Castilho
A interpretação existenciária da consciência deve pôr à mostra uma atestação, que é no Dasein ele mesmo, do seu poder-ser mais-próprio. O modo como a consciência atesta não é o modo de um informe indiferente, mas um despertar para-adiante dirigido ao ser-culpado. O assim atestado é “apreendido” no ouvir que entende o apelo e não o deturpa, no sentido em que ele mesmo pretende ser entendido. Só o entendimento-da-intimação como modus-do-ser do Dasein dá o conteúdo fenomênico do que é atestado no apelo da consciência. Nós caracterizamos o entender próprio do apelo como querer-ter-consciência. Esse deixar-agir-em-si [807] o si-mesmo mais-próprio, a partir dele mesmo em seu ser-culpado, representa fenomenicamente o poder-ser próprio atestado no Dasein ele mesmo, cuja estrutura existenciária deve ser posta em liberdade de agora em diante. Só assim poderemos penetrar na constituição-fundamental, aberta no Dasein ele mesmo, que é a propriedade de sua existência.
Querer-ter-consciência, como se entender no mais-próprio poder-ser, é um modo do ser-aberto do Dasein. Além do entender, o ser-aberto é constituído também pelo encontrar-se e pelo discurso. O entender existencial significa: projetar-se na possibilidade factual, cada vez mais-própria, do poder-ser-no-mundo. Mas poder-ser só é entendido no existir nessa possibilidade.
Que estado-de-ânimo correspondente a tal entender? O entender-o-apelo abre o próprio Dasein no estranhamento de seu isolamento. O estranhamento que se desvenda ao mesmo tempo no entender é genuinamente aberto pelo encontrar-se da angústia que lhe pertence. O factum da angústia-da-consciência confirma fenomenicamente que o Dasein, no entender-o-apelo, é conduzido ante o estranhamento de si mesmo. O querer-ter-consciência torna-se um ficar-pronto para a angústia.
O terceiro momento-essencial do ser-aberto é o discurso. Ao apelo, como discurso originário do Dasein, não corresponde um contradiscurso — algo no sentido de, por exemplo, uma discussão sobre o que a consciência diz. O ouvir que-entende o apelo não se nega ao contradiscurso para que um “poder obscuro” não se lhe sobrepuje e o derrube, mas porque ele sem encobrimento se apropria do conteúdo do apelo. O apelo põe diante do constante ser-culpado e dessa maneira traz de volta o si-mesmo do ruidoso falatório da entendibilidade de a-gente. Por conseguinte, o modus de articulação do discurso pertinente ao querer-ter-consciência é o ser-calado. O calar-se foi caracterizado como a possibilidade essencial do discurso [1]. Quem quer dar a entender algo se calando deve [809] “ter algo a dizer”. O Dasein na intimação dá-se a entender seu poder-ser mais-próprio. Por isso esse apelar é um calar-se. O discurso da consciência nunca chega à proferição. A consciência só apela se calando, isto é, o apelo provém da não-proferição do estranhamento e apela para que o Dasein retorne também calado ao silêncio de si-mesmo. O querer-ter-consciência só entende, por conseguinte, de modo adequado esse discurso calado unicamente no ser-calado. Ele cassa a palavra do entendedor falatório de a-gente.
