes, 2002.

Versão em francês: "La question de la technique", trad. André Préau. Essais et conférences. Gallimard: Paris, 1958.

Versão em inglês: "The Question Concerning Technology", trad. William Lovitt. The Question Concerning Technology and Other Essays. San Francisco: Harper, 1997.

início

1) Questionaremos a técnica [Technik], construindo um caminho do pensar [Weg   des Denkens], que obrigatoriamente passa através da linguagem [Sprache]. Com isto preparamos um relacionamento livre com a técnica, capaz de abrir nosso Dasein à essência da técnica [Wesen der Technik], o que vai nos permitir experimentar seus limites.

2) "A técnica não é igual a essência da técnica". Na lida ordinária com a técnica não realizamos a experiência de um relacionamento com sua essência, única possibilidade de se evitar os riscos da Gestell, da essência da técnica moderna, como Heidegger demonstra mais adiante.

3) "…, a essência de alguma coisa é aquilo que ela é." O que é a técnica? Meio para um fim e atividade humana. Produção e uso de ferramentas, aparelhos e máquinas, assim como estes mesmos produtos e utensílios, formam o conjunto da técnica. "A própria técnica é também um instrumentum." Estas concepções da técnica chamam-se determinações, respectivamente, instrumental e antropológica, da técnica.

4) A determinação instrumental é correta, embora não verdadeira, e se aplica também a técnica moderna, por mais que se argumente quanto as diferenças entre a técnica artesanal e a técnica industrial. Ela orienta o relacionamento "devido" com a técnica. Objetivo: "manusear com espírito a técnica de maneira a dominá-la, evitando que escape ao controle do homem".

5) Mas, e se técnica não for um simples meio [Mittel]? Afinal de contas, o correto, "a determinação instrumental da técnica", afirma apenas algo "exato e acertado naquilo que se dá e está em frente". A essência do que se dá fica, no entanto, não descoberta. O verdadeiro acontece onde se dá esse descobrir da essência e deste modo nos conduz a uma atitude livre com a técnica. A busca da verdade da técnica se dá através do questionamento da instrumentalidade, daquilo a que pertence meio e fim [Zweck]. "Onde se perseguem fins, aplicam-se meios, onde reina a instrumentalidade, aí também impera a causalidade [Ursächlichkeit, Kausalität]."

causas aristotélicas

1) Geralmente entende-se "causa como o que é eficiente" [Ursache als das Bewirkende], no sentido de alcançar resultados e efeitos. O sentido literal da "causa efficiens" prevalece como sentido único das causas. "Causa, casus provém do verbo cadere, cair. Diz aquilo que faz com que algo caia desta ou daquela maneira num resultado."

2) Doutrina das quatro causas remonta à Aristóteles  .

3) A concepção moderna de causalidade não tem nada a ver com a grega, que se afasta de qualquer associação com eficiência ou eficácia [Wirken und Bewirken].

4) O que em alemão se denomina Ursache, causa, os gregos denominavam aition [αἴτιον], "aquilo pelo que um outro responde e deve [verschuldet]". "As quatro causas são os quatro modos, coerentes entre si, de responder e dever [Weisen des Verschuldens]".

5) As quatro causas aristotélicas, aplicadas na abordagem da instrumentalidade da técnica, entendida sob o ponto de vista da causalidade, são:

