Kirchner
Por ora, a título de adiantamento, é possível dizer a respeito que o ser-aí possui seu caráter público e sua visão. O ser-aí move-se (fenômeno fundamental) num modo determinado de falar de si mesmo, ao que chamaremos de falação (termo técnico). Nesse falar “de” si mesmo está e reside o modo mediano e público pelo qual o ser-aí se toma e se conserva a si mesmo. Na falação está e reside uma compreensão prévia determinada, que o ser-aí possui de si mesmo: o “como isto ou aquilo” segundo o qual o ser-aí fala de “si”. Portanto, esta falação é o como em que uma determinada interpretação de si mesmo está à disposição do próprio ser-aí. Esta interpretação mesma não é algo que se acrescenta ao ser-aí, algo que se lhe adere ou dependura de fora, mas algo a que o próprio ser-aí chega por si mesmo, do qual vive, pelo qual é vivido (um como de seu ser) [1].
[40] Esta interpretação do hoje é melhor caracterizado na medida em que ela for experimentada justamente de modo não expressa, não presente; ela é um como do ser-aí pelo qual tudo é vivenciado. Justamente porque constitui o público como tal, a medianidade que está ali e que qualquer um pode entender facilmente, nada do que lhe ocorre passa desapercebido. A falação fala de tudo com uma peculiar falta de sensibilidade em relação às diferenças próprias. Enquanto é tal medianidade, o “mais próximo” sem perigo, o mais próximo enquanto a maior parte das vezes, o público constitui o modo de ser do “impessoal”: diz-se, ouve-se, conta-se, supõe-se, espera-se, concorda-se, que… A falação não pertence a ninguém, ninguém se responsabiliza pelo que foi dito de maneira impessoal.
São escritos até mesmo livros na base de se ter ouvido falar. Este “impessoal” é o “ninguém” que, como um fantasma, anda e acompanha o ser-aí fático, um como da fatalidade específica da faticidade, fatalidade à qual toda vida fática paga seu tributo.
A interpretação delimita de maneira difusa o âmbito a partir do qual o ser-aí mesmo coloca questões e exigências. A interpretação é o que dá ao “aí” do ser-aí fático o caráter de um estar orientado, o que delimita muito bem seu possível modo de ver e o alcance de sua visão. O ser-aí fala de si mesmo, vê-se a si mesmo deste ou daquele modo e, contudo, isso é apenas uma máscara pela qual ele se encobre, a fim de não espantar-se diante de si mesmo. Trata-se de uma prevenção “da” angústia. O que aparece para a visão é a máscara pela qual o ser-aí fático pode encontrar-se consigo mesmo, a máscara pela qual aparece diante de si como se “fosse”. Com esta máscara da interpretação pública o ser-aí apresenta-se como vivacidade mais elevada (ou seja, como uma indústria). (p. 39-40)
Aspiunza
Por el momento, y aunque sea anticipando, digamos al respecto que el existir tiene su publicidad [2] y su vista. El existir se mueve (fenómeno fundamental) en un modo determinado de hablar de sí mismo, al que técnicamente llamaremos hablilla [3].
Este hablar «de» sí mismo es el modo normal y público como el existir se toma y se conserva a sí mismo. En el hablilla reside una precomprensión determinada, que el existir tendrá de sí mismo: [51] el «en cuanto qué» según el cual el existir se aborda y se habla a «sí». Esta hablilla es, por lo tanto, el cómo en que una determinada interpretación ya-hecha [4] de sí mismo está a disposición del existir mismo. Lo ya-interpretado mismo no es algo que se le añadiera al existir, algo que se le endosara, se le adhiriera por fuera, sino algo a lo que el propio existir llega por sí mismo, desde lo cual vive, por lo cual es vivido (un cómo de su ser) [5].
Otra característica más de lo ya-interpretado de la actualidad es que se experimenta de modo justamente no expreso, no actual; es un cómo del existir por el cual todo es vivido. Precisamente porque constituye la publicidad y, en cuanto tal, la normalidad, que está ahí y que cualquiera puede entender fácilmente, nada de lo que pasa se le escapa. El hablilla habla de todo con una peculiar falta de sensibilidad para con las diferencias. En cuanto tal normalidad, el «ahora» seguro, ahora en cuanto lo de siempre, la publicidad es el modo de ser del «uno»: uno dice, uno oye, uno cuenta, uno supone, uno espera, uno está a favor de que… [6] El hablilla no es de nadie, nadie se responsabiliza de haberla dicho.
Incluso se escriben libros de oídas. Ese «uno» es el nadie que como un fantasma anda en el existir fáctico, un cómo de la fatalidad específica de la facticidad, fatalidad a la que todo vivir fáctico paga su tributo.
