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Zur Sache des Denkens [GA14]

GA14:79-82 – clareira e abertura

O FIM DA FILOSOFIA E A TAREFA DO PENSAMENTO

quinta-feira 28 de maio de 2020, por Cardoso de Castro

HEIDEGGER, Martin. Martin Heidegger – Conferências e Escritos Filosóficos. Tradução e notas Ernildo Stein  . São Paulo: Editora Nova Cultural, 1999, p. 102-104

Ernildo Stein

Mas o que é que permanece impensado, tanto na questão da Filosofia como em seu método? A dialética especulativa é um modo como a questão da Filosofia chega a aparecer a partir de si mesma para si mesma, tornando-se assim presença. Um tal aparecer acontece necessariamente em uma certa claridade. Somente através dela pode mostrar-se aquilo que aparece, isto é, brilha. A claridade, por sua vez, porém, repousa numa dimensão de abertura e de liberdade que aqule acolá, de vez em quando, pode clarear-se. A claridade acontece no aberto e aí luta com a sombra. Em toda parte, onde um ente se presenta em face de um outro que se presenta ou apenas se demora ao seu encontro; mas também ali, onde, como em Hegel  , um ente se reflete no outro especulativamente, ali também já impera abertura, já está em jogo o livre espaço.

Somente esta abertura garante também à marcha do pensamento especulativo sua passagem através daquilo que ela pensa.

Designamos esta abertura, que garante a possibilidade de um aparecer e de um mostrar-se, com a clareira (die Lichtung). A palavra alemã "Lichtung“ é, sob o ponto de vista da história da língua, uma tradução do francês "Clairière". Formou-se segundo o modelo das palavras mais antigas "Waldung" e "Feldung". [1]

A clareira da floresta contrasta com a floresta cerrada; na linguagem mais antiga esta era dominada "Dickung". [2]

O substantivo "clareira" vem do verbo "clarear". O adjetivo "claro" ("licht") é a mesma palavra que "leicht". [3] Clarear algo quer dizer: tornar algo leve, tornar algo livre e aberto, por exemplo, tomar a floresta, em determinado lugar, livre de árvores. A dimensão livre que assim surge é a clareira. O claro, no sentido de livre e aberto, não possui nada de comum, nem sob o ponto de vista linguístico, nem no atinente à coisa que é expressa, com o adjetivo "luminoso" que significa "claro".

Isto deve ser levado em consideração para se compreender a diferença entre Lichtung e Licht. Subsiste, contudo, a possibilidade de uma conexão real entre ambos. A luz pode, efetivamente, incidir na clareira, em sua dimensão aberta, suscitando aí; o jogo entre o claro e o escuro. Nunca, porém, a luz primeiro cria a clareira; aquela, a luz, pressupõe esta, a clareira. A clareira, no entanto, o aberto, não está apenas livre para a claridade é a sombra, mas também para a voz que reboa e para o eco que se perde, para tudo que soa e ressoa e morre na distância. A clareira é o aberto para tudo que se presenta e ausenta.

Impõe-se ao pensamento a tarefa de atentar para a questão que aqui é designada como clareira. Ao fazer isto, não se extraem – como facilmente poderia parecer a um observador superficial – simples representações de puras palavras, por exemplo, "clareira". Trata-se muito antes, de atentar que a singularidade da questão que é nomeada, de maneira adequada à realidade, com o nome de "clareira". O que a palavra designa no contexto agora pensado, a livre dimensão do aberto, é, para usarmos uma palavra de Goethe  , um "fenômeno originário". Melhor diríamos: uma questão originária. Goethe   observa (Máximas e Reflexões, n° 993): "Que não se invente procurar nada atrás dos fenômenos: estes mesmos são a doutrina". Isto quer dizer: o próprio fenômeno, no caso presente, a clareira, nos afronta com a tarefa de, questionando-o; dele aprender, isto é, deixar que nos diga algo.

De acordo com isto, o pensamento provavelmente não deverá temer levantar um dia a questão se a clareira, a livre dimensão do aberto, não é precisamente aquilo em que tanto o puro espaço como o tempo estático e tudo o que neles se presenta e ausenta possui o lugar que recolhe e protege.

