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Bret Davis (2010:8-9) – Dasein é o sítio da ocorrência do ser
sábado 5 de outubro de 2024
Outra afirmação crucial de Heidegger é que o ser humano — como Da-sein (literalmente “ser-aí”) — é o sítio da ocorrência do ser. Em seu pensamento posterior, Heidegger chega a dizer que os entes humanos são necessários (gebraucht) para o acontecimento apropriativo (Ereignis) que abre um mundo pleno de sentido, e é somente em tal mundo que os entes podem ser os entes que são (ver CP=GA65 : §§194-5; EGT 53 = GA5 : 367-8; PM 308 =GA9 : 407). Por isso, Heidegger frequentemente enfatiza que sua questão do ser deve ser entendida como uma questão da relação entre o ser e o ser humano, uma relação que ele caracteriza como um “pertencer junto” (ver WCT 79 = GA8 :WhD 74; GA11 :IDS 30-32 = ID 17-19). Essa relação esteve, de uma forma ou de outra, no centro de seu caminho de pensamento do início ao fim, e todas as “viradas” em seu pensamento sobre o ser — tanto as de seu pensamento quanto as do ser — devem ser entendidas em termos de sua preocupação permanente com essa relação central entre o ser e o ser humano. A questão do ser é, portanto, ao mesmo tempo, a questão do lugar e do papel do ser humano no evento histórico-temporal que permite que os entes sejam os entes significativos que parecem ser. Embora ocorra uma mudança importante no curso do caminho do pensamento de Heidegger com relação à sua ideia do comportamento adequado do ser humano em relação ao ser — uma mudança de uma tendência ambivalente para o voluntarismo em seus períodos inicial e intermediário para uma sintonia fundamental de “liberação” (Gelassenheit) e uma tentativa explícita de pensar de forma não voluntarista, o que não quer dizer passiva, em seu período posterior (ver DT = G; CPC=GA77 ; Davis 2007) — a questão do ser para Heidegger permanece em todas as fases de seu pensamento como uma questão sobre a relação entre o ser e o ser humano.
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