Casanova
Em sua essência, o ente que nós mesmos respectivamente somos, o homem, é um neutro. Denominamos esse ente: o ser-aí . Todavia, faz parte da essência desse ente neutro o fato de ele, contanto que exista, a cada vez, de maneira fática, necessariamente romper a sua neutralidade. Ou seja: como um ente fático, o ser-aí sempre é, a cada vez, masculino ou feminino, ou seja, ele é um ser sexuado; esse fato encerra em si um um-com-o-outro e um um-em-relação-ao-outro totalmente (…)
Responsáveis: João Cardoso de Castro (doutor Bioética - UFRJ) e Murilo Cardoso de Castro (doutor Filosofia - UFRJ)
Matérias mais recentes
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GA27:146-147 – Dasein neutro e os sexos
19 de março, por Cardoso de Castro -
GA29-30:411-413 – mundo significa acessibilidade do ente
18 de março, por Cardoso de CastroCasanova
[…] Este “as coisas se dão para alguém de uma maneira ou de outra” revela-se como a fórmula para uma abertura do ser-aí enquanto tal. Tonalidades afetivas fundamentais são possibilidades insignes de uma tal abertura. Este caráter insigne não reside tanto no fato de o que é aberto ser mais rico e multifacetado em comparação com as tonalidades afetivas medianas [364] ou mesmo com a ausência de tonalidade. Ao contrário, insigne é o que se abre de certa maneira em toda e qualquer (…) -
Herrmann (2013:46-48) – Er-eignis
18 de março, por Cardoso de Castrodestaque
[…] Ao ver a tribuna, "algo acontece"; "estou lá com todo o meu eu"; "é uma experiência vivida especificamente para mim". Esta é a designação no ver hermenêutico do ver-a-tribuna, e a experiência vivida assim vista hermeneuticamente é um acontecimento. Mas não é o acontecimento de algo que passa e que é refletidamente apresentado, mas antes um acontecimento da experiência vivida com a qual eu me identifico quando a vejo hermeneuticamente. Este carácter mais próprio do (…) -
Herrmann (2013:41-43) – experiência-vivida
18 de março, por Cardoso de Castrodestaque
De modo a retomar a compreensão hermenêutica da experiência vivida do mundo circundante, temos de a trazer à mente de tal forma que nos transportemos expressamente para ela. Quando Heidegger fala ocasionalmente de "olhar para a minha relação de visão com o púlpito dado no mundo circundante", esta frase é inadequada para a compreensão hermenêutica, porque reaviva o pensamento de uma tematização objectificadora. Se o sentido do ver-o-púlpito for preservado da objectificação teórica, (…) -
McNeill (2020:C7) – clareira (Lichtung)
18 de março, por Cardoso de Castrodestaque
[…] "onde a filosofia levou sua matéria a um saber absoluto [Hegel] e a uma evidência finalmente válida [Husserl]", podemos ficar atentos a algo que se oculta, algo que já não pode ser matéria a pensar da filosofia (GA14, 79).
A este impensado da filosofia Heidegger dá o nome de clareira (Lichtung), como a abertura através da qual o curso tanto do pensamento especulativo como da intuição originária têm de passar para se realizarem como um trazer à presença. A abertura da (…) -
Marion (1998:§2) – a não-evidência
16 de março, por Cardoso de CastroJeffrey L. Kosky
Admitting the phenomenality proper to the phenomenon—its right and its power to show itself on its own terms—thus implies understanding it in terms of givenness. Husserl, summing up at the end of his career what was gained in his first “breakthrough work,” the Logical Investigations, indicates exactly what change was demanded of philosophical thought: “It was there [in 1901] that evidence’ (that dead logical idol) was transformed into a problem for the first time, freed (…) -
Schürmann (1982:309-313) – responsabilidade
13 de março, por Cardoso de Castrodestaque
O que seria um conceito não-metafísico e não-calculativo de responsabilidade? Deve ser um conceito que desconstrua a dívida de responsabilidade e a autoridade à qual ela é devida. A desconstrução da instância justificadora é a destituição dos princípios epocais. Heidegger delineia a desconstrução da essência calculadora com a ajuda de algumas etimologias. O verbo latino reor deu origem ao verbo alemão rechnen. Esta palavra, Heidegger não a entende no sentido vulgar de "contar", (…) -
Derrida (1999) – crimes contra a humanidade
13 de março, por Cardoso de Castrodestaque
Mesmo que palavras como "crime contra a humanidade" façam agora parte da linguagem quotidiana. Este acontecimento foi, ele próprio, produzido e autorizado por uma comunidade internacional numa data específica e de acordo com um padrão específico da sua história. Uma história que se entrelaça, mas não se confunde, com a história de uma reafirmação dos direitos humanos, de uma nova Declaração dos Direitos do Homem. Esta espécie de mutação estruturou o espaço teatral em que se (…) -
Derrida (1999) – perdão
13 de março, por Cardoso de Castrodestaque
Por isso, arrisco-me a fazer esta proposta: sempre que o perdão serve um objetivo, por mais nobre e espiritual que seja (redenção, reconciliação, salvação), sempre que visa restabelecer a normalidade (social, nacional, política, psicológica) através do trabalho de luto, através de uma qualquer terapia ou ecologia da memória, então o "perdão" não é puro — e o seu conceito também não. O perdão não é, nem deve ser, normal, normativo ou normalizador. Deve permanecer excepcional e (…) -
Derrida (2008:340-343) – logos
12 de março, por Cardoso de Castrodestaque
No § que se segue [em GA29-30] à confissão sem confissão, e ao compromisso de se afastar da Täuschung a propósito da Täuschung em Sein und Zeit, Heidegger sublinhará sucessivamente, colocando-as em itálico, as palavras "Möglichkeit" (possibilidade) e "Vermögen" (poder, faculdade, etc.). A raiz comum, Mögen, de que já falamos longamente, autoriza esta transição, mesmo que seja grave. A essência do logos, recorda-nos Heidegger, reside no facto de nele residir a possibilidade (…)