Da mesma maneira que o pensamento dialético-especulativo, também a intuição originária e sua evidência ficam dependentes da abertura que já impera, a clareira. O evidente é o imediatamente compreensível. Evidentia é a palavra com que Cícero traduz a palavra grega enárgeia, interpretando-a na língua romana. Enárgeia, em que fala a mesma raiz que em argentum (prata), designa aquilo que brilha em si e a partir de si mesmo e assim se expõe à luz.

Na língua grega não se fala da ação de ver, de videre, mas daquilo que luz e brilha. Só pode, porém, brilhar se a abertura já é garantida. O raio de luz não produz primeiramente a clareira, a abertura, apenas percorre-a. Somente tal abertura garante um dar e um receber, garante primeiramente a dimensão aberta para a evidência, onde podem demorar-se e devem mover-se.

Todo o pensamento da Filosofia, que, expressamente ou não segue o chamado "às coisas mesmas", já está, em sua marcha, com seu método, entregue à livre dimensão da clareira. Da clareira, todavia, a Filosofia nada sabe. Não há dúvida que a Filosofia fala da luz da razão, mas não atenta para a clareira do ser. O lumen naturale, a luz da razão, só ilumina o aberto. Ela se refere certamente à clareira; de modo algum, no entanto, a constitui, tanto que dela antes necessita para poder iluminar aquilo que na clareira se presenta. Isto não vale apenas para o método da Filosofia, mas também e até em primeiro lugar para a questão que lhe é própria, a saber, da presença do que se presenta. Em que medida também já na subjetividade é sempre pensado o subiectum, o hypokeímenon, o que já está aí, portanto, que se presenta em sua presença, não pode ser aqui mostrado em detalhe. (Veja-se a propósito disto Heidegger, Nietzsche  , II vol., 1961, p. 429 ss.) (GA14ES  :102-104)

Beaufret & Fédier

Qu’est-ce donc toutefois qui demeure impensé aussi bien dans l’affaire propre à la philosophie que dans la méthode qui lui est non moins propre ? La dialectique spéculative est une modalité selon laquelle l’affaire de la philosophie, à partir d’elle-même et pour elle-même, entre dans la dimension du paraître et ainsi s’expose en un présent. Un tel paraître advient nécessairement dans une certaine clarté. C’est seulement à travers cette clarté que ce qui apparaît peut se laisser voir, c’est-à-dire, paraître. Mais la clarté a elle-même son repos dans une dimension d’ouverture et de liberté qu’il lui est loisible, en un lieu ou en un autre, en un temps ou en un autre, d’éclairer. La clarté joue dans l’ouvert et c’est là qu’elle lutte avec l’ombre. Là où apparaît quelque chose venant à l’encontre d’autre chose, à moins que les deux ne demeurent en vis-à-vis, et même là où, avec Hegel  , ce miroitement de l’un dans l’autre devient spéculatif, là règne déjà l’ouvert d’un site, là une libre contrée est déjà enjeu. C’est seulement la contrée ouverte d’un tel site qui peut procurer, même à la démarche de la pensée spéculative, sa progression à travers ce qu’ elle dépasse en le pensant.

Nous nommons en allemand cet état d’ouverture qui seul rend possible à quoi que ce soit d’être donné à voir et de pouvoir être montré : die Lichtung. Le mot allemand Lichtung est linguistiquement un mot formé pour traduire le français clairière. Il est formé sur le modèle de mots plus anciens tels que Waldung et Feldung.

