Bernardo Sansevero
A absorção pelas coisas que vêm ao nosso encontro é exatamente o modo impróprio de ser-no-mundo. O Dasein impróprio compreende a si mesmo em termos de “um conjunto objetivo de coisas” (SZ, p. 201; ST, p. 269). Assim, a modificação imprópria do Dasein é tal que Dasein compreende a si mesmo como se fosse algo objetivamente presente entre outras coisas. Em tal absorção, porém, ainda temos uma modificação específica do “existencial” chamado “todo”. Heidegger descreve o todo (…)
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Fenomenologia
Alguns filósofos modernos da Fenomenologia, anteriores e posteriores a Heidegger, referenciados ou não por Heidegger, ou que dialogam com ele.
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Schürmann (2016:191-193) – totalização imprópria
29 de fevereiro, por Cardoso de Castro -
Caputo (MEHT:159-161) – homem em Heidegger e Eckhart (II)
29 de fevereiro, por Cardoso de Castrodestaque
Assim, existe em Eckhart e em Heidegger uma distinção comparável entre o ente que entrou verdadeiramente na sua própria natureza essencial e o ente que se deixa ocupar por uma coisa ou por outra. Aquilo a que Eckhart chama o "homem exterior" é o homem que gasta todas as suas energias em coisas exteriores. É um homem "ocupado", ocupado com coisas criadas, cobrando impostos, negociando no mercado, ou mesmo "ocupado" jejuando, dando esmolas e visitando igrejas. Esse homem não está (…) -
Haugeland (2013:6-8) – remissão referencial [Verweisungsbezug]
24 de fevereiro, por Cardoso de Castrodestaque
Imaginemos, por exemplo, que as regras do xadrez não estavam explicitamente codificadas, mas eram observadas apenas como um conjunto de normas de conformismo — "como se atua" em circunstâncias de jogo de xadrez. Assim, é correto (socialmente aceitável) mover o rei em qualquer uma das oito direções, mas apenas uma casa de cada vez. Para que isto seja uma norma, os jogadores e os mestres/juízes devem ser capazes de "dizer" (responder de forma diferente, dependendo) qual a peça que é (…) -
Haugeland (2013:4-6) – o impessoal [das Man]
24 de fevereiro, por Cardoso de Castrodestaque
Imagine uma comunidade de criaturas versáteis e interactivas, não especificadas de outra forma, exceto que são conformistas. "Conformismo" aqui significa não apenas imitatividade (macaco vê, macaco faz) mas também censura — isto é, uma tendência positiva para ver que os vizinhos fazem o mesmo e para suprimir a variação. Isto deve ser pensado como uma disposição comportamental complicada, que as criaturas têm por natureza ("ligada"). Pressupõe nelas uma capacidade de reagir (…) -
Haugeland (2013:8-10) – Dasein
24 de fevereiro, por Cardoso de Castrodestaque
[…] De acordo com a primeira frase do livro propriamente dito (SZ 41), somos nós próprios Dasein. Mas esta é a frase mais mal compreendida de todo o Heidegger. Porque os leitores supuseram que "Dasein é apenas um termo novo para "pessoa" (ou "ego" ou "mente") — por outras palavras, que cada um de nós é ou tem um Dasein, e que há um Dasein para cada um de nós. Isto está errado, e a primeira indicação é um simples ponto textual. ’Pessoa’ é um substantivo contável (podemos "contar" (…) -
Ciocan (2014) – existenciais
22 de fevereiro, por Cardoso de Castrodestaque
[…] podemos colocar-nos a seguinte questão: se todas as estruturas envolvidas pela analítica existencial (com exceção daquelas que têm um significado "categorial" óbvio) são "existenciais" num sentido adjetival, serão também todas elas "existenciais" (num sentido nominal)? Se recorrermos rigorosamente às ocorrências textuais, descobrimos que Heidegger concede explicitamente o estatuto de Existenzial apenas às seguintes estruturas do Dasein: ser-em (In-Sein), ser junto (Sein bei), (…) -
Butler (1997:C2) – auto-identidade da vontade
22 de fevereiro, por Cardoso de CastroRogério Bettoni
Nietzsche oferece uma visão da consciência como atividade mental formadora de vários fenômenos psíquicos, mas que também é formada – consequência de um tipo distinto de internalização. Em Nietzsche, que distingue consciência de má consciência, consta que a vontade se volta sobre si mesma. Mas que sentido devemos dar a essa estranha locução? Como podemos imaginar uma vontade que recua e se redobra sobre si mesma? E como, mais pertinentemente, essa figura é oferecida como (…) -
Graham Harman (2002:§1) – império-utilitário global
22 de fevereiro, por Cardoso de Castrodestaque
A próxima caraterística importante do equipamento é a sua totalidade. O utensílio nunca se encontra isolado, mas pertence a um sistema: "Em sentido estrito, não existe um equipamento. Ao ser de qualquer equipamento pertence sempre uma totalidade de equipamentos, na qual ele pode ser o equipamento que é." Mais uma vez, há o perigo de nos precipitarmos num acordo fácil com Heidegger. O cerne da questão não reside na observação de que o equipamento se encontra sempre em conjunto com (…) -
Merleau-Ponty (1966/1996:94-96) – emoções não são interiores
21 de fevereiro, por Cardoso de Castrodestaque
Temos de rejeitar o preconceito de que o amor, o ódio ou a raiva são "realidades interiores" acessíveis apenas a uma testemunha, a pessoa que os experimenta. A raiva, a vergonha, o ódio e o amor não são fatos psíquicos escondidos nas profundezas da consciência de outra pessoa; são tipos de comportamento ou estilos de conduta visíveis do exterior. Estão naquele rosto ou naqueles gestos, não estão escondidos atrás deles. A psicologia só começou a desenvolver-se quando abandonou a (…) -
Beaufret (1973:50-52) – ser-aí x ser-o-aí
21 de fevereiro, por Cardoso de Castrodestaque
O que nunca deixou de surpreender os gregos, pelo menos até Aristóteles, não foi o fato de ser/estar aí, mas o fato de ser/estar o aí, a própria presença de todas as coisas, de tal modo que os deuses, diz um fragmento de Hesíodo, "os encaravam em todo o seu brilho". Ler a filosofia grega de qualquer outra forma é fecharmo-nos antecipadamente ao que ela nos dá a entender. Um idiota como Hípias não podia ouvir uma palavra do que Platão dizia. "Entre: o que é belo (τί έστι καλόν;), (…)