Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Loreau (1989:269-272) – Dasein é o Aí

sexta-feira 27 de setembro de 2024

O ser-no-mundo é um fenômeno unitário. O que garante sua realidade positiva é que o Dasein que ele estabelece é originalmente Da-sein: é (sein) o Aí (Da). Não há lá e aqui — nenhum espaço — a menos que haja um Aí: um movimento de abertura a partir do qual o espaço se abre, é aberto; a menos que haja também um ente que é este Aí, este movimento de abertura, e que seja, portanto, o ser do Aí (Da-sein). “Dasein é seu Aí” significa: o ente que é o Dasein não é fechado, enclausurado, privado de si mesmo. Em virtude da abertura essencial do Aí, ele é uno consigo mesmo e com o ser-aí do mundo (SZ  :132). Em outras palavras, enquanto ele é o seu Aí, o Dasein é a clareira graças à qual ele é, em essência, ser-no-mundo. Sem sua abertura — sem seu Aí — ele não é o Dasein; ele não é nem para si mesmo nem para o mundo. Por meio dela, é relação ao ser: uma clareira pela qual o ser pode vir à luz, mas também pela qual o Dasein é de pronto lançado no espaço. Ser-em significa, portanto, ser sua abertura — seu Aí. Quando é seu Aí, o Dasein é essencialmente capaz de ser: está aberto ao espaço, que não é outro senão ele mesmo enquanto Aí. É em seu Aí que o ser do Dasein pode ser alcançado e, portanto, é nele e por meio dele que o acesso ao ser deve ser oferecido. É de se esperar que a visão e o logos, enquanto poderes do Dasein, estejam ligados ao ser do Aí.

[LOREAU  , Max. La genèse du phénomène. Paris: Editions de Minuit, 1989]


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