[295] Ce qui est Waldlichtung, la clairière en forêt, est éprouvé par contraste avec l’épaisseur dense de la forêt, que l’allemand plus ancien nomme Dickung. Le substantif Lichtung renvoie au verbe lichten. L’adjectif licht est le même mot que leicht (léger). Etwas lichten signifie: rendre quelque chose plus léger, le rendre ouvert et libre, par exemple dégager en un lieu la forêt, la désencombrer de ses arbres. L’espace libre qui apparaît ainsi est la Lichtung. Ce qui est licht au sens de libre et d’ouvert n’a rien de commun ni linguistiquement ni quant à la chose qui est ici en question, avec l’adjectif licht qui signifie clair ou lumineux. Il faut y prendre garde pour bien comprendre la différence entre Lichtung et licht. Néanmoins la possibilité reste maintenue d’une connexion profonde entre les deux. La lumière peut en effet visiter la Lichtung, la clairière, en ce qu’elle a d’ouvert, et laisser jouer en elle le clair avec l’obscur. Mais ce n’est jamais la lumière qui d’abord crée l’Ouvert de la Lichtung ; c’est au contraire celle-là, la lumière qui présuppose celle-ci, la Lichtung. L’Ouvert, cependant n’est pas libre seulement pour la lumière et l’ombre, mais tout aussi bien pour la voix qui retentit et dont l’écho va se perdant, comme pour tout ce qui sonne et qui résonne et dont le son s’en va mourant. La Lichtung est clairière pour la présence et pour l’absence.

Il devient, pour la pensée, nécessaire de prendre garde à ce qui vient ici d’être nommé Lichtung. En l’occurrence il ne s’agit nullement, comme on pourrait dès l’abord trop aisément le croire, d’extraire de purs vocables, par exemple celui de Lichtung, un simple jeu de représentations. Il importe bien plutôt de prendre garde à la chose unique en son genre que nomme fidèlement le mot Lichtung. Ce que ce mot nomme dans un contexte qui est maintenant celui de la pensée, à savoir la liberté de l’Ouvert, est, pour rappeler un mot de Goethe  , un « Urphänomen ». Il nous faudrait aller jusqu’à dire: une Ur-Sache. [296] Goethe   remarque (Maximes et Réflexions, n° 993) : « Qu’ on n’ aille rien chercher derrière les phénomènes : ils sont eux-mêmes la doctrine. » Entendons: le phénomène lui-même, dans le cas présent la Lichtung, nous place devant la tâche d’apprendre de lui en le questionnant, c’est-à-dire de nous laisser dire, à partir de lui, quelque chose.

Dans ce contexte la pensée, un jour peut-être, pourrait ne plus broncher devant elle-même, mais se demander enfin si la libre clairière de l’Ouvert ne serait pas précisément le site où l’ampleur de l’espace et les horizons du temps ainsi que tout ce qui, en eux, se présente et s’absente, sont contenus et recueillis.

De la même manière que la pensée spéculative et dialectique, l’intuition originaire et son évidence demeurent confiées au règne d’abord de l’Ouvert et de sa clairière. Évident est ce qui s’offre d’emblée à la vue. Evidentia est le mot par lequel Cicéron traduit, c’est-à-dire transporte dans son monde romain, le grec ἐνάργεια. Ἐνάργεια, où sonne la même origine que dans le latin argentum, signifie ce qui en soi-même et à partir de soi jette une lueur et se met en lumière. Dans le parler des Grecs, nulle trace d’un acte de la vision, du videre latin ; il s’agit simplement de ce qui luit et brille. Mais briller n’est possible que si déjà de l’Ouvert est là. Le rayon de lumière n’est pas ce qui d’abord produit l’Ouvert, il ne fait que parcourir en la mesurant la clairière. C’est elle seulement qui peut donner à recevoir, en procurant à l’évidence elle-même la liberté du déploiement au sein duquel il lui est loisible d’avoir mouvement et séjour.

Toute la pensée de la philosophie, celle qui expressément ou non répond à l’appel : zur Sache selbst, est dans sa marche, avec sa méthode, déjà confiée à la liberté de l’Ouvert. De l’Ouvert et de sa clairière, la philosophie cependant ne sait rien. La philosophie parle, bien sûr, de la [297] lumière de la raison mais elle ne prend pas garde à la clairière de l’être. Le lumen naturale, la lumière de la raison, ne fait que jouer dans l’Ouvert. Elle rencontre certes l’Ouvert de la clairière, elle la constitue cependant si peu qu’elle en a bien plutôt besoin pour pouvoir se répandre sur ce qui est présent dans l’Ouvert. Cela n’est pas seulement vrai pour la méthode de la philosophie, mais aussi et même en premier lieu pour son affaire propre, c’est-à-dire pour l’état de présence de ce qui est présent. Dans quelle mesure, même dans la subjectivité, c’est toujours le sujet, l’ὑποκείμενον, ce qui est déjà là, à savoir le présent dans son état de présence qui est pensé, nous ne pouvons pas ici le montrer en détail. (Voir à ce propos: Heidegger, Nietzsche  , t. II, p. 429, trad. franç. t. II, p. 344 sqq.)

