Podemos encontrar traços desse tema [o instrumento] em outro lugar? Se minha perspectiva geral for esclarecedora, eles devem ser encontrados onde a redescoberta do Dasein por trás do “homem” leva, em outras palavras, na forma como Heidegger caracteriza o que o Dasein tem a ver com uma “ferramenta” ou “instrumento” (Zeug). É possível identificar passagens em Aristóteles nas quais esse fenômeno tenha sido, se não explicitamente compreendido, pelo menos vislumbrado? Parece que sim, se nos (…)
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Zeug / Zeughaftigkeit / Zeugganzes
Zeug / outil / ustensile / instrumento / utensílio / pragma / useful thing / o útil / Zeughaftigkeit / ustensilité / instrumentalidade / instrumental / pragmaticidad / Zeugganzheit / totalité d’outils / totalidade-instrumental / totality of useful things / totalidad de útiles / Zeugganzes / complexe d’outils / todo-instrumental / totality of useful things
Heidegger recupera o sentido mais antigo de "material, instrumento, utensílio", coisas que possuem o caráter de Um-zu, o "a-fim-de" (SZ 68).
Zeug est plus vaste que Werkzeug (SZ 74). Zeug já significou "meios, equipamentos, material, etc.", desde XVII passou a significar "troço, lixo".
ZEUG E DERIVADOS
Matérias
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Brague (1988:198-199) – o instrumento [organon, Zeug]
31 de outubro, por Cardoso de Castro -
Être et temps : § 15. L’être de l’étant qui fait encontre dans le monde ambiant.
9 de julho de 2011, por Cardoso de CastroVérsions hors-commerce:
MARTIN HEIDEGGER, Être et temps, traduction par Emmanuel Martineau. ÉDITION NUMÉRIQUE HORS-COMMERCE
HEIDEGGER, Martin. L’Être et le temps. Tr. Jacques Auxenfants. (ebook-pdf)
La mise en lumière phénoménologique de l’être de l’étant qui fait de prime abord encontre s’opère au fil conducteur de l’être-au-monde quotidien. Nous appelons celui-ci [67] l’usage que, dans le monde, nous avons de l’étant intramondain. Cet usage s’est déjà dispersé en une multiplicité de (…) -
McNeill (2006:6-8) – órgãos - instrumentos - telos
4 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Mas o que é que significa "ter" olhos? E será que ver é simplesmente o resultado de ter olhos? No curso de 1929-30, Heidegger começa a sua elucidação da essência do organismo tentando libertar a nossa compreensão do organismo e dos seus órgãos de qualquer concepção instrumental. No entanto, a própria palavra órgão, derivada do grego organon ("instrumento de trabalho", ou Werkzeug, como Heidegger a traduz), e relacionada com ergon ("trabalho", em alemão: Werk), sugere ela própria (…) -
Graham Harman (2002:§1) – império-utilitário global
22 de fevereiro, por Cardoso de Castrodestaque
A próxima caraterística importante do equipamento é a sua totalidade. O utensílio nunca se encontra isolado, mas pertence a um sistema: "Em sentido estrito, não existe um equipamento. Ao ser de qualquer equipamento pertence sempre uma totalidade de equipamentos, na qual ele pode ser o equipamento que é." Mais uma vez, há o perigo de nos precipitarmos num acordo fácil com Heidegger. O cerne da questão não reside na observação de que o equipamento se encontra sempre em conjunto com (…) -
Graham Harman (2002:80-83) – dá-se [es gibt]
25 de outubro, por Cardoso de CastroSomente reconhecendo o domínio mais extremo da oposição ‘ferramenta X ferramenta quebrada’ no pensamento de Heidegger é que ganhamos uma ânsia genuína por qualquer coisa que possa escapar dela. Essa é a razão pela qual os comentaristas anteriores ignoraram o tema que será discutido agora. Até agora, apresentei Heidegger como incapaz de romper o monopólio sufocante da estrutura-como]. Foi demonstrado repetidamente que todas as entidades são “utensílios” no sentido mais amplo do termo. Por sua (…)
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Milet (2000:67-70) – De l’ustensile, considéré en lui-même
20 de dezembro de 2019, por Cardoso de CastroMILET, Jean-Philippe. L’Absolu Technique. Paris: Kimé, 2000, p. 67-70