  • causa materialis: tomemos por exemplo um cálice de prata utilizado em um ritual: a prata enquanto matéria, material que entra em sua composição, é a causa materialis; a prata enquanto matéria determinada, "responde" pelo cálice, que deve a ela aquilo de que consta e é feito; mas a prata não responde pela forma de um cálice, nem pela sua utilidade sacrificial e nem pela sua confecção como cálice sacrificial de prata.
  • causa formalis: o cálice sacrificial de prata deve à causa formalis a forma ou figura que o define como cálice e não como um broche ou anel; causa formalis responde pelo perfil (eidos) de cálice do cálice sacrifical de prata.
  • causa finalis: no exemplo do cálice sacrificial, a circunscrição de sua utilidade é definida por um terceiro modo: a causa finalis, que o estabelece na esfera do sagrado; "A circunscrição finaliza o utensílio [Das Umgrenzende beendet das Ding]. Com este fim, porém o utensílio não termina ou deixa de ser, mas começa a ser o que será depois de pronto. O grego telos [τέλος] indica esta finalização no sentido de levar a plenitude.
  • causa efficiens: a causa efficiens não é como se costuma pensar aquilo que faz do cálice o "efeito de uma atividade"; "A doutrina de Aristóteles   não conhece uma causa chamada eficiente e nem usa a palavra grega que lhe corresponde"; a causa efficiens em seu sentido grego, é aquela que "reflete e recolhe numa unidade os três modos mencionados de responder e dever" [überlegt sich und versammelt die drei genannten Weisen des Verschuldens]; refletir, recolher = legein, logos [λέγειν, λόγος]; apophainestai [ἀποφαίνεσθαι] = fazer aparecer [zum Vorschein bringen]; a causa efficiens é a própria reflexão [Überlegung] daquele que reúne as demais causas no "fato e modo em que aparecem e entram no jogo [zum Vorschein und ins Spiel kommen] de pro-dução [Hervorbringen] do cálice sacrificial".

6) As quatro causas, ou quatro modos [vier Weisen] respondem pelo dar-se e propor-se [Vor-und Bereitliegen] do cálice sacrificial.

7) "Dar-se e propor-se [Vorliegen und Bereitliegen] (hipokesthai [ὑποκσείθαί]) designam a vigência de algo que está em vigor [Anwesen eines Anwesenden]."

8) Os quatro modos de responder e dever [vier Weisen des Verschuldens], de aitia [αἰτία], deixam que algo venha a viger [lassen es in das An-wesen Vorkommen]; eles são um deixar-viger [Ver-an-lassen], evocando assim a experiência grega de causalidade.

9) Os quatro modos deixando chegar à vigência o que ainda não vige [lassen das noch nicht Anwesende ins Anwesen ankommen], são regidos e atravessados, de maneira uniforme, por uma condução que conduz o vigente a aparecer [das Anwesendes in den Vorschein bringt].

10) Segundo Platão  : "Todo deixar-viger [Veranlassung] o que passa e procede do não-vigente [Nicht-Anwesenden] para a vigência [Anwesen] é poiesis [ποίησις], é pro-dução [Her-vor-bringen]".

produção - poiesis

1) Produção se refere à confecção artesanal, ao levar a aparecer artisticamente e também ao surgir e elevar-se por si mesmo da physis.

2) O vigente physei tem em si mesmo o eclodir da produção, que falta à produção artística.

3) "Assim, os modos do deixar-viger, as quatro-causas jogam no âmbito da pro-dução e do pro-duzir."

4) "A produção conduz do encobrimento para o desencobrimento".

5) Algo encoberto chega ao des-encoberto no processo do desencobrimento, da aletheia.

6) Desencobrimento funda produção, que por sua vez recolhe em si, atravessa e rege os quatro modos de deixar-viger a causalidade, à qual pertencem meio e fim, ou seja instrumentalidade.

des-encobrimento - aletheia

1) "A técnica é uma forma de desencobrimento." Falar de técnica é, portanto falar de verdade, aletheia.

2) A técnica em sua origem grega diz mais do que o fazer na habilidade artesanal, refere-se também ao fazer nas belas-artes. "A techne pertence à pro-dução, a poiesis, é portanto, algo poético.

3) Até o tempo de Platão   techne e episteme ocorrem juntas no sentido mais amplo de conhecimento.

4) "O conhecimento provoca abertura. Abrindo, o conhecimento é um desencobrimento."

5) No tocante àquilo que e ao modo em que desencobrem, techne e episteme diferem segundo Aristóteles  . A techne des-encobre o que não se produz a si mesmo e ainda não se dá e propõe, podendo assim apresentar-se e sair, ora num, ora em outro perfil."

