Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

Página inicial > Fenomenologia > Birault (1978:392-393) – sentido do ser e verdade do ser

Birault (1978:392-393) – sentido do ser e verdade do ser

segunda-feira 25 de março de 2024

destaque

A última frase de Vom Wesen   der Wahrheit   afirma: "O processo de questionamento é em si mesmo o caminho de um pensamento que, em vez de oferecer representações e conceitos, se experimenta e se sente como uma mutação da relação com o ser" [GA9  ]. O pensamento da essência da verdade é convertido num pensamento da verdade da essência ou do ser. Esta conversão é a experiência ou teste de um pensamento que está essencialmente a caminho. O caminho do pensamento não pode ser equiparado aqui ao itinerário intelectual de um qualquer autor. O pensamento, que está sempre em movimento, "corresponde" ao devir essencialmente movente do ser. O pensamento é a experiência do pensamento porque há, no mais íntimo do ser, uma veia do ser que nos entrega o seu sentido ou a sua verdade. Heidegger afirma frequentemente a identidade das palavras sentido e verdade nas expressões sentido do ser ou verdade do ser. Esta identidade, no entanto, é incompreensível enquanto o desvelamento do ser não for concebido como uma chegada (Ankunft) ao domínio do projetado do seu projeto (Entwurfsbereich). O ser chega sempre, o ser é "há" [Il y a], o ser não é o futuro mas o advento do tempo. Só assim é que o ser é sentido.

original

La dernière phrase de l’écrit Vom Wesen der Wahrheit déclare : « La démarche de l’interrogation est en soi le chemin d’une pensée qui, au lieu d’offrir des représentations et des concepts, s’expérimente et s’éprouve comme mutation du rapport à l’être. » [1] La pensée de l’essence de la vérité se convertit en une pensée de la vérité de l’essence ou de l’être. Cette conversion est l’expérience ou l’épreuve d’une pensée essentiellement cheminante. Le chemin de la pensée n’est pas assimilable ici à l’itinéraire intellectuel d’un auteur [393] quelconque. La pensée qui toujours se met et se tient en chemin « correspond » à la venue essentiellement cheminante de l’être. La pensée est l’expérience de la pensée parce qu’il y a, au plus intime de l’être, une nervure de l’être qui nous livre son sens ou sa vérité. Heidegger affirme souvent l’identité des mots sens et vérité dans les expressions sens de l’être ou vérité de l’être. Cette identité, toutefois, est incompréhensible aussi longtemps que le dévoilement de l’être n’est pas conçu comme une arrivée (Ankunft) dans le domaine de jet de son projet (Entwurfsbereich). L’être toujours arrive, l’être est le Il y a, l’être est, non point l’avenir mais l’advenir du temps. C’est ainsi seulement que l’être est le sens.

Le sens de l’être est aussi bien l’essence de l’être. La pensée qui s’interrogeait sur la vérité de l’être était aussi bien phénoménologie qu’herméneutique. L’essence est « à voir », le sens est « à entendre », l’être en sa vérité se montre et parle d’une parole silencieuse à laquelle doit répondre et correspondre la parole recueillie des mortels.


Ver online : Henri Birault


[1Heidegger, Wegmarken. Vom Wesen der Wahrheit, § 9, p. 97 : « Die Schrittfolge des Fragens ist in sich der Weg eines Denkens, das, statt Vorstellungen und Begriff zu liefern, sich als Wandlung des Bezugs zum Sein erfährt und erprobt. »