S’il est pertinent de lire, dans Qu’est-ce-qu une chose ?, une invitation à interpréter Etre et Temps suivant le fil conducteur de l’apprentissage des usages, c’est au cœur de l’ustensilité qu’il convient de chercher l’émergence du mathématique. L’usage se montre à partir de l’étant disponible (ou utilisable, Zuhanden). Le disponible est accessible à partir du Zeug — et, de prime abord et le plus souvent, comme Zeug. (…) -
Graham Harman (2002:44-46) – ferramenta e ferramenta quebrada
25 de outubro, por Cardoso de CastroOs ser-ferramentas (ou seja, todos os entes) recolhem-se ao trabalho de um fundo despercebido; sua fachada sensível não é o que é primário. Na medida em que o contexto referencial domina, o ente não tem regiões. Dissolvidas em um efeito geral de utensílio, os entes desaparecem em um sistema único de referência, perdendo sua singularidade. A ferramenta-sistema é uma totalidade, a totalidade conhecida como mundo. Mas agora nos lembramos de que isso representa apenas metade da história. Apesar (…)
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Arendt (CH:§16) – Trabalho, Intrumentos e Ferramentas
15 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroTradução
É verdade que o enorme aperfeiçoamento de nossas ferramentas de trabalho – os robôs mudos com os quais o homo faber acorreu em auxílio do animal laborans, em contraposição aos instrumentos humanos dotados de fala (o instrumentum vocale, como eram chamados os escravos no lar, entre os antigos), os quais o homem de ação tinha de dominar e oprimir sempre que desejava liberar o animal laborans de sua sujeição – tornou o duplo trabalho da vida, o esforço de sua manutenção e a dor de (…) -
Graham Harman (2002:§1) – utensílio e sua totalidade
25 de outubro, por Cardoso de CastroA próxima característica importante do utensílio é sua totalidade. O utensílio nunca é encontrado isoladamente, mas pertence a um sistema: “Tomado estritamente, não existe algo como um utensílio. Para o ser de qualquer utensílio, há sempre uma totalidade de utensílios, na qual ele pode ser esse utensílio que é.” [BTMR:97] Aqui, novamente, há o perigo de se apressar em concordar facilmente com Heidegger. O cerne da questão não está na observação de que o utensílio é sempre encontrado em (…)
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Richardson (2003:53-55) – instrumentalidade
27 de setembro, por Cardoso de CastroVamos examinar mais de perto o Ser desses instrumentos com os quais o Aí-ser se ocupa. Todo instrumento é essencialmente “com o propósito de” (um zu) fazer algo, ou seja, com propósito (por exemplo, a caneta para escrever), e esse propósito tem em sua própria estrutura uma referência (Verweisung) àquilo para o qual serve a um propósito. Referido além de si mesmo a uma tarefa a ser cumprida, o instrumento (p. ex., caneta), em conjunto com outros instrumentos (p. ex., papel, tinta, (…)
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Salanskis: L’usage technophobe
29 de maio de 2017, por Cardoso de CastroExtrato das páginas 101-113 da edição de 1997 da Belles Lettres.
Sans nul doute, le prestige le plus considérable, la faveur la plus large que s’attire aujourd’hui Heidegger lui viennent de son discours sur la technique. Pour faire bref, Heidegger est regardé comme l’auteur qui, par excellence, aurait perçu l’importance fabuleuse de la technique pour l’essence du monde moderne, qui aurait discerné la faille et le danger de l’engagement de l’histoire mondiale dans le projet ou le processus (…) -
Graham Harman (2002:§1) – utensílio [Zeug]
22 de fevereiro, por Cardoso de Castrodestaque
Em todo o caso, o resultado fundamental da análise de Heidegger sobre o utensílio não é o fato de "o equipamento se tornar invisível quando serve objetivos humanos remotos", uma afirmação pouco inspirada e trivial. Já deveria ser evidente que a percepção crucial não tem nada a ver com o manuseamento humano de utensílios; em vez disso, a transformação ocorre do lado dos utensílios. O equipamento não é eficaz "porque as pessoas o usam"; pelo contrário, só pode ser usado porque é (…) -
Être et temps : §70. La temporalité de la spatialité propre au Dasein.