6) O des-encobrir da techne recolhe antecipadamente numa unidade o perfil e a matéria de algo a fazer, numa coisa pronta e acabada, determinando daí o modo de elaboração. "É neste desencobrimento e não na elaboração que a techne se constitui e cumpre em uma produção".

7) "Técnica é uma forma de desencobrimento. A técnica vige e vigora no âmbito onde se dá descobrimento e des-encobrimento, onde acontece aletheia, verdade."

técnica moderna

1) A falácia de interpretar a técnica moderna como assentada na moderna ciência exata da natureza.

2) Mesmo a constatação da interdependência das duas, ciência e técnica, não nos diz nada "a respeito do fundo e fundamento em que se baseia esta dependência recíproca".

3) A técnica moderna é também um desencobrimento, que não se desenvolve porém numa pro-dução no sentido de poiesis. "O desencobrimento que rege a técnica moderna é uma exploração que impõe à natureza a pretensão de fornecer energia, capaz de, como tal, ser beneficiada e armazenada."

4) "Esta dis-posição que explora a energia da natureza cumpre um processamento, numa dupla acepção. Processa à medida que abre e ex-põe." Uma cadeia de pré-dis-posições e dis-posições percorre um ciclo indefinido de exploração, armazenamento e processamento.

5) "O desencobrimento que domina a técnica moderna, possui, como característica, o pôr, no sentido de explorar." O ciclo percorre a extração, transformação, armazenamento, distribuição, reprocessamento, como modos de desencobrimento. Um desencobrimento assegurado por controle e segurança, "marcas do desencobrimento explorador".

6) "Que desencobrimento se apropria do que surge e aparece no pôr da exploração? Em toda parte, se dis-põe a estar a postos e assim estar a fim de tornar-se e vir a ser dis-ponível para ulterior dis-posição. O dis-ponível tem seu próprio esteio."

7) A dis-ponibilidade designa esta categoria, este modo em que vige e vigora tudo que o descobrimento explorador atingiu. "No sentido da dis-ponibilidade, o que é já não está para nós em frente e defronte, como um objeto."

8) Crítica a Hegel   por não pensar a máquina a partir da essência da técnica. "Considerada como disponibilidade a máquina não é absolutamente autônoma e nem se basta a si mesma. Pois tem sua dis-ponibilidade exclusivamente a partir e pelo dis-por do dis-ponível."

9) O homem realiza a exploração que des-encobre o chamado real, como dis-ponibilidade, mas não tem em seu poder o desencobrimento em que o real cada vez se mostra ou se retrai e se esconde.

10) Mais originariamente que a natureza o homem é desafiado e dis-posto, porque ele pertence à dis-ponibilidade. "Realizando a técnica , o homem participa da dis-posição, como um modo de desencobrimento. O desencobrimento em si mesmo, onde se desenvolve a dis-posição, nunca é, porém, um feito do homem […]".

11) "O desencobrimento já se deu, em sua propriedade, todas as vezes que o homem se sente chamado a acontecer em modos próprios de desencobrimento.[…] Trata-se da forma de desencobrimento da técnica que o desafia a explorar a natureza, tomando-a por objeto de pesquisa até que o objeto desapareça no não-objeto da dis-ponibilidade."

12) A técnica moderna é assim mais do que um mero fazer humano. Ela é o desencobrimento da dis-posição. Que desafio é este que "põe o homem a dis-por do real, como dis-ponibilidade"? Que poder o leva a recolher-se à dis-posição e dis-por do real, como dis-ponibilidade?

com-posição - Ge-stell

A "composição" como apelo de exploração que leva o homem a dis-por do que se des-encobre como dis-ponibilidade

1) "Com-posição, Gestell, significa a força de reunião daquele por que põe, ou seja, que desafia o homem a des-encobrir o real no modo da dis-posição, como dis-ponibilidade."

