Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Braver (2014:172-174) – “dá-se” [“es gibt”]

domingo 6 de outubro de 2024

Heidegger brinca com a expressão alemã para “há” [there is]: “es gibt”. Literalmente, isso significa “dá-se”, da mesma forma que a frase em inglês “there is” se refere literalmente a uma localização espacial. Heidegger aproveita esse fato para capturar o que acontece: o ser é um dado que resiste a qualquer explicação e deve preceder tudo o mais. Além disso, é uma dádiva, um grande benefício para nós. Como nos foi dada a capacidade de pensar, devemos usá-la tanto quanto possível e da forma mais completa possível. Em um jogo de palavras que sobreviveu à tradução, ele conecta o pensamento (“denken”) com o agradecimento (“danken”), de modo que essa atividade é o “agradecimento que, por si só, presta homenagem à graça que o ser concedeu à essência humana ao pensar” (GA9  :PM 236). Todos nós pensamos no sentido de estarmos conscientes dos entes ao nosso redor e termos opiniões sobre eles, mas poucos de nós pensam sobre esse pensamento ou tentam elevá-lo às suas formas mais elevadas. Poucos de nós se esforçam para pensar com excelência. Em primeiro lugar, foram os filósofos que guardaram o pensamento, preservando a centelha ao longo das gerações e, ocasionalmente, transformando-a em um incêndio. Isso é o que significa não considerar a capacidade de pensar como dádiva.

[BRAVER  , Lee. Heidegger. Thinking of Being. London: Polity Press, 2014]


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