Stambaugh

But what remains unthought in the matter of philosophy as well as in its method? Speculative dialectic is a mode in which the matter of philosophy comes to appeal of itself and for itself, and thus becomes presence. Such appearance necessarily occurs in some light. Only by virtue of light, i.e., through brightness, can what shines show itself, that is, radiate. But brightness in its turn rests upon something open, something free which might illuminate it here and there, now and then. Brightness plays in the open and wars there with darkness. Wherever a present being encounters another present being or even only lingers near it – but also where, as with Hegel  , one being mirrors itself in another speculatively – there openness already rules, open region is in play. Only this openness [65] grants to the movement of speculative thinking the passage through that which it thinks.

We call this openness which grants a possible letting-appear and show “opening,” In the history of language, the German word “opening” is a borrowed translation of the French clairiere. It is formed in accordance with the older words Waldung (foresting) and Feldung (fielding).

The forest clearing (opening) is experienced in contrast to dense forest, called “density” (Dickung) in older language. The substantive “opening” goes back to the verb “to open.” The adjective licht “open” is the same word as “light.” To open something means: To make something light, free and open, e.g., to make the forest free of trees at one place. The openness thus originating is the clearing. What is light in the sense of being free and open has nothing in common with the adjective “light,” meaning “bright” – neither linguistically nor factually. [4] This is to be observed for the difference between openness and light. Still, it is possible that a factual relation between the two exists. Light can stream into the clearing, into its openness, and let brightness play with darkness in it. But light never first creates openness. Rather, light presupposes openness. However, the clearing, the opening, is not only free for brightness and darkness, but also for resonance and echo, for sounding and diminishing of sound. The clearing is the open for everything that is present and absent.

It is necessary for thinking to become explicitly aware of the matter called opening here. We are not extracting mere notions from mere words, e.g., “opening,” as it might easily appear on the surface. Rather, we must observe the unique matter which is adequately named with the name “opening.” What the word designates in the connection we are now thinking, free openness, is a “primal phenomenon,” to use a word of Goethe  ’s. We would have to say a primal matter. Goethe   notes (Maxims and Reflections, n. 993): “Look for nothing behind phenomena: they themselves are what is to be [66] learned.” This means: The phenomenon itself, in the present case the opening, sets us the task of learning from it while questioning it, that is, of letting it say something to us.

Accordingly, we may suggest that the day will come when we will not shun the question whether the opening, the free open, may not be that within which alone pure space and ecstatic time and everything present and absent in them have the place which gathers and protects everything.

In the same way as speculative dialectical thinking, originary intuition and its evidence remain dependent upon openness which already dominates, upon the opening. What is evident is what can be immediately intuited. Evidentia is the word which Cicero   uses to translate the Greek enargeia, that is, to transform it into the Roman. Enargeia, which has the same root as argentum (silver), means that which in itself and of itself radiates and brings itself to light. In the Greek language, one is not speaking about the action of seeing, about videre, but about that which gleams and radiates. But it can only radiate if openness has already been granted. The beam of light does not first create the opening, openness, it only traverses it. It is only such openness that grants to giving and receiving at all what is free, that in which they can remain and must move.

All philosophical thinking which explicitly or inexplicitly follows the call “to the thing itself” is already admitted to the free space of the opening in its movement and with its method. But philosophy knows nothing of the opening. Philosophy does speak about the light of reason, but does not heed the opening of Being. The lumen naturale, the light of reason, throws light only on openness. It does concern the opening, but so little does it form it that it needs it in order to be able to illuminate what is present in the opening. This is true not only of philosophy’s method, but also and primarily of its matter, that is, of the presence of what is present. To what extent the subiectum, the hypokeimenon, that which already lies present, thus what is present in its presence is constantly thought also in subjectivity cannot be shown here in detail. Refer to Heidegger, Nietzsche  , vol. 2 (1961), pages 429 ff. (GA14JS  :64-66)

Original

Doch was bleibt ungedacht sowohl in der Sache der Philosophie als auch in ihrer Methode? Die spekulative Dialektik ist eine Weise, wie die Sache der Philosophie aus sich selbst für sich selbst zum Scheinen kommt und so Gegenwart wird. Solches Scheinen geschieht notwendig in einer Helle. Nur durch sie hindurch kann das Scheinende sich zeigen, d. h. scheinen. Die Helle aber beruht ihrerseits in einem Offenen, Freien, das sie hier und dort, dann und wann erhellen mag. Die Helle spielt im Offenen und streitet [80] da mit dem Dunkel. Überall wo ein Anwesendes anderem Anwesenden entgegen kommt oder auch nur entgegen verweilt, aber auch dort, wo wie bei Hegel   spekulativ eines im anderen sich spiegelt, da waltet schon Offenheit, ist freie Gegend im Spiel. Diese Offenheit allein gewährt auch dem Gang des spekulativen Denkens erst den Durchgang durch das, was es denkt.

Wir nennen diese Offenheit, die ein mögliches Scheinenlassen und Zeigen gewährt, die Lichtung [5]]. Das deutsche Wort »Lichtung« ist sprachgeschichtlich eine Lehnübersetzung des französischen clairi^re. Es ist gebildet nach den älteren Wörtern »Waldung« und »Feldung« [6].

Die Waldlichtung ist erfahren im Unterschied zum dichten Wald, in der älteren Sprache »Dickung« genannt. Das Substantivum »Lichtung« geht auf das Verbum »lichten« [7] zurück. Das Adjektivum »licht« ist dasselbe Wort wie »leicht«. Etwas lichten bedeutet: etwas leicht [8], etwas frei und offen machen, z. B. den Wald an einer Stelle frei machen von Bäumen. Das so entstehende Freie ist die Lichtung. Das Lichte im Sinne des Freien und Offenen hat weder sprachlich noch in der Sache etwas mit dem Adjektivum »licht« gemeinsam, das »hell« bedeutet. Dies bleibt für die Verschiedenheit von Lichtung und Licht zu beachten. Gleichwohl besteht die Möglichkeit eines sachlichen Zusammenhangs zwischen beiden. Das Licht kann nämlich in die Lichtung, in ihr Offenes, einfallen und in ihr die Helle mit dem Dunkel spielen lassen. [81] Aber niemals schafft das Licht erst die Lichtung, sondern jenes, das Licht, setzt diese, die Lichtung, voraus. Indes ist die Lichtung, das Offene, nicht nur frei für Helle und Dunkel, sondern auch für den Hall und das Verhallen, für das Tönen und das Verklingen. Die Lichtung ist das Offene für alles An- und Abwesende.

Es wird für das Denken notwendig, auf die Sache, die hier Lichtung genannt wird, eigens zu achten. Dabei werden nicht, wie es vordergründig allzuleicht scheinen könnte, aus bloßen Wörtern, z.B. »Lichtung«, bloße Vorstellungen herausgezogen. Vielmehr gilt es, auf die einzigartige Sache zu achten, die mit dem Namen »Lichtung« sachentsprechend genannt wird. Was das Wort in dem jetzt gedachten Zusammenhang nennt, das freie Offene, ist, um ein Wort Goethes zu gebrauchen, ein »Urphänomen«. Wir müßten sagen: eine Ur-sache. Goethe   vermerkt (Maximen und Reflexionen, n. 993): »Man suche nur nichts hinter den Phänomenen: sie selbst sind die Lehre.« Dies will heißen: Das Phänomen selbst, im vorliegenden Fall die Lichtung, stellt uns vor die Aufgabe, aus ihm, es befragend, zu lernen, d. h. uns etwas sagen zu lassen.

Demgemäß dürfte vermutlich das Denken eines Tages nicht vor der Frage zurückschrecken, ob die Lichtung, das freie Offene, nicht dasjenige sei, worin der reine Raum und die ekstatische Zeit und alles in ihnen An- und Abwesende erst den alles versammelnden bergenden Ort haben.

