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Uma vez que o próprio Heidegger está consciente do problema com que estamos a lidar [tradução de Dasein], e está a entrar no coração do debate para proscrever o ser-aí, que mais podemos fazer senão recorrer a ele? O que é que ele tem a dizer, ou mesmo a propor, sobre um ponto tão decisivo? A sua intervenção histórica está contida em duas linhas da sua carta a Jean Beaufret, de 23 de novembro de 1945: "Da-sein significa para mim, se me é permitido dizê-lo num francês talvez (…)
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Fenomenologia
Alguns filósofos modernos da Fenomenologia, anteriores e posteriores a Heidegger, referenciados ou não por Heidegger, ou que dialogam com ele.
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Vezin (ET:524-525) – "ser-o-aí"
21 de fevereiro, por Cardoso de Castro -
Vezin (ET:521-523) – "ser" em Dasein
21 de fevereiro, por Cardoso de Castrodestaque
Mas ao Dasein, "o ser não é dado passivamente, como o é o ser das coisas" (J. Patocka), não basta "deixar-se ir a ser" (A. Artaud). Temos que carregar o nosso ser, e é a originalidade do Dasein ter — por mais difícil que seja — "ser" (p. 42). Este modo específico que o homem tem de ser não é ainda o próprio Dasein, mas é o ser do Dasein; e este ser, Heidegger reserva-lhe o nome de Existenz, tal como acaba de irromper na tradução alemã de Kierkegaard. É assim que podemos ler (p. (…) -
Vezin (ET:519-521) – Dasein
20 de fevereiro, por Cardoso de Castrodestaque
Passemos à introdução do livro [SZ], na página 7. A palavra Dasein aparece aí pela primeira vez, com o significado "habitual", como especifica a nota de rodapé nesse ponto. É citada no meio de uma enumeração, pelo que Heidegger está, por assim dizer, a abandonar o seu significado filosófico clássico (existência). O Dasein aparecerá então em itálico na frase que o introduz no seu novo significado:
"Este ser que somos a cada vez e que tem, entre outras possibilidades de ser, a de (…) -
Katherine Withy (2019) – Befindlichkeit e vocação
20 de fevereiro, por Cardoso de Castrodestaque
Heidegger analisa tanto a disposição [Befindlichkeit] como a compreensão [Verständnis], considerando o modo como nos abrem (i) a nós próprios (auto-revelação), (ii) ao mundo como espaço de inteligibilidade possível (revelação do mundo) e (iii) às entidades, inteligíveis como isso e aquilo que são (descoberta). Em resumo, a sua explicação da compreensão é a seguinte: (i) projetamo-nos ou assumimos uma identidade — por exemplo, empresário, avô ou bebedor de café. Esta identidade (…) -
GA24:463-465 – anamnesis
19 de fevereiro, por Cardoso de CastroCasanova
Ouvimos: o ser-aí mantém-se cotidianamente, de início e na maioria das vezes, unicamente junto ao ente, apesar de já precisar ter compreendido em meio a esta estada e para tanto o ser. A questão, porém, é que, de acordo com a imersão, com o perder-se no ente, tanto em si mesmo, no ser-aí, quanto no ente que o ser-aí não é, o ser-aí não sabe nada sobre o fato de já ter compreendido ser. O ser-aí faticamente existente esqueceu esse anterior. Se, por conseguinte, o ser, o anterior, (…) -
GA87:308-310 – Nenhuma ciência consegue ter clareza sobre sua própria essência
19 de fevereiro, por Cardoso de CastroGiachini
Nenhuma ciência consegue ter clareza sobre sua própria essência. Isso porque seria necessário investigar a ciência como se fosse um objeto dessa ciência, precisamente com o mesmo método. Mas a ciência ela mesma não é um objeto de consideração para si mesma; quiçá, ela seja o espaço de mirada, unicamente dentro do qual o homem pode deixar vir ao seu encontro objetos dentro de uma determinada perspectiva. Esse espaço de mirada já não pode ser investigado pelo cientista com os (…) -
GA87:310-313 – Descartes - “as regras para a direção do espírito”
19 de fevereiro, por Cardoso de CastroGiachini
Descartes fundamenta o método científico moderno na consideração do ente (do objeto) com as “regulae ad directionem ingenii”, “as regras para a direção do espírito” (invenção do espírito). Vamos recordar as primeiras 5 regras para conhecer qual a direção que toma a fundamentação da ciência moderna.
A primeira regra diz: “a finalidade do aprendizado científico tem de ser iluminar o espírito inventivo dos sentidos para que apresente juízos firmes e verdadeiros sobre tudo que (…) -
Scheler (2012:3-6) – Ordo amoris (II)
17 de fevereiro, por Cardoso de Castro“Quem possui o ordo amoris de um homem possui o homem“. Possui, relativamente a ele enquanto sujeito moral, o que a fórmula cristalina é para o cristal. Perscruta o homem até onde é possível indagar um homem. Diante de si, por trás de toda a diversidade e complicação empíricas, sempre as simples linhas fundamentais do seu ânimo que, mais do que o conhecimento e a vontade, merece chamar-se o cerne do homem enquanto ser espiritual. Possui num esquema espiritual a fonte originária que alimenta (…)
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Lévinas (1990/2004:119-124) – O sono e o lugar
16 de fevereiro, por Cardoso de CastroPaul Albert Simon
Em que consiste o sono, com efeito? Dormir é suspender a atividade psíquica e física. Mas ao ser abstrato, pairando no ar, falta uma condição essencial dessa suspensão: o lugar. O apelo ao sono se [85] faz no ato de deitar-se. Deitar-se é exatamente limitar a existência ao lugar, à posição.
O lugar não é “alguma parte” indiferente, mas uma base, uma condição. É certo que compreendemos comumente nossa localização como a de um corpo situado em qualquer lugar. Seguramente, (…) -
Sallis (1990:97-100) – imaginação - o sentido do ser?
16 de fevereiro, por Cardoso de Castrodestaque
Não se deve passar demasiado facilmente por cima do paradoxo que surge assim que a imaginação é introduzida na fenomenologia. Ao regressar às coisas em si, a fenomenologia parece exigir exatamente a direção oposta àquela que se acredita que a imaginação tipicamente toma. A fenomenologia, ao que parece, não poderia ter nada a ver com esses voos de fantasia, essas ficções, com as quais a imaginação - aparentemente alheia às coisas em si - teria de se ocupar. Quando muito, a (…)