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cálculo
quarta-feira 13 de dezembro de 2023
Rechnung, Rechnen = CÁLCULO
berechnen = calcular
[…] apenas se representar [vorstellen] como sendo um decurso de processos [Ablauf von Vorgängen] e como sendo, encadeado em um tal decurso, o elo de uma sequência de eventos [Glied einer Abfolge von Begebenheiten] que sempre se encontram uma vez mais com uma monotonia circular sem fim – representar-se dessa maneira significa: não ser junto a si mesmo, não se mostrar como o ente que pertence enquanto ele mesmo à totalidade do ente [nicht bei sich selbst, nicht als das Seiende sein, das als es selbst in das Ganze des Seienden gehört]. Representar o homem desse modo equivale a esquecê-lo enquanto um si-próprio em meio a todo CÁLCULO [Rechnung], tomá-lo como alguém que, em meio à contagem dos entes presentes [Abzählung der Anwesenden], esquece de contar a si mesmo. Representar o homem assim significa [280]: calcular tudo extrinsecamente, excluindo, porém, a si mesmo e mantendo-se fora do ente. Em meio a esse CÁLCULO [Verrechnung] não levamos mais em consideração o fato de nós, enquanto um si próprio temporal entregue à responsabilidade por si mesmo, estarmos entregues à responsabilidade do futuro em nossa vontade [Zukunft im Willen] e de só a temporalidade do ser humano [Zeitlichkeit des Menschseins] determinar o modo como o homem afinal se encontra nesse anel do ente [Ring des Seienden]. [GA6T1 :397-398; tr. Casanova ]
Permanece verdade: o homem da idade da técnica vê-se desafiado, de forma especialmente incisiva, a comprometer-se com o desencobrimento. Em primeiro lugar, ele lida com a natureza, enquanto o principal reservatório das reservas de energia. Em consequência, o comportamento dis-positivo do homem mostra-se, inicialmente, no aparecimento das ciências modernas da natureza. O seu modo de representação encara a natureza, como um sistema operativo e calculável de forças. [GA7 , pag. 24]
A técnica moderna só se pôs realmente em marcha quando conseguiu apoiar-se nas ciências exatas da natureza. Considerada na perspectiva dos CÁLCULOs da historiografia, esta constatação é correta. Considerada, porém, à luz do pensamento da História tal constatação não alcança a verdade. [GA7 , pag. 25]
Por isso, apesar de ter abandonado a representação de objetos que, até há pouco, era o único procedimento decisivo, a física moderna nunca poderá renunciar à necessidade de a natureza fornecer dados, que se possa calcular, e de continuar sendo um sistema dis-ponível de informações. [GA7 , pag. 26]
Do mesmo modo, em que a natureza, expondo-se, como um sistema operativo e calculável de forças pode proporcionar constatações corretas mas é justamente por tais resultados que o desencobrimento pode tornar-se o perigo de o verdadeiro se retirar do correto. [GA7 , pag. 29]
É por isso que também se torna necessária a formulação do que até agora foi silenciado: situa-se este pensamento já na lei de sua verdade se apenas segue aquele pensamento compreendido pela "lógica", em suas formas e regras? Por que põe a preleção esta expressão entre aspas? Para assinalar que a "lógica" é apenas uma das explicações da essência do pensamento; aquela que já, o seu nome o mostra, se funda na experiência do ser realizado pelo pensamento grego. A suspeita contra a lógica — como sua consequente degenerescência pode valer a logística — emana do conhecimento daquele pensamento que tem sua fonte na experiência da verdade do ser e não na consideração da objetividade do ente. De nenhum modo é o pensamento exato o pensamento mais rigoroso, se é verdade que o rigor recebe sua essência daquela espécie de esforço com que o saber sempre observa a relação com o elemento fundamental do ente. O pensamento exato se prende unicamente ao CÁLCULO do ente e a este serve exclusivamente. Qualquer CÁLCULO reduz todo numerável ao enumerado, para utilizá-lo para a próxima enumeração. O CÁLCULO não admite outra coisa que o enumerável. Cada coisa é apenas aquilo que se pode enumerar. O que a cada momento é enumerado assegura o progresso na enumeração. Esta utiliza progressivamente os números e é, em si mesma, um contínuo consumir-se. O resultado do CÁLCULO com o ente vale como o enumerável e consome o enumerado para a enumeração. Este uso consumidor do ente revela o caráter destruidor do CÁLCULO. Apenas pelo fato de o número poder ser multiplicado infinitamente e isto indistintamente na direção do máximo ou do mínimo, pode ocultar-se a essência destruidora do CÁLCULO atrás de seus produtos e emprestar ao pensamento calculador a aparência da produtividade, enquanto, na verdade, faz valer, já antecipando e não em seus resultados subsequentes, todo ente apenas na forma do que pode ser produzido e consumido. O pensamento calculador submete-se a si mesmo à ordem de tudo dominar a partir da lógica de seu procedimento. Ele não é capaz de suspeitar que todo o calculável do CÁLCULO já é, antes de suas somas e produtos calculados, num todo cuja unidade, sem dúvida, pertence ao incalculável que se subtrai a si e sua estranheza das garras do CÁLCULO. O que, entretanto, em toda parte e constantemente, se fechou de antemão, às exigências do CÁLCULO e que, contudo, já a todo momento, é, em sua misteriosa condição de desconhecido, mais próximo do homem que todo ente, no qual ele se instala a si e a seus projetos, pode, de tempos em tempos, dispor a essência do homem para um pensamento cuja verdade nenhuma "lógica" é capaz de compreender. Chamemos de pensamento fundamental aquele cujos pensamentos não apenas calculam, mas são determinados pelo outro do ente. Em vez de calcular com o ente sobre o ente, este pensamento se dissipa no ser pela verdade do ser. Este pensamento responde ao apelo do ser enquanto o homem entrega sua essência historial à simplicidade da única necessidade que não violenta enquanto submete, mas que cria o despojamento que se plenifica na liberdade do sacrifício. [MHeidegger O QUE É METAFÍSICA?]