2) A composição é o tipo de desencobrimento que rege a técnica moderna, mas que não é nada técnico. Na Gestell encontram-se o "pôr" da exploração e o "pôr" da poiesis que faz o real vigente emergir para o desencobrimento. Apesar da essência comum, como modos de desencobrimento, na técnica moderna des-encobre o real como dis-ponibilidade. A abordagem da técnica moderna pelos lados instrumental ou antropológico, só faz sentido ao reconhecer-se esta dimensão imanente de desencobrimento do real como dis-ponibilidade.

3) Na própria acometividade das ciências modernas da natureza de seu "objeto de estudo", o seu modo de representação encara a natureza, como um sistema operativo e calculável de forças. A declarada "experimentação" destas ciências já se manifesta na condição de retratar seu "objeto de estudo" como um sistema de forças que se pode operar previamente, dispondo-o para testes e experimentos.

4) A composição, que não é nada de técnico nem de maquinal, é o modo em que o real se des-encobre como dis-ponibilidade, que se dá em toda ação e qualquer atividade humana, embora não aconteça apenas no homem e nem decisivamente pelo homem.

5) "Com-posição é a força de reunião daquele ’pôr’ que im-põe ao homem des-cobrir o real, como dis-ponibilidade, segundo o modo da dis-posição. Assim desafiado e provocado, o homem se acha imerso na essência da com-posição."

6) Por tudo isso a questão da técnica é tão premente e exige nos sentirmos como aqueles cujas ações e omissões se acham por toda parte desafiadas e pro-vocadas, ora às claras ora às escondidas pela com-posição. "E sobretudo nunca chega tarde e atrasada a questão se e de que modo nós nos empenhamos no processo em que a própria com-posição vige e vigora."

7) A essência da técnica destina o homem à com-posição, no sentido de põe o homem a caminho do desencobrimento regido pela com-posição. "Por isso denominamos de destino a força de reunião encaminhadora, que põe o homem a caminho de um desencobrimento.

8) "É pelo destino que se determina a essência de toda a história". "A ação humana só se torna histórica quando enviada por um destino." Tanto com-posição quanto poiesis são envios do destino.

9) "A essência da liberdade não pertence originariamente à vontade e nem tampouco se reduz à causalidade do querer humano."

10) O mistério do encoberto que sempre se encobre mesmo quando se desencobre é o que liberta. "A liberdade é o que aclarando encobre e cobre, em cuja clareira tremula o véu que vela o vigor de toda verdade e faz aparecer o véu como o véu que vela."

11) "A essência da técnica moderna repousa na com-posição. A com-posição pertence ao destino do desencobrimento".

12) "A liberdade rege o aberto, no sentido do aclarado, isto é, do des-encoberto."

13) "A essência da técnica moderna repousa na com-posição. A com-posição pertence ao destino do desencobrimento".

14) O homem caminha em uma possibilidade: seguir e favorecer apenas o que se des-encobre na dis-posição e tirar daí todos os seus parâmetros e todas as suas medidas.

15) Fecha-se a possibilidade de empenho pela essência do que se des-encobre e seu desencobrimento, com o propósito de assumir a pertença encarecida ao desencobrimento

perigos

1) Perigo de equívocos e má interpretações com o desencobrimento

2) Redução do real ao nexo de causa e efeito.

3) Medição do des-encoberto e o coberto de acordo com a causalidade do fazer.

4) A natureza expondo-se como sistema operativo e calculável de forças proporciona constatações corretas e intensifica o perigo do desencobrimento, na dedução do verdadeiro do correto.

5) Quando o des-coberto não se dá mais como objeto, mas como disponibilidade

6) Quando no domínio do não-objeto o homem dis-põe da disponibilidade.

7) O homem ele mesmo se toma por disponibilidade.

8) Ilusão de que tudo é feito pelo homem e assim o homem só se encontra consigo mesmo.

9) A composição remete ao desencobrimento do tipo da dis-posição, onde encobre-se a poiesis, que deixa o real emergir para aparecer em seu ser.

10) O pôr da exploração reverte a referência ao que é está sendo, não permitindo surgir e aparecer o desencobrimento em si mesmo.

