A filosofia ensina há séculos que existem quatro causas: 1) a causa materialis, o material, a matéria de que se faz um cálice de prata; 2) a causa formalis, a forma, a figura em que se insere o material; 3) a causa finalis, o fim, por exemplo, o culto do sacrifício que determina a forma e a matéria do cálice usado; 4) a causa efficiens, o ourives que produz o efeito, o cálice realizado, pronto. Descobre-se a técnica concebida como meio, reconduzindo-se a instrumentalidade às quatro causas. (…)
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Schuld / schuldig / Schuldigsein …
Schuld / dette / faute / dívida / deuda / guilt / debt / culpabilité / schuldig / en-dette / devedor / culpado / guilty / Schuldigsein / être-en-dette / estar em dívida / Schulden haben / avoir des dettes / ter dívidas junto a / having debts / Verschulden / acte dont on répond / responder e dever / be indebted / owe / be guilty / be responsible for / be responsible to / Verschuldung / endettement / inculpação / indebtedness / schuld sein an / être responsable / dever-se a / ser responsável de / sich schuldig machen / se mettre en-dette / tornar-se culpado / making oneself responsible
Schuld = Vézin traduit par « faute » ; Martineau par « dette ». Grondin considère aussi « culpabilité ».
Cf. SZ p. 281, et N.d.T. Voir notamment les expressions distinguées en SZ p. 281 sq.: Schulden haben, avoir des dettes, schuld sein an : être responsable, sich schuldig machen : se mettre en-dette. Voir dette, faute, culpabilité. (Martineau )
SCHULD E DERIVADOS
Matérias
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GA7:9-11 – causas = modos de responder e dever por algo
22 de novembro, por Cardoso de Castro -
Fogel (2005:172-174) – má consciência
24 de outubro, por Cardoso de CastroPor má consciência se entenderá a consciência da culpa e esta como o remorso, à medida que remorso seja compreendido como o sentimento, insistentemente reiterativo, de reprovação e de recusa em si mesmo (auto-acusação) do feito como o que foi “mal feito” ou como o que “não devia ser ou ter sido feito”. Mas como realmente se estrutura tudo isso?
[173] Ser culpado é ser responsável, ser o autor ou a causa de um ato, de uma “coisa” ou de um “algo” feito, praticado. Assim, culpa diz o mesmo (…) -
Raffoul (2020:310-311) – responsabilidade com o acontecimento
28 de outubro, por Cardoso de CastroCom relação a essa responsabilidade ética para com o acontecimento e sua inadequação, menciono brevemente aqui a compreensão de Heidegger sobre a ética como uma ética do acontecimento e do segredo. Heidegger fala, de fato, de uma “reivindicação do acontecimento” sobre o ser humano, abrindo para uma responsabilidade que não deve ser tomada em um sentido moral “mas, sim, com relação ao acontecimento e como relacionada à resposta” (Die “Verantwortung” ist hier nicht “moralisch” gemeint, sondern (…)
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Raffoul (2010:244-246) – Dasein significa ser uma responsabilidade
28 de outubro, por Cardoso de CastroPode-se chegar até o ponto de dizer que o próprio conceito de Dasein significa ser uma responsabilidade. No curso do semestre de verão de 1930, A Essência da Liberdade Humana [GA31], lemos que a auto-responsabilidade (Selbstverantwortlichkeit) representa a própria essência da pessoa: “A auto-responsabilidade é o tipo fundamental de se determinar distintamente a ação humana, isto é, a prática ética. "(GA31, 263; EHF, 183). Como enfatizamos, o Dasein é aquele sendo para o qual e em que sendo (…)
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Figal (2005:219-221) – responsabilidade
14 de novembro, por Cardoso de CastroO próprio Heidegger não utiliza o termo “responsabilidade” no contexto atual; e, mesmo em ST, só o utiliza uma vez, a saber, em meio à análise do impessoal (ST, 127). Exatamente isso, contudo, justifica interpretar o “ser-fundamento de…” como responsabilidade. A exortação inerente ao clamor da consciência pode ser compreendida como exortação à responsabilidade e pode tornar claro em que medida essa exortação precisa ser concebida como um silenciar . Antes, porém, é necessário clarificar (…)
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Raffoul (2010:4-7) – Responsabilidade
20 de junho de 2023, por Cardoso de CastroIronicamente, essa “ideologia de responsabilidade” predominante é muitas vezes acompanhada por uma negligência singular da reflexão genuína sobre os sentidos da responsabilidade, sobre o que significa ser responsável. A responsabilidade é simplesmente assumida como significando a responsabilização [accountability] do agente livre.