De nenhum modo é o pensamento exato o pensamento mais rigoroso, se é verdade que o rigor recebe sua essência daquela espécie de esforço com que o saber sempre observa a relação com o elemento fundamental do ente. O pensamento exato se prende unicamente ao CÁLCULO do ente e a este serve exclusivamente. Qualquer CÁLCULO reduz todo numerável [Zählbare] ao enumerado, para utilizá-lo para a próxima enumeração. O CÁLCULO não admite outra coisa que o enumerável. Cada coisa é apenas aquilo que se pode enumerar. O que a cada momento é enumerado assegura o progresso na enumeração [Fortgang des Zählens]. Esta utiliza progressivamente os números e é, em si mesma, um contínuo consumir-se. O resultado do CÁLCULO com o ente vale como o enumerável e consome o enumerado para a enumeração. Este uso consumidor do ente revela o caráter destruidor do CÁLCULO. Apenas pelo fato de o número poder ser multiplicado infinitamente e isto indistintamente na direção do máximo ou do mínimo, pode ocultar-se a essência destruidora do CÁLCULO atrás de seus produtos e emprestar ao pensamento calculador a aparência da produtividade, enquanto, na verdade, faz valer, já antecipando e não em seus resultados subsequentes, todo ente apenas na forma do que pode ser produzido e consumido. O pensamento calculador submete-se a si mesmo à ordem de tudo dominar a partir da lógica de seu procedimento. Ele não é capaz de suspeitar que todo o calculável do CÁLCULO já é, antes de suas somas e produtos calculados, num todo cuja unidade, sem dúvida, pertence ao incalculável que se subtrai a si e sua estranheza das garras do CÁLCULO. O que, entretanto, em toda parte e constantemente, se fechou de antemão, às exigências do CÁLCULO e que, contudo, já a todo momento, é, em sua misteriosa condição de desconhecido, mais próximo do homem que todo ente, no qual ele se instala a si e a seus projetos, pode, de tempos em tempos, dispor a essência do homem para um pensamento cuja verdade nenhuma "lógica" é capaz de compreender. Chamemos de pensamento fundamental aquele cujos pensamentos não apenas calculam, mas são determinados pelo outro do ente. Em vez de calcular com o ente sobre o ente, este pensamento se dissipa no ser pela verdade do ser. Este pensamento responde ao apelo do ser enquanto o homem entrega sua essência historial à simplicidade da única necessidade que não violenta enquanto submete, mas que cria o despojamento que se plenifica na liberdade do sacrifício. [MHeidegger POSFACIO]
Uma frase de Max Planck diz: "real é o que se pode medir". Isso significa: a decisão do que deve valer, como conhecimento certo para a ciência, no caso para a física, depende da possibilidade de se medir e mensurar a natureza, dada em sua objetidade e, em consequência, das possibilidades dos métodos e procedimentos de medida e quantificação. Esta frase de Max Planck só é correta por expressar algo que pertence à essência da ciência moderna e não apenas das ciências naturais. O CÁLCULO é o procedimento assegurador e processador de toda teoria do real. Não se deve, porém, entender CÁLCULO em sentido restrito de se operar com números. Em [50] sentido essencial e amplo, calcular significa contar com alguma coisa, ou seja, levá-la em consideração e observá-la, ter expectativas, esperar dela alguma outra coisa. Neste sentido, toda objetivação do real é um CÁLCULO, quer corra atrás dos efeitos e suas causas, numa explicação causal, quer, enfim, assegure em seus fundamentos, um sistema de relações e ordenamentos. Também a matemática não é um CÁLCULO com números para se obter resultados quantitativos. A matemática é um CÁLCULO que, em toda parte, espera chegar à equivalência das relações entre as ordens por meio de equações. E por isso mesmo "conta" antecipadamente com uma equação fundamental para todas as ordens possíveis. [GA7 ]