O discorrer calado da consciência toma a interpretação-da-consciência do entendimento comum, que “se atém rigorosamente a fatos”, como oportunidade para afirmar que constatar a consciência como tal é algo de todo impossível e não subsistente. Que a-gente, por somente ouvir e entender o barulhento falatório, não pode “constatar” apelo algum, o que se atribui à consciência com a desculpa de ela ser “muda” e de modo manifesto não-subsistente. Essa interpretação de a-gente nada mais faz do que encobrir sua surdez para o apelo e a reduzida amplitude do seu “ouvir”. (p. 807, 809, 811)
Schuback
A interpretação existencial da consciência deve expor um testemunho de seu poder-ser mais próprio que está sendo na própria presença. O testemunho da consciência não é um anúncio indiferente mas uma apelação apeladora do ser e estar em dívida. O que se testemunha é, pois, “apreendido” no ouvir que compreende o apelo sem deturpações, no sentido por ele mesmo intencionado. Apenas a compreensão do interpelar, enquanto modo de ser da presença, propicia o teor fenomenal do que é testemunhado no apelo da consciência. Caracterizamos a compreensão própria do apelo como querer-ter-consciência. Esse deixar o si-mesmo mais próprio agir em si por si mesmo, em seu ser e estar em dívida, representa, do ponto de vista fenomenal, o poder-ser próprio, testemunhado na presença. A sua estrutura existencial deve ser agora liberada numa exposição. Somente assim penetraremos na constituição [376] fundamental da propriedade da existência que se abre na própria presença.
Enquanto compreender-se no poder-ser mais próprio, o querer-ter-consciência é um modo de abertura da presença. Além do compreender, esta se constitui de disposição e fala. O compreender existenciário significa: projetar-se para a possibilidade fática cada vez mais própria do poder-ser-no-mundo. Poder-ser, porém, só pode ser compreendido em existindo nessa possibilidade.
Que humor corresponde a esse compreender? O compreender do apelo abre a própria presença na estranheza de sua singularidade. A estranheza também desvelada no compreender abre-se, de modo genuíno, pela disposição da angústia que lhe pertence. Em seu fato, a angústia da consciência é uma confirmação fenomenal de que, no compreender do apelo, a presença é colocada diante da estranheza de si mesma. O querer-ter-consciência transforma-se na prontidão para a angústia.
O terceiro momento essencial da abertura é a fala. Entendido como fala originária da presença, o apelo exclui toda e qualquer fala contrária, algo no sentido de uma discussão negociadora do que diz a consciência. A escuta compreensiva do apelo recusa a fala contrária não porque essa escuta fosse atropelada por um “poder obscuro” e repressor mas por se apropriar, sem encobrimentos, do conteúdo do apelo. O apelo apresenta o insistente ser e estar em dívida, retirando, assim, o si-mesmo da algazarra da compreensão impessoal. Por isso a silenciosidade é o modo de articulação da fala que pertence ao querer-ter-consciência. Caracterizou-se o silêncio como possibilidade essencial da fala. Aquele que, silenciando, quer dar a compreender, deve “ter algo a dizer”. Na interpelação, a presença dá a compreender o seu poder-ser mais próprio. Por isso, o apelo é um silêncio. A fala da consciência nunca chega a articular-se. A consciência só apela em silêncio, ou seja, o apelo provém da mudez da estranheza e reclama a presença apelada para aquietar-se na quietude de si mesma. É só na silenciosidade, portanto, que o querer-ter-consciência compreende, adequadamente, essa fala [377] silenciosa. A silenciosidade retira a palavra da falação e da compreensão impessoal.
A fala silenciosa da consciência aproveita a oportunidade da interpretação comum da consciência, a que se “atém rigorosamente aos fatos”, para evidenciar como a consciência não pode ser algo constatável e nem simplesmente dado. Que o impessoal, que apenas escuta e compreende a algazarra da falação, não pode “constatar” nenhum apelo, isso é então atribuído à consciência com a justificativa de que ela é “muda” e manifestamente não é um simples dado. Com esta interpretação, o impessoal encobre apenas a sua própria impossibilidade de dar ouvidos ao apelo e a curta amplitude de seu “escutar”. (p. 375-378)
Rivera
La interpretación existencial de la conciencia está destinada a sacar a luz un testimonio, ínsito en el Dasein mismo, de su poder-ser más propio. La manera cómo la conciencia atestigua no tiene el carácter de una información indiferente, sino que es una intimación prevocante a despertar al ser-culpable. Lo así atestiguado es “agarrado” en el escuchar que sin simulaciones comprende la llamada en el sentido en que ella misma quiere ser comprendida. Sólo la comprensión de la llamada, como modo de ser del Dasein, da a conocer el contenido fenoménico de lo atestiguado en la llamada de la conciencia. Ya hemos caracterizado el comprender propio de la llamada como un querer-tener-conciencia. Este dejar-actuar-en-sí al sí-mismo más propio desde él mismo en su ser-culpable, es el fenómeno de la atestiguación en el Dasein mismo de su poder-ser propio. Será necesario ahora exponer su estructura existencial. Sólo así podremos avanzar hacia la constitución fundamental, abierta en el Dasein mismo, de la propiedad de su existencia.