Lo ya-interpretado delimita de modo difuso el ámbito desde el cual el existir mismo plantea cuestiones y exigencias. Lo ya-interpretado es lo que da al «aquí» del estar-aquí fáctico el carácter de un estar orientado, lo que delimita concretamente su posible modo de ver y el alcance de su vista. El existir habla de sí mismo, se ve a sí mismo de tal y tal modo, y, sin embargo, eso es sólo una máscara con que el existir se cubre para no espantarse de sí [52] mismo. Prevención «de» la angustia. Lo que se da a la vista es la máscara con la que el existir fáctico puede encontrarse consigo mismo, la máscara con la cual aparece ante sí como si «fuera»; con esa máscara de lo ya-interpretado público se presenta el existir como actividad suma (esto es, del negocio) [7]. (p. 50-52)
van Buren
In anticipation of what will be said later about it, the following can be defined for the time being: The being-there of Dasein has its open space of publicnesp41 and its ways of seeing there. It moves (a basic phenomenon) around in a definite mode of discourse about itself: talk (technical term). This discourse "about" itself is the public and average manner in which Dasein takes itself in hand, holds onto itself, and preserves itself. What lies in this talk is a definite comprehension which Dasein in advance has of itself: the guiding "as what" in terms of which it addresses "itself." This talk is thus the how in which a definite manner of Dasein’s having-been-interpreted stands at its disposal. This being-inteipreted is not something which would have been added to Dasein, externally applied to it, affixed to it, but rather something into which it has come of itself, from out of which it lives, on the basis of which it is lived (a how of its being). [8]
This being-interpreted in the today is further characterized by the fact that it is in fact not explicitly experienced, not explicitly present, it is a how of Dasein from out which and on the basis of which the Dasein of each is lived. Precisely because it makes up the open space of publicness and as such that averageness in which each can easily follow along, be involved, and be at home there, nothing which happens eludes it. The talk discusses everything with a peculiar insensitivity to difference. As this kind of averageness, the innocuous initial "givens" of the day which are closest to us and these givens as a for-the-most-part and for-most-of-us, publicness is the mode of being of the "every-one everyone says that. . . , everyone has heard that. . ., everyone tells it like . . ., everyone thinks that . . . , everyone expects that . . . , everyone is in favor of. . . . The talk in circulation belongs to no one, no one takes responsibility for it, every-one has said it.
"One" even writes books on the basis of such hearsay. This "everyone" is precisely the "no-one" which circulates in factical Dasein and haunts it like a specter, a how of the fateful undoing of facticity to which the factical life of each pays tribute.
Fluent in all matters, Dasein’s being-interpreted circumscribes the terrain on the basis of which Dasein can raise questions and make claims. It is what gives to the "there" of the factical being-there of Dasein [Dasein] its characteristic of being-oriented in a definite manner, of a definite circumscription of the kind of sight possible for it and of its scope. Dasein speaks about itself and sees itself in such and such a manner, and yet this is only a mask which it holds up before itself in order not to be frightened by itself. The warding off "of" anxiety. Such visibility is the mask in which factical Dasein lets itself be encountered, in which it comes forth and appears before itself as though it really "were" it—in this masquerade of the public manner of being-interpreted, Dasein makes itself present and puts itself forward as the height of living (i.e., of industriousness). (p. 25 ss)
Original
Für jetzt sei aus der Vorwegnahme darüber bestimmt: Das Dasein hat seine Öffentlichkeit und seine Sicht. Das Dasein bewegt sich (Grundphänomen) in einer bestimmten Weise des Redens von ihm selbst, das Gerede (Terminus). Dieses Reden »von« ihm selbst ist die öffentlich-durchschnittliche Weise, in der das Dasein sich nimmt und behält. Es liegt im Gerede eine bestimmte Vorauffassung, die das Dasein von ihm selbst hat: das leitende »als was«, in dem es »sich« anspricht. Dieses Gerede ist sonach das Wie, in dem dem Dasein selbst eine bestimmte Ausgelegtheit seiner selbst zur Verfügung steht. Diese Ausgelegtheit selbst ist nicht etwas, was dem Dasein nachgetragen, von außen angehängt, aufgeklebt wäre, sondern etwas, zu dem das Dasein von ihm selbst her gekommen ist, woraus es lebt, wovon es gelebt wird (ein Wie seines Seins). [9]
Diese Ausgelegtheit des Heute ist ferner dadurch charakterisiert, daß sie gerade nicht ausdrücklich erfahren ist, nicht gegenwärtig, sie ist ein Wie des Daseins, von dem jedes gelebt wird. Gerade weil sie die Öffentlichkeit ausmacht und als solche die Durchschnittlichkeit, in der jeder leicht mitkann und dabei ist, bleibt ihr nichts, was passiert, entzogen. Das Gerede beredet alles in einer eigentümlichen Unterschiedsunempfindlichkeit. Als solche Durchschnittlichkeit, das ungefährliche »Zunächst«, Zunächst als Zumeist, ist die Öffentlichkeit die Seinsweise des »Man«: man sagt, man hört, man erzählt, man vermutet, man [32] erwartet, man ist dafür, daß… Das Gerede gehört niemand, niemand steht dafür ein, das Man hat es gesagt.
Man schreibt sogar Bücher aus dem Hörensagen. Dieses »Man« ist das »Niemand«, das wie ein Gespenst im faktischen Dasein umgeht, ein Wie des spezifischen Verhängnisses der Faktizität, dem jedes faktische Leben seinen Tribut zahlt.
Die Ausgelegtheit umgrenzt fließend den Bezirk, aus dem das Dasein selbst Fragen und Ansprüche stellt. Sie ist das, was dem »Da« im faktischen Da-sein den Charakter eines Orientiertseins, einer bestimmten Umgrenzung seiner möglichen Sichtart und Sichtweite gibt. Das Dasein spricht von ihm selbst, es sieht sich so und so, und doch ist es nur eine Maske, die es sich vorhält, um nicht vor sich selbst zu erschrecken. Abwehr »der« Angst. Solche Sichtgabe ist die Maske, in der das faktische Dasein sich sich selbst begegnen läßt, in der es sich vor-kommt, als »sei« es; in dieser Maske der öffentlichen Ausgelegtheit präsentiert sich das Dasein als höchste Lebendigkeit (des Betriebes nämlich). (p. 31-32)