Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Henry (GP:46) – psicanálise e vida

domingo 30 de janeiro de 2022

A psicanálise não pertence, portanto, ao corpus das ciências humanas no qual a situamos hoje e da qual ela será aqui cuidadosamente dissociada: ela é antes a sua antítese. Quando a objetividade não cessa de estender o seu reino de morte sobre um universo devastado, quando a vida não tem outro refúgio que o inconsciente freudiano e, sob cada um dos atributos pseudocientíficos com os quais se reveste este último, age e se esconde uma determinação viva da vida, então é preciso dizer: a psicanálise é a alma de um mundo sem alma, é o espírito de um mundo sem espírito.

Mas a vida suporta, apenas por muito pouco tempo, a máscara que menos lhe convém, pois nenhuma situação repugna mais a sua essência que a de um trans-mundo [arrière-monde]. Sendo assim, ela não aceita, durante muito tempo, ter sua lei fora de si, ela que é sua própria lei e a tolera constantemente como aquilo mesmo que ela é, ela que é o pathos do Ser e seu sofrimento – ela que é a vida. Por isso, o tempo de retirar essa máscara lhe chegará em breve e, talvