Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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GA54:110 – Scheu - αιδώς - temor

segunda-feira 12 de novembro de 2018

Wrublevski

“Mas ο temor dispõe ο homem para ο desabrochar da essência e a alegria o dispõe para o pensar prévio; mas às vezes lhe sobrevêm a nuvem escura do ocultamento, que retém o caminho direito além das ações e as coloca fora do que é a descoberta plena de sentido."

Essa palavra traz a elucidação essencial poética mais bela possível da λήθη. Aqui λάθα está em contraposição a αιδώς. Traduzimos por “temor”. Mas esta palavra não deve nomear um sentimento “subjetivo” como também nenhuma “disposição vivencial” do “sujeito” humano. Αιδώς (temor) sobrevêm para o homem como o determinante, isto é, o que cria uma disposição de afinação. Assim como se torna claro, com base na contraposição λάθα (encobrimento), o temor determina a ἀλήθεια, o descoberto segundo seu desencobrimento, no qual se acha toda a essência do homem com toda a sua capacitação. Αιδώς, uma palavra fundamental da poesia de Píndaro  , e com isso uma palavra fundamental dos próprios gregos, não significa jamais, mesmo se compreendermos o temor como o que cria afinação, uma simples timidez, angústia ou medo. O modo mais fácil para atingir a essência do temor [Scheu], como é pensado aqui, resulta de sua essência contrária, ou seja, isso que chamamos de [111] “nojo” [Abscheu]. O temor nos predispõe a pensar, antecipadamente, o que dispõe a essência do homem em relação aos entes como um todo. Αιδώς — pensado de um modo grego — não é um sentimento que o homem possui, mas a disposição que, enquanto disposição, determina sua essência, isto é, determina a relação do ser com o homem.

Por isso ἀιδώς é o que há de mais alto na proximidade essencial do deus supremo Ζευς. Assim Sófocles   diz (Édipo em Colono, 1267): […] “Mas αἰδώς, junto com Zeus, mantém sua sede essencial, reinando sobre todas as outras obras” (entes produzidos e constituídos pelo homem). (p. 110-111)

Schuwer & Rojcewicz

"Awe thrusts up the flourishing of the essence and the joy disposing man to think ahead, but sometimes there comes over it the signless cloud of concealment, which withholds from actions the straightforward way and places them outside what is thoughtfully disclosed "

These words provide a very beautiful poetic elucidation of the essence of λήθη. Here λάθα stands in opposition to αιδώς. We translate by "awe." But that word is not meant to denote a "subjective" feeling or a "lived experience" of the human "subject." Αιδώς (awe) comes over man as what is determining, i e., disposing. As is clear on the basis of the opposition to λάθα (concealment), awe determines ἀλήθεια. the unconcealed in its unconcealedness, in which the whole essence of man stands together with all human faculties Αιδώς, a fundamental word of Pindar  ’s poetry and consequently a fundamental word [75] of the Greeks themselves, never means, even if we understand awe as a disposition, mere bashfulness, anxiousness, or fearfulness The easiest way to touch the essence of awe [Scheu] as meant here is on the basis of its counter-essence, "abhorrence" [Abscheu], Awe disposes us toward thinking in advance what disposes the essence of man out of beings as a whole. Αιδώς—thought in the Greek manner—is not a feeling man possesses but the disposition, as the disposing, which determines his essence, i e., determines the relation of Being to man. Therefore ἀιδώς, as the highest, lies in essential proximity to the highest god, Ζευς. Thus Sophocles   says (Oedip Col., 1267): […] “But Αιδώc,, together with Zeus, holds the throne of essence, raised above all others” (beings man produces and sets up) (p. 74-75)

Original

[110] »zu aber Erblühn des "Wesens wirft und Freude den Menschen ins Vordenken stimmende Scheu; darüber aber kommt zuweilen auch der Verbergung zeichenlose Wolke und zieht abseits der Handlungen geradeaus gehenden Weg   ins Außerhalb des bedachtsam Entborgenen.«

Dieses Wort gibt die dichterisch schönste Wesenserhellung der λήθη. Hierbei steht der λάθα gegenüber αιδώς. Wir übersetzen mit »Scheu«. Dies Wort soll aber nicht ein »subjektives« Gefühl benennen und keine »Erlebnishaltung« des menschlichen »Subjekts«. Αιδώς (Scheu) kommt über den Menschen als das Bestimmende und d. h. Stimmende. Wie aus dem Gegensatz zur λάθα (Verbergung) deutlich wird, bestimmt die Scheu die ἀλήθεια, das Unverborgene nach seiner Unverborgenheit, in der das ganze Wesen des Menschen mit all seinen Vermögen steht. Αιδώς, das Grundwort der pindarischen Dichtung und somit ein Grundwort des eigentlichen Griechentums, meint, auch wenn wir die Scheu als das Stimmende fassen, nie die bloße Schüchternheit, nicht die Verängstigung und Furchtsamkeit. Am ehesten treffen wir das Wesen der hier gemeinten Scheu aus dem Gegenwesen, das wir »Abscheu« nennen. Die Scheu stimmt in das Vordenken auf das, was das Wesen des Menschen aus dem Seienden im Ganzen her stimmt. Αιδώς — griechisch gedacht — ist nicht ein Gefühl, das der Mensch hat, sondern die Stimmung als das Stimmende, das sein Wesen, d. h. den Bezug des Seins zum Menschen, bestimmt. Deshalb ist αἰδώς als das Höchste in der Wesensnähe des höchsten Gottes Ζευς. So sagt Sophokles   (Oedip. Kol. 1267): […] »Doch hat ja auch mit Zeus beisammen inne ihren Wesenssitz αἰδώς, thronend über allem Beigestellten« (Seienden, das der Mensch sich her- und zustellt). (p. 110)


Ver online : Parmenides [GA54]