Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Michel Henry (AD) – fenomenalização da fenomenalidade

sexta-feira 17 de fevereiro de 2017

Portanto, diria que a fenomenologia considera os objetos não tanto em termos de sua particularidade, mas em termos da maneira como são dados. Isso abre um campo infinito de pesquisa, porque esse objeto, digamos, essa sala de seminário com seus participantes, pode se dar a mim aqui de uma forma sempre nova: pode fazê-lo na percepção real, mas também na imaginação. Pode até mesmo se apresentar a mim conceitualmente: o que é um seminário de sociologia? E assim por diante. Esses modos de dação são absolutamente fundamentais; são, em si mesmos, mais importantes do que o que nos é dado por meio deles.

Levando a análise adiante, diria que o objeto da fenomenologia está situado além do objeto no modo como ele é dado, ou seja, além do modo como ele se dá a mim, por exemplo, esta mesa aqui como um objeto de percepção no espaço. Mais radicalmente, o objeto da fenomenologia consiste em não mais lidar com objetos, mas apenas levar em consideração seus modos de dação, na medida em que são modos do que poderíamos chamar de puro aparecer. Independentemente de tudo o que aparece, há de fato um puro aparecer que é sua condição. O objeto da fenomenologia é, portanto, o modo de dação, ou seja, o modo de mostração, manifestação, revelação — todos esses termos são equivalentes. Mais precisamente, podemos dizer que o objeto da fenomenologia é a fenomenalidade como um processo, em outras palavras, a fenomenalização da fenomenalidade, ou seja, o modo pelo qual a fenomenalidade pura se torna fenomenalizada, efetivamente revelada. Mas então, se o objeto da fenomenologia é o modo de fenomenalização do ser, essa questão permanece formal. Enquanto estivermos falando apenas sobre o modo de fenomenalização em geral, ainda não estaremos dizendo em que esse modo de fenomenalização consiste fenomenologicamente, em uma aparência efetiva. E, no entanto, é isso que precisa ser dito.

[HENRY, M. Auto-donation: entretiens et conférences. 2e éd ed. Paris: Beauchesne, 2004]


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