17 de julho de 2014, por Cardoso de CastroVérsions hors-commerce:
MARTIN HEIDEGGER, Être et temps, traduction par Emmanuel Martineau. ÉDITION NUMÉRIQUE HORS-COMMERCE
HEIDEGGER, Martin. L’Être et le temps. Tr. Jacques Auxenfants. (ebook-pdf)
Bien que l’expression « temporalité » ne signifie point ce que le discours sur « l’espace et le temps » comprend comme temps, il semble pourtant que la spatialité, elle aussi, constitue une déterminité fondamentale du Dasein, au même titre que la temporalité elle-même. Du coup, l’analyse (…) -
Haar (1985:45-50) – Primado da utilidade sobre o "ente-subsistente-natureza"
5 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Contrariamente a todas as filosofias da natureza e da vida, nomeadamente as de Bergson e Dilthey, a fenomenologia do Dasein rejeita a evidência de um parentesco primordial ou de uma fusão do homem com a "substância viva". A partir de que princípio? A natureza e a vida só são acessíveis num mundo, o do Dasein. A vida é um tipo particular de ser", reconhece Sein und Zeit, "mas que é essencialmente acessível apenas no Dasein". O que é este "ser particular" da vida, nós não sabemos; e (…) -
Arendt (CH:§20) – automação
15 de outubro de 2021, por Cardoso de CastroRoberto Raposo
Como tão frequentemente ocorre com os desdobramentos históricos, parece que as verdadeiras implicações da tecnologia, isto é, da substituição de ferramentas e utensílios pela maquinaria, só vieram à luz em seu derradeiro estágio, com o advento da automação. Para nossos propósitos talvez seja útil lembrar, mesmo brevemente, os principais estágios do desenvolvimento da moderna tecnologia desde o início da era moderna. O primeiro estágio, a invenção da máquina a vapor, que (…) -
Courtine (1990:288-291) – Zuhandenheit e Vorhandenheit
23 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
A "estratégia" de Sein und Zeit consiste aqui — como sabemos — em questionar o que é imediatamente dado ou encontrado à primeira vista, no comércio quotidiano. O que é que está presente "dentro do mundo"? O que é que se descobre em termos do ser que se dá como "natureza"? A análise que parte do que é encontrado "à primeira vista" — a matéria com que nos ocupamos, o ser "fenomenologicamente pré-temático" de que nos servimos ou que encontramos num processo de produção — descobre (…) -
Gorner: Dasein
30 de abril de 2017, por Cardoso de CastroExcertos da p. 4-6 de HEIDEGGER’S BEING AND TIME. AN INTRODUCTION. BY PAUL GORNER.
The term he will use to designate the being of the entity he calls Dasein is existence. The important thing about existence, in contrast to other modes of being, is the understanding of being. To say that Dasein exists is to say that Dasein is in such a way that it understands being — its own being but also the being of things other than itself to which, as Heidegger will put it, it comports itself.
The (…) -
Être et temps : § 26. L’être-Là-avec des autres et l’être-avec quotidien.
10 de julho de 2011, por Cardoso de CastroVérsions hors-commerce:
MARTIN HEIDEGGER, Être et temps, traduction par Emmanuel Martineau. ÉDITION NUMÉRIQUE HORS-COMMERCE
HEIDEGGER, Martin. L’Être et le temps. Tr. Jacques Auxenfants. (ebook-pdf)
La réponse à la question du qui du Dasein quotidien doit être conquise dans une analyse du mode d’être où le Dasein se tient de prime abord et le plus souvent. La recherche prendra donc son orientation sur l’être-au-monde en tant que constitution fondamentale du Dasein qui co-détermine (…) -
McNeill (2006:8-11) – ser do equipamento e ser do órgão
5 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
[…] devido à sua capacidade de auto-produção, auto-renovação e autorregulação, o organismo deve ter dentro de si uma força ativa específica ou um agente vital, uma "entelequia". Esta conclusão, insiste Heidegger, encerra o problema da essência da vida. Pois implica algum tipo de causa eficiente que origina e controla o movimento e o desenvolvimento do organismo, produzindo os seus órgãos (Heidegger fala de uma "agência eficaz" ou "fator causal", um Wirken ou Wirkungsmoment (…) -
Flusser (2018:45-50) – mundo das coisas reais = teia das nossas frases
14 de outubro, por Cardoso de CastroTomemos como exemplo a frase: “O homem lava o carro”. Nessa frase “o homem” é sujeito, “o carro” é objeto e “lava” é predicado. O sujeito “o homem” irradia o predicado “lava” em direção ao objeto “o carro”. A frase tem, portanto, a forma (Gestalt) de um tiro ao alvo. O sujeito (“o homem”) é o fuzil, o predicado (“lava”) é a bala, o objeto (“o carro”) é o alvo. Podemos ainda visualizar a situação comparando-a com uma projeção cinematográfica. O sujeito (“o homem”) é o projetor, o predicado (…)
Notas
- Boutot (1993:33) – Zeug - utensílio
- Flusser (2004:93-94) – coisas [Dinge]
- GA17:13-14 – A categoria "objeto" entre os gregos
- Graham Harman (2002:Intro) – análise da ferramenta
- Graham Harman (2002:Intro) – ôntico, “pertencente à presença-à-mão”
- Graham Harman (2002:Intro) – ser-utensílio
- Graham Harman (2002:Intro) – Zuhandenheit
- Greisch (1994:§17) – Verweisung - referência
- Hatab (2017) – Vorhandenheit
- Lovitt: ENRICHTUNG - INSTRUMENTUM
- MacDowell: A compreensão grega do ser como "estar-aí"
- Richardson (2003:53) – Umwelt
- SZ:117-118 – "mundo" é também Dasein
- SZ:69 – Zuhandenheit - ser-utilizável