Querer-tener-conciencia es, en cuanto comprender-se en el más propio poder-ser, una forma de la aperturidad del Dasein. Esta última está constituida no sólo por el comprender, sino también por la disposición afectiva y el discurso. El comprender existentivo significa: proyectarse en la más propia posibilidad fáctica del poder-estar-en-el-mundo. Pero, a un poder-ser se lo comprende tan sólo existiendo en esa posibilidad.
¿Cuál es el estado de ánimo que corresponde a este comprender? La comprensión de la llamada abre al propio Dasein en la desazón de su aislamiento. La [SZ :296] desazón co-desvelada en el comprender se abre de un modo genuino por medio de la disposición afectiva de la angustia implicada en ese comprender. El factum de la angustia de conciencia es una comprobación fenoménica de que en la [313] comprensión de la llamada el Dasein es llevado ante lo desazonante de sí mismo. El querer-tener-conciencia se convierte en disponibilidad para la angustia.
El tercer momento esencial de la aperturidad es el discurso. Para la llamada, como discurso originario del Dasein, no hay un contradiscurso correspondiente, en el que se pusiera, por ejemplo, en cuestión lo que la conciencia dice. Si el escuchar comprensor de la llamada no admite réplica, no es porque esté sobrecogido por un “oscuro poder” que lo doblegue, sino porque él mismo se apropia sin encubrimientos del contenido de la llamada. La llamada nos enfrenta al ser-culpable que somos en todo momento y trae de vuelta de este modo al sí-mismo desde la ruidosa habladuría de la comprensión del uno. Por consiguiente, el modo de articulación del discurso que corresponde al querer-tener-conciencia es el callar [Verschwiegenheit]. El callar fue caracterizado como posibilidad esencial del discurso [2]. Quien callando quiere dar a entender algo, ha de “tener algo que decir”. El Dasein se da a entender en la llamada su poder-ser más propio. Por eso, este llamar es un callar. El discurso de la conciencia jamás habla en voz alta. La conciencia sólo llama callando, es decir, la llamada viene de la silenciosidad de la desazón, y llama al Dasein a retomar, también callando, al silencio de su ser. El querer-tener-conciencia comprende, pues, en forma adecuada este discurso silente únicamente cuando calla. El silencio hace callar la habladuría del uno.
El hablar silencioso de la conciencia sirve de pretexto a la interpretación que, basada en el comprender común, pretende “atenerse rigurosamente a los hechos”, para afirmar que la conciencia es algo absolutamente imposible de constatar e inexistente [nicht… vorhandenen]. Como el uno sólo escucha y comprende la habladuría ruidosa, y no puede “constatar” ninguna llamada, imputa a la conciencia el ser “muda” y manifiestamente inexistente. Con esta interpretación el uno no hace más que encubrir su propia sordera para la llamada y el corto alcance de su “escuchar”. (p. 313-314)
Vezin
L’interprétation existentiale de la conscience morale doit mettre au jour qu’il y a bien dans le Dasein lui-même une attestation de son pouvoir-être le plus propre. La manière dont la conscience morale en témoigne n’est pas une quelconque annonce, c’est l’appel [353] instigateur de vocation à l’être en faute. Ce qui est ainsi attesté est « saisi » dans une écoute qui entend l’appel sans le masquer, dans le sens même où celui-ci désire être entendu. Entendre l’interpellation est un mode d’être du Dasein qui, seul, livre la teneur phénoménale de ce qui est attesté dans l’appel de la conscience morale. L’entendre propre de l’appel, nous l’avons caractérisé comme parti-d’y-voir-clair-en-conscience. Ce laisser-agir-en-soi le soi-même le plus propre à partir de lui-même en son être-en-faute représente phénoménalement le pouvoir-être propre attesté dans le Dasein lui-même. C’est sa structure existentiale qu’il s’agit à présent de dégager. Ce n’est qu’ainsi que nous pénétrerons jusqu’à cette constitution fondamentale, découverte au sein du Dasein lui-même, qu’est la propriété de son existence.