In derselben Weise wie das spekulativ-dialektische Denken bleibt die originäre Intuition und ihre Evidenz auf die schon waltende Offenheit, die Lichtung, angewiesen. Das Evidente ist das unmittelbar Einsehbare. Evidentia lautet das Wort, mit dem Cicero   das griechische ένάργεια übersetzt, d. h. ins Römische umdeutet. Ένάργεια, darin der selbe Stamm wie in argentum (Silber) spricht, meint das, was in sich selber aus sich her leuchtet und sich ins Licht bringt. In der griechischen Sprache ist nicht von der Aktion des Sehens, vom videre, die Rede sondern von solchem, was leuchtet und scheint. Es kann aber nur scheinen, wenn schon Offenheit gewährt ist. Der Lichtstrahl schafft nicht erst die Lichtung, die Offenheit, er durchmißt sie nur. Solche Offenheit allein [82] gewährt überhaupt einem Geben und Hinnehmen, gewährt einer Evidenz erst das Freie [9]], worin sie sich aufhalten können und sich bewegen müssen.

Alles Denken der Philosophie, das ausdrücklich oder nicht ausdrücklich dem Ruf »zur Sache selbst« folgt, ist auf seinem Gang, mit seiner Methode, schon in das Freie der Lichtung eingelassen. Von der Lichtung jedoch weiß die Philosophie nichts. Die Philosophie spricht zwar vom Licht der Vernunft, aber achtet nicht auf die Lichtung des Seins [10]. Das lumen naturale, das Licht der Vernunft, erhellt nur das Offene. Es betrifft zwar die Lichtung, bildet sie jedoch so wenig, daß es vielmehr ihrer bedarf, um das in der Lichtung Anwesende bescheinen zu können. Dies gilt nicht nur von der Methode der Philosophie sondern auch und sogar zuerst von ihrer Sache, nämlich von der Anwesenheit des Anwesenden. Inwiefern auch in der Subjektivität stets das subiectum, das υποκείμενον, das schon Vorliegende, also das Anwesende in seiner Anwesenheit gedacht wird, kann hier im einzelnen nicht gezeigt werden. Man beachte dazu Heidegger, Nietzsche   Bd. II (1961), S. 429 ff. [GA Bd. 6.2, S. 391 ff.]. (GA14  :79-82)


Ver online : Zur Sache des Denkens [GA14]


[1Waldung equivale a floresta; região de florestas. Feldung: campo, zona de campo, é expressão dialetal que não mais consta nos léxicos. (N. do T.)

[2Dickung: provém de dick, grosso, espesso, cerrado. (N. do T.)

[3Licht claro; leicht: leve. Lá onde existe vegetação leve (leicht), pode-se falar em licht (claro). (N. doT.)

[4Both meanings exist in English for light. The meaning Heidegger intends is related to lever (i.e., alleviate, lighten a burden). (Tr.)

[5vgl. Der Ursprung des Kunstwerkes. (1935 ff.)
Holzwege 1950, S. 38 ff. [GA Bd. 5, S.36ff.] (Reclam 1960. 52 ff.) Hegel und die Griechen 1960, Wegmarken 270 ff. [GA Bd. 9, S. 441 ff.]
Die Herkunft der Kunst und die Bestimmung des Denkens. Vortrag in der Akademie der Wissenschaften und Künste Athen 4. April 1967 [Denkerfahrungen, S. 135 ff.; erscheint in GA Bd. 80

[6vgl. Goethe. Italienische Reise, Neapel 26. Februar (1787)
»Weitung« »Weite«

[7»Ein Windstoß alte Linden lichtet«
G. Trakl, WW 1969, S. 274

[8vielleicht aus vil-lichte
viel-freies, viel-mögliches, möglicherweise

[9vgl. Vom Wesen der Wahrheit 1930 [GA Bd. 9, S. 177 ff.

[10genauer: von der Lichtung des Austrags, der selbst lichtend-nichtend hervor-bringt
Anwesendes in seine je eigentümliche Anwesenheit
Das Ende der Philosophie und die Aufgabe des Denkens