Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Biemel (1987:134-135) – passado-presente e presente-passado

sexta-feira 4 de outubro de 2024

No que diz respeito ao passado, já indicamos o contraste entre o passado-presente (Gewesenheit) e o presente-passado (Vergangenheit) (que corresponde ao que normalmente é chamado de passado). Devemos acrescentar aqui que o verdadeiro passado é essencialmente repetição (Wieder-holung). Isso significa que não é um passado que abandonamos, que deixamos para trás, mas um passado ao qual retornamos e, portanto, mantemos presente. Se quisermos realizar nosso ser, devemos retornar a ele, pois ele já o contém de certa forma.

No passado inautêntico, que chamamos de presente-passado, o Dasein não se aproxima de seu próprio passado, mas, ao contrário, distancia-se dele e, assim, torna-o inacessível para si mesmo, fazendo-o cair no esquecimento. Ao mesmo tempo, ele se esquece de si mesmo porque o passado não é distinto do Dasein: o Dasein é seu passado, mesmo que tenha perdido o sentido dele.

Quando se esquece de seu passado, o Dasein ocupado se concentra no ente que lhe é presente, retendo-o. O passado inautêntico é, por excelência, a retenção. A atitude pela qual o Dasein se limita a reter o ente é, portanto, uma consequência do auto-esquecimento. O “esquecimento” no sentido comum (esquecer uma data, um nome, um objeto) é apenas secundário ao esquecimento primordial, que é o esquecimento de si mesmo. Quando imerso no passado inautêntico, o Dasein não está ciente desse esquecimento fundamental que, naquele momento, caracteriza seu ser: esse esquecimento permanece oculto para ele (SZ  :339).

[BIEMEL  , Walter. Le concept de monde chez Heidegger. Paris: Vrin, 1987]


Ver online : Walter Biemel