11) A com-posição provocadora da ex-ploração encobre a pro-dução, o desencobrimento e até o espaço onde se dá a verdade.

12) A com-posição de-põe a fulguração e a regência da verdade.

13) Trata-se do perigo extremo Não há demonia da técnica, apenas o mistério da sua essência.

14) A essência da técnica, sendo um envio do desencobrimento é o perigo

15) A com-posição, como destino e perigo, arrasta consigo a possibilidade ameaçadora de de bloquear ao homem o acesso ao desencobrimento mais originário e alcançar a experiência da verdade mais inaugural.

salvação

Hölderlin  : Ora, onde mora o perigo é lá que também cresce o que salva.

1) Na regência da com-posição a força salvadora se enraíza.

  • Na essência da técnica pode-se investigar a força salvadora que aí medra e prospera.
  • Essência no sentido aquilo que alguma coisa é, de quidditas, quididade, de gênero comum, o "universal", no sentido de genérico.
  • A essência da técnica não é gênero de equipamento ou conceito genérico destas dis-ponibilidades.
  • Tudo isto, máquinas, equipamentos, operadores, peças pertencem à com-posição, sem que a essência desta seja um gênero.
  • A com-posição não sendo gênero é modo destinado de desencobrimento da exploração e do desafio.
  • Outro modo destinado é o desencobrimento da poiesis.
  • O desencobrimento não é gênero destes modos, mas destino que ora parte num des-encobrir-se pro-dutor ora num des-encobrir-se explorador.

2) A com-posição se torna essência da técnica por ser destino de um desencobrimento, mas não por ser essência propriamente.

3) A técnica exige pensar a essência num outro sentido.

  • Resgatando Goethe  , chega-se ao verbo wesen, viger; Wesen, essência, no sentido de vigência é o mesmo que währen, durar; já Sócrates   e Platão   pensaram a essência com a vigência no sentido de duração. A duração como o que sempre é e perdura (aei on), aquio que permanece em tudo o que ocorre e se dá, a estrutura do perfil (eidos, idea).
  • Somente dura o que foi concedido, dura o que se concede e doa com força inaugural a partir das origens.
  • Como vigência da técnica, a com-posição é o que dura, uma concessão, sempre um envio que põe o homem no caminho de um desencobrimento.
  • Como concessão o homem é chamado a participar do desencobrimento, sendo apropriado pela apropriação da verdade. Esta apropriação que o envia para o desencobrimento é o que salva, permitindo-lhe perceber e entrar na mais alta dignidade de sua essência. Dignidade que está em proteger e guardar o des-encobrimento.
  • A com-posição é o perigo extremo por ameaçar trancar o homem na dis-posição, como único modo de descobrimento, o que pode levá-lo a perder sua essência de homem.

4) A emergência do que salva se dá na relação justa com a técnica pela observância de sua vigência e não de sua instrumentalidade e funcionalidade.

  • Questionando o modo em que a instrumentalidade vigora numa espécie de causalidade, experimenta-se o que vige na técnica, como destino do desencobrimento.
  • O vigente de toda essência se dá no que se concede que demanda a participação do homem no des-encobrir-se do desencobrimento: mistério da verdade.

5) Outrora techne era também o desencobrimento que levava a verdade a fulgurar em seu próprio brilho; a pro-dução da verdade na beleza.

6) Arte grega era piedade, promos, integrada na regência e preservação da verdade.

7) As obras não provinham do artístico, nem visavam o prazer estético, e não eram produto de uma atividade cultural.

8) A arte, techne, por poucos anos foi um des-encobrir pro-dutor e pertencia a poiesis.

9) É o poético que leva a verdade ao esplendor superlativo.

10) Poderá a arte fomentar o que salva no perigo extremo da com-posição?

11) A arte nos proporciona o espaço de debate das condições de possibilidade de uma nova técnica, cuja essência não se regule exclusivamente pela com-posição. É mais que necessário questionar a essência da técnica e a essência da arte, em meio a tanta técnica e tanta estética.


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