Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Graham Harman (2002:Intro) – Zuhandenheit

sexta-feira 25 de outubro de 2024

A chave para a filosofia de Heidegger é o conceito de Zuhandenheit ou prontidão para a mão [STMS  :manualidade], ao qual também me refiro como “ser-utensílio”. Essa não seria uma afirmação tão incomum se não fosse por minha afirmação de que esse conceito tem sido quase universalmente mal compreendido. A análise de utensílios não é uma descrição regional limitada de martelos, serras, palitos de dente e outros dispositivos técnicos. Em vez disso, a famosa análise de ferramentas é válida para todas as entidades, independentemente de serem úteis ou inúteis. Os próprios entes estão envolvidos em uma troca contínua entre a presença à mão [Vorhandenheit] e a prontidão à mão. Essa estrutura dupla pertence a todas as entidades e não é uma declaração sobre os altos e baixos da atividade humana. Dessa forma, é inútil ler a análise de Heidegger pelas lentes do pragmatismo. Exatamente pela mesma razão, ela não pode ser lida em termos do relato de Aristóteles   sobre a poiesis — uma tendência crescente que precisa ser interrompida antes que falsamente pareça óbvia. A prontidão para a mão tem tudo a ver com um modo de ser das entidades, e nada a ver com as circunstâncias sob as quais elas foram produzidas. Por razões semelhantes, não há base na análise de ferramentas para qualquer teoria frutífera da tecnologia moderna. Quaisquer que tenham sido as intenções de Heidegger, sua teoria do utensílio se aplica a todas as entidades: cinzéis, ogivas nucleares e girassóis. É fundamental que não sejamos enganados pelas conotações usuais da palavra “ferramenta”.

[HARMAN, Graham. Tool-Being. Heidegger and the Metaphysics of Objects. Chicago: Open Court, 2002]


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