Le parti-d’y-voir-clair-en-conscience consistant à s’entendre soi-même en son pouvoir-être le plus propre, il est une variété de Youvertude du Dasein. Celle-ci n’est pas constituée que par l’entendre, elle l’est en outre par la disposibilité et la parole. Entendre au sens existentiel veut dire : se projeter sur la possibilité factive qui est chaque fois la plus propre de pouvoir-être-au-monde. Or pouvoir-être ne s’entend dans l’existence qu’en cette possibilité.
Quelle disposition correspond à un tel entendre? L’appel entendu découvre le Dasein propre dans l’étrangeté de son esseulement. [SZ :296] L’étrangeté se révélant avec l’entendre est spécialement découverte par la disposibilité qui lui appartient, l’angoisse. Le fait que l’angoisse saisit la conscience morale est là pour confirmer phénoménalement que, en entendant l’appel, le Dasein est mis en face de l’étrangeté de soi-même. Le parti-d’y-voir-clair-en-conscience aboutit à affronter l’angoisse.
Le troisième moment essentiel de l’ouvertude est la parole. A l’appel comme parole originale du Dasein ne correspond aucune réplique - au sens où l’on discuterait, et négocierait même, ce que dit la conscience morale. L’écoute ententive à l’appel ne s’interdit pas de lui répliquer parce qu’elle se voit assaillie, subjuguée par une « puissance obscure » qui l’y contraint, mais parce qu’elle fait sien sans réserve le contenu de l’appel. L’appel place devant le constant être-en-faute et va retrouver le soi-même au milieu des rumeurs du on-dit et du bon sens du on. C’est pourquoi le mode de parole articulée qui revient au parti-d’y-voir-clair-en-conscience est le silence gardé. Se taire a été caractérisé comme possibilité essentielle de la parole [3]. Qui se tait pour donner à entendre doit « avoir quelque [354] chose à dire ». Dans l’interpellation, le Dasein se donne à entendre son pouvoir-être le plus propre. Aussi cet appel se fait-il sans mot dire. La conscience morale parle, jamais à haute voix. La conscience morale n’appelle qu’en silence, c’est-à-dire que l’appel s’élève du fond de l’étrangeté sans voix et amène le Dasein qu’il interpelle à se retrouver calmement en paix avec soi-même. Le parti-d’y-voir-clair-en-conscience entend ainsi cette parole silencieuse de la seule manière qui lui convienne, dans le silence gardé. Elle cloue le bec au on-dit et au bon sens du on.
Cette façon de parler en silence qu’a la conscience morale est pour l’explicitation de la conscience morale par le bon sens qui « s’en tient strictement aux faits » l’occasion de déclarer que, la conscience morale n’étant pas constatable du tout, elle n’est tout simplement pas là-devant. Que le on, qui n’écoute et n’entend que du on-dit proféré à haute voix, ne puisse « constater » aucun appel, cela est imputé à la conscience morale en prétextant qu’elle serait « muette » et manifestement pas là-devant. Avec cette explicitation, le on camoufle seulement que c’est lui qui fait la sourde oreille à l’appel et que son champ d’« écoute » s’en raccourcit d’autant. (p. 353-355)
Macquerrie
The existential Interpretation of conscience is to exhibit an attestation of Dasein’s Ownmost potentiality-for-Being — an attestation which is [seiende] in Dasein itself. Conscience attests not by making something known in an undifferentiated manner, but by calling forth and summoning us to Being-guilty. That which is so attested becomes ‘grasped’ [342] in the hearing which understands the call undisguisedly in the sense it has itself intended. The understanding of the appeal is a mode of Dasein’s Being, and only as such does it give us the phenomenal content of what the call of conscience attests. The authentic understanding of the call has been characterized as “wanting to have a conscience”. This is a way of letting one’s ownmost Self take action in itself of its own accord in its Being-guilty, and represents phenomenally that authentic potentiality-for-Being which Dasein itself attests. The existential structure of this must now be laid bare. Only so can we proceed to the basic constitution of the authenticity of Dasein’s existence as disclosed in Dasein itself.
Wanting to have a conscience is, as an understanding of oneself in one’s ownmost potentiality-for-Being, a way in which Dasein has been disclosed. This disclosedness is constituted by discourse and state-of-mind, as well as by understanding. To understand in an existentiell manner implies projecting oneself in each case upon one’s ownmost factical possibility of having the potentiality-for-Being-in-the-world. But the potentiality-for-Being is understood only by existing in this possibility.
What kind of mood corresponds to such understanding? Understanding the call discloses one’s own Dasein in the uncanniness of its individualization [SZ :296]. The uncanniness which is revealed in understanding and revealed along with it, becomes genuinely disclosed by the state-of-mind of anxiety which belongs to that understanding. The fact of the anxiety of conscience, gives us phenomenal confirmation that in understanding the call Dasein is brought face to face with its own uncanniness. Wanting-to-have-a-conscience becomes a readiness for anxiety.
The third essential item in disclosedness is discourse. The call itself is a primordial kind of discourse for Dasein; but there is no corresponding counter-discourse in which, let us say, one talks about what the conscience has said, and pleads one’s cause. In hearing the call understandingly, one denies oneself any counter-discourse, not because one has been assailed by some ‘obscure power’, which suppresses one’s hearing, but because this hearing has appropriated the content of the call unconcealedly. In the call one’s constant Being-guilty is represented, and in this way the Self is brought back from the loud idle talk which goes with the common sense of the “they”. Thus the mode of Articulative discourse which belongs to wanting to have a conscience, is one of reticence. Keeping silent has been characterized as an essential possibility of discourse.ix Anyone who keeps silent when he wants to give us to understand something, must ‘have something to say’. In the appeal Dasein gives itself to understand its ownmost potentiality-for-Being. This calling is therefore a keeping-silent. The discourse of the conscience never comes to utterance.
[343] Only in keeping silent does the conscience call; that is to say, the call comes from the soundlessness of uncanniness, and the Dasein which it summons is called back into the stillness of itself, and called back as something that is to become still. Only in reticence, therefore, is this silent discourse understood appropriately in wanting to have a conscience. It takes the words away from the common-sense idle talk of the “they”.
The common-sense way of interpreting the conscience, which ‘sticks rigorously to the facts’, takes the silent discourse of the conscience as an occasion for passing it off as something which is not at all ascertainable or present-at-hand. The fact that “they”, who hear and understand nothing but loud idle talk, cannot ‘report’ any call, is held against the conscience on the subterfuge that it is ‘dumb’ and manifestly not present-at-hand. With this kind of interpretation the “they” merely covers up its own failure to hear the call and the fact that its ‘hearing’ does not reach very far. (p. 341-343)
Original
Die existenziale Interpretation des Gewissens soll eine im Dasein selbst seiende Bezeugung seines eigensten Seinkönnens herausstellen. Die Weise, nach der das Gewissen bezeugt, ist kein indifferentes Kundgeben, sondern vorrufender Aufruf zum Schuldigsein. Das so Bezeugte wird »erfaßt« im Hören, das den Ruf in dem von ihm selbst intendierten Sinne unverstellt versteht. Das Anrufverstehen als Seinsmodus des Daseins gibt erst den phänomenalen Bestand des im Gewissensruf Bezeugten. Das eigentliche Rufverstehen charakterisierten wir als Gewissen-haben-wollen. Dieses In-sich-handeln-lassen des eigensten Selbst aus ihm selbst in seinem Schuldigsein repräsentiert phänomenal das im Dasein selbst bezeugte eigentliche Seinkönnen. Dessen existenziale Struktur muß nunmehr freigelegt werden. Nur so dringen wir zu der im Dasein selbst erschlossenen Grundverfassung der Eigentlichkeit seiner Existenz vor.
Gewissen-haben-wollen ist als Sich-verstehen im eigensten Seinkönnen eine Weise der Erschlossenheit des Daseins. Außer durch Verstehen wird diese durch Befindlichkeit und Rede konstituiert. Existenzielles Verstehen besagt: sich entwerfen auf die je eigenste faktische Möglichkeit des In-der-Welt-sein-könnens. Sein-können aber ist nur verstanden im Existieren in dieser Möglichkeit.
Welche Stimmung entspricht solchem Verstehen? Das Rufverstehen erschließt das eigene Dasein in der Unheimlichkeit seiner Vereinzelung [296]. Die im Verstehen mitenthüllte Unheimlichkeit wird genuin erschlossen durch die ihm zugehörige Befindlichkeit der Angst. Das Faktum der Gewissensangst ist eine phänomenale Bewährung dafür, daß das Dasein im Rufverstehen vor die Unheimlichkeit seiner selbst gebracht ist. Das Gewissenhabenwollen wird Bereitschaft zur Angst. Das dritte Wesensmoment der Erschlossenheit ist die Rede. Dem Ruf als ursprünglicher Rede des Daseins entspricht nicht eine Gegenrede — etwa gar im Sinne eines verhandelnden Beredens dessen, was das Gewissen sagt. Das verstehende Hören des Rufes versagt sich die Gegenrede nicht deshalb, weil es von einer »dunklen Macht« überfallen ist, die es niederzwingt, sondern weil es sich den Rufgehalt un-verdeckt zueignet. Der Ruf stellt vor das ständige Schuldigsein und holt so das Selbst aus dem lauten Gerede der Verständigkeit des Man zurück. Demnach ist der zum Gewissen-haben-wollen gehörende Modus der artikulierenden Rede die Verschwiegenheit. Schweigen wurde als wesenhafte Möglichkeit der Rede charakterisiert [4]. Wer schweigend zu verstehen geben will, muß »etwas zu sagen haben«. Das Dasein gibt sich im Anruf sein eigenstes Seinkönnen zu verstehen. Daher ist dieses Rufen ein Schweigen. Die Gewissensrede kommt nie zur Verlautbarung. Das Gewissen ruft nur schweigend, das heißt der Ruf kommt aus der Lautlosigkeit der Unheimlichkeit und ruft das aufgerufene Dasein als still zu werdendes in die Stille seiner selbst zurück. Das Gewissen-habenwollen versteht daher diese schweigende Rede einzig angemessen in der Verschwiegenheit. Sie entzieht dem verständigen Gerede des Man das Wort.
Das schweigende Reden des Gewissens nimmt die verständige Gewissensauslegung, die sich »streng an Tatsachen hält«, zum Anlaß, das Gewissen als überhaupt nicht feststellbar und vorhanden auszugeben. Daß man, nur lautes Gerede hörend und verstehend, keinen Ruf »konstatieren« kann, wird dem Gewissen zugeschoben mit der Ausrede, es sei »stumm« und offenbar nicht vorhanden. Mit dieser Auslegung verdeckt das Man nur das ihm eigene Überhören des Rufes und die verkürzte Reichweite seines »Hörens«. (p. 295-296)