Nietzsche’s critique of morality opens the way for a new engagement with the concept of responsibility, henceforth freed from its association with a metaphysics (…) -
Milet (2000:50-52) – A physis como essência da técnica
29 de julho de 2019, por Cardoso de CastroMILET, 2000, p. 50-52
Pour Heidegger, «l’essence de la technique n’est absolument rien de technique.» L’essence de la technique n’est pas plus constituée par les objets techniques que celle de l’arbre par les arbres. Heidegger a auparavant prévenu : «Si nous répondons à cette essence, alors nous pouvons prendre conscience de la technique dans sa limitation.» L’essence de la technique est ce qui limite la technique. Qu’est-ce qui limite la technique, sinon la physis ? La méditation de (…) -
Raffoul (2010:8-10) – quatro temas na interpretação tradicional de responsabilidade
20 de junho de 2023, por Cardoso de CastroQuatro temas governam a interpretação tradicional da responsabilidade, o que chamaríamos de quatro "conceitos fundamentais" do discurso tradicional da responsabilidade:
1. The belief that the human being is an agent or a subject, i.e., the reliance on subjectivity (with subjectum in its logical or grammatical sense of foundation) as ground of imputation. A critique of such a subject, whether Nietzschean in inspiration, phenomenological or deconstructive, will radically transform our (…) -
Raffoul (2010:247-249) – Dasein como chamado e resposta ao ser
28 de outubro, por Cardoso de CastroDo “interrogado” na questão do ser em Ser e Tempo, o Dasein passa a ser cada vez mais descrito nas obras posteriores de Heidegger como o “chamado” que, como tal, tem de responder pela própria abertura e dação do ser. A resposta ao chamado passa a ser repensada como pertencimento ao chamado e, por fim, como correspondência ao ser. Na palestra “O que é Filosofia?” [GA11], por exemplo, Heidegger se refere a (“responder”) e (“corresponder”), de modo a indicar que a resposta ao chamado (…)
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Figal (2005:217-219) – culpa
14 de novembro, por Cardoso de Castro[…] A experiência da “culpa” é analisada por Heidegger na medida em que ele diferencia inicialmente quatro aspectos diversos da significação de “culpado” e, então, os condensa em uma determinação formal. “Ser culpado” significa, por um lado: “estar em débito por algo”, ou seja, não ter arranjado ou restituído algo determinado. Significa, além disso: “ter culpa em algo”, ou seja, “ser-causa ou autor de algo” (ST, 282). Essas duas significações não se implicam mutuamente. Pode-se provocar (…)
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Figal (2005:224-228) – ser culpado originário [Schuldigsein]
14 de novembro, por Cardoso de CastroHeidegger chega ao conceito do “ser culpado originário” na medida em que analisa mais exatamente a determinação formal da culpa . “Na ideia de [225] ‘culpado’” reside “o caráter do não” [Charakter des Nicht] (ST, 283). Juntamente com a característica anteriormente já trabalhada em meio à análise da culpa, esse caráter conduz do “ser fundamento” para a determinação: “Ser fundamento de um ser determinado por um não — isso significa ser fundamento de uma nulidade” [Grundsein einer (…)
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Arendt (CH:§33) – Perdoar
12 de agosto de 2022, por Cardoso de CastroRoberto Raposo
O descobridor do papel do perdão no domínio dos assuntos humanos foi Jesus de Nazaré. O fato de que ele tenha feito essa descoberta em um contexto religioso e a tenha enunciado em linguagem religiosa não é motivo para levá-la menos a sério em um sentido estritamente secular. É da natureza de nossa tradição de pensamento político (por motivos nos quais não podemos nos deter aqui) ser altamente seletiva e excluir da conceituação articulada grande variedade de experiências (…) -
Haugeland (2013:14-16) – Um "caso" de Dasein e seus papéis
24 de setembro, por Cardoso de CastroInvariavelmente, um caso de Dasein desempenha muitos papéis. O que é apropriado para ele em qualquer ocasião será uma função de quais papéis são esses; alguns padres, por exemplo, não devem ter casos amorosos, embora outros solteiros possam. Além disso, invariavelmente, as exigências desses papéis muitas vezes entram em conflito. O que é apropriado para mim, o provedor, pode não ser compatível com o que é apropriado para mim, o aspirante a artista, para não mencionar eu, o encarregado da (…)
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Jonas (2006) – características da ética
19 de novembro, por Cardoso de CastroTomemos do passado aquelas características do agir humano significativas para uma comparação com o estado atual de coisas.
1. Todo o trato com o mundo extra-humano, isto é, todo o domínio da techne (habilidade) era — à exceção da medicina — eticamente neutro, considerando-se tanto o objeto quanto o sujeito de tal agir: do ponto de vista do objeto, porque a arte só afetava superficialmente a natureza das coisas, que se preservava como tal, de modo que não se colocava em absoluto a questão (…) -
Être et temps : § 59. L’interprétation existentiale de la conscience et l’explicitation vulgaire de la conscience.
7 de janeiro de 2013, por Cardoso de CastroVérsions hors-commerce:
MARTIN HEIDEGGER, Être et temps, traduction par Emmanuel Martineau. ÉDITION NUMÉRIQUE HORS-COMMERCE
HEIDEGGER, Martin. L’Être et le temps. Tr. Jacques Auxenfants. (ebook-pdf)
La conscience est l’appel du souci, venu de l’étrang(èr)eté de l’être-au-monde, qui con-voque le Dasein à son pouvoir-être-en-dette le plus propre. Le comprendre correspondant de l’ad-vocation est, ainsi qu’on l’a établi, le vouloir-avoir-conscience. Il est exclu de mettre sans autre forme (…) -
Schürmann (1982:309-313) – responsabilidade
13 de março, por Cardoso de Castrodestaque
O que seria um conceito não-metafísico e não-calculativo de responsabilidade? Deve ser um conceito que desconstrua a dívida de responsabilidade e a autoridade à qual ela é devida. A desconstrução da instância justificadora é a destituição dos princípios epocais. Heidegger delineia a desconstrução da essência calculadora com a ajuda de algumas etimologias. O verbo latino reor deu origem ao verbo alemão rechnen. Esta palavra, Heidegger não a entende no sentido vulgar de "contar", (…) -
Gelven (1972:190-193) – culpa (Schuld)
6 de junho de 2023, por Cardoso de CastroTo be able to be guilty means to see one’s own existence as that at which one can fail or be inadequate, and that this failure is one’s own.
1. To be guilty is to be the basis of a nullity. If one looks at the overall enterprise of Heidegger’s thought, one sees that he is attempting to show how men can reason modally about their own existence, that such reasoning cannot depend upon any characterization of the world as made up of parts, since such a world is itself derived from the modal (…) -
Derrida (1999) – perdão
13 de março, por Cardoso de Castrodestaque
Por isso, arrisco-me a fazer esta proposta: sempre que o perdão serve um objetivo, por mais nobre e espiritual que seja (redenção, reconciliação, salvação), sempre que visa restabelecer a normalidade (social, nacional, política, psicológica) através do trabalho de luto, através de uma qualquer terapia ou ecologia da memória, então o "perdão" não é puro — e o seu conceito também não. O perdão não é, nem deve ser, normal, normativo ou normalizador. Deve permanecer excepcional e (…) -
Être et temps : § 58. Compréhension de l’ad-vocation et dette
1º de julho de 2023, por Cardoso de Castro§58 A este apelo o que responde o Dasein? O apelo, dissemos, procura retirar este último da sua dispersão no Nós e reuni-lo numa totalidade articulada. Ele não diz nada, não dá qualquer acontecimento a conhecer: ele apenas desvela ao Dasein o seu poder-ser fundamental. É por isso que não temos de nos interrogar sobre o que o apelo «diz». Basta constatar que ele «acusa»: «o apelo acusa o Dasein de estar em falta». Que há «falta» (Schuld), todas as doutrinas morais o testemunham. Mas elas (…)
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Arendt (LM:182-187) o conceito de Eu em Heidegger
2 de maio de 2017, por Cardoso de CastroHelena Martins
Finalmente, há o conceito de Eu, e é este o conceito cuja mudança na "reviravolta" é a mais inesperada e também a que tem maiores consequências. Em Ser e Tempo, o termo "Eu" é "a resposta para a questão Quem [é o homem] ?", em oposição à questão "O que ele é "; o Eu é o termo para a existência do homem em oposição a qualquer qualidade que ele possa ter. Essa existência, o "autêntico ser um Eu", é extraída polemicamente do "Eles". ("Mit dem Ausdruck ’Selbst’ antworten wir auf (…)
Notas
- Arendt (RJ:19-21) – o medo de julgar
- Auxenfants (ET:284-285) – Gewissen e Bewußtsein
- Derrida (2008:147-148) – A Lei e o Crime são próprios do homem
- Derrida (2008:154-155) – O “irreconhecível” é o começo da ética, da Lei, e não do humano
- Escudero (GuiaST:§58) – culpa (Schuld)
- Figal (2005:219-221) – responsabilidade
- Figal (2005:228-229) – impossível inocência
- GA16 (BH:264-265) – choice of responsability
- GA20:440-441 – querer-ter-consciência
- GA29-30:246-247 – assumir o Dasein
- GA65:276 – pertencimento do homem
- Gelven (1972:29-30) – culpa [Schuld]
- Gilvan Fogel (2005:175-176) – vida é expiação e punição
- Haugeland (2013:13) – autorresponsabilidade
- Kisiel (1995:434-435) – schuld - culpa
- Lovitt: Das, was ein anderes verschuldet
- Raffoul (2010:11-12) – responsabilidade para com o futuro
- Raffoul (2010:16-17) – peso da responsabilidade
- Raffoul (2010:243) – Dasein e responsabilidade
- Raffoul (2010:243-244) – responder