Casanova
A definição indicada de compreensão remonta a Droysen, mas antes de tudo a Dilthey. Segundo Droysen, aquilo que é compreendido não é outra coisa senão o ‘material histórico”. Dilthey, por sua vez, apresenta a sua compreensão do compreender nas Ideen über beschreibende und zergliedernde Psychologie (Ideias sobre uma psicologia descritiva e analítica). Neste texto, ele formula a sua compreensão em uma sentença tão marcante que, exatamente por isto, passou a ser sempre citada uma vez (…)
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Hermenêutica
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Figal (O:113-116) – Compreensão
7 de janeiro, por Cardoso de Castro -
Schérer (1971:147-153) – Daseinanálise de Binswanger (III)
24 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
A metáfora indica precisamente que, se o sonho não se junta à vida real na sua forma prática, pode, no entanto, assumir a forma e o sentido da espiritualidade e da comunidade: "a espiritualidade, uma vez desperta, pode estender-se até ao sonho para fazer surgir pelo menos a imagem da vida universal". A metáfora do sonho é a possível assunção pela subjetividade de uma universalidade que não lhe é estranha, mas que se inscreve nas possibilidades da sua história individual, ou a (…) -
Schérer (1971:143-146) – Daseinanálise de Binswanger (II)
24 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Se a metáfora tem um significado ontológico, então o conhecimento do seu conteúdo situa-nos imediatamente na dimensão ontológica da existência, e é na própria expressão linguística que podemos alcançar os canais através dos quais a comunicação é dada ou recusada. Enquanto o pensamento objetivista estabelece um fosso intransponível entre o sonho em que o indivíduo se isola e a realidade em que se encontra com os outros, a análise que toma a expressão como tema desloca o centro da (…) -
Schérer (1971:140-143) – Daseinanálise de Binswanger (I)
24 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Reafirmemos primeiro as noções de princípio que separam a concepção psiquiátrica de Binswanger da de Freud, pois talvez tenhamos deixado este ponto na incerteza, estando mais preocupados, antes de mais, em mostrar como a investigação concreta freudiana poderia enriquecer os dados de uma análise teórica do que em insistir nas diferenças. Binswanger não se contenta em acrescentar ao sistema freudiano a noção de "mente" que, sob a forma de logos, é o objeto da nossa investigação (…) -
Japiassu (1977:Apresentação) – Hermeneutica de Ricoeur
16 de dezembro de 2023, por Cardoso de CastroÉ nesse contexto — de uma decodificação hermenêutica do universo dos signos, presidindo à elaboração do discurso científico, mormente no domínio das chamadas ciências humanas e sociais, e de uma crítica hermenêutica dos discursos ideológicos, sempre presentes em todo conhecimento, por mais científico que ele seja — que vai situar-se o presente volume, denominado Interpretação e ideologias. Trata-se de uma coletânea de textos publicados pelo autor em diversas revistas ou em obras coletivas. (…)
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Ricoeur (2000:5-7) – Memória e Imaginação (nota inicial)
28 de novembro de 2023, por Cardoso de CastroAo submeter-se ao primado da questão "o quê", a fenomenologia da memória confronta-se desde logo com uma formidável aporia que a linguagem corrente suporta: a presença em que parece consistir a representação do passado parece ser, de facto, a de uma imagem. Dizemos indistintamente que representamos um acontecimento passado ou que temos uma imagem dele, que pode ser visual ou auditiva.
En se soumettant au primat de la question « quoi ? », la phénoménologie de la mémoire se voit confrontée (…) -
Ricoeur (1990/1991:405-407) – o apelo da consciência
2 de julho de 2023, por Cardoso de CastroNisso tudo, a crítica de Heidegger do sentido comum encontra-se manifestamente próxima da Genealogia da moral de Nietzsche. Como consequência, são rejeitados em bloco o ponto de vista deontológico de Kant, a teoria scheleriana dos valores e, no mesmo movimento, a função crítica da consciência. Tudo isso fica na dimensão da preocupação, a que falta o fenômeno central, o apelo às possibilidades mais apropriadas.
Lucy Moreira Cesar
Esse arrancamento da consciência à falsa alternativa da (…) -
Ricoeur (1985/1997:117-121) – A temporalização: por-vir, ter-sido, tornar-presente
1º de julho de 2023, por Cardoso de CastroEncontramos, pois, entre a articulação interna do Cuidado [Sorge] e a triplicidade do tempo uma relação quase kantiana de condicionalidade. Mas o “tornar-possível” heideggeriano difere da condição kantiana de possibilidade, pelo fato de que o próprio Cuidado possibilita toda a experiência humana.
Roberto Leal Ferreira
É só, como dissemos, no final do capítulo III da segunda seção, §§ 65-66, que Heidegger trata tematicamente da temporalidade em sua relação com o Cuidado. Nessas páginas, (…) -
Gadamer (1993:C2) – iatrike techne
25 de junho de 2023, por Cardoso de CastroO médico não pode abdicar de sua obra, da forma como todo artista abdica da sua, como faz todo artesão e especialista, a saber, de tal forma que se possa, de algum modo, manter o trabalho como sendo sua obra. De fato, em toda a “techne” o produto é deixado para o uso de outros, mas trata-se sim de uma obra própria. A obra do médico, pelo contrário, exatamente por ser a saúde restabelecida, não é mais sua de modo algum, nunca o foi. A relação entre realizar e o realizado, fazer e o feito, (…)
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Ricoeur (1977) – Compreender-se diante da obra
22 de junho de 2023, por Cardoso de CastroGostaria de considerar uma quarta e última dimensão da noção de texto. Anunciava-a na introdução dizendo que o texto é a mediação pela qual nos compreendemos a nós mesmos. Este quarto tema marca a entrada em cena da subjetividade do leitor. Prolonga esse caráter fundamental de todo discurso de ser dirigido a alguém. Todavia, diferentemente do diálogo, esse vis-à-vis não é dado na situação de discurso. Ousaria mesmo dizer que ele é criado, instaurado, instituído pela própria obra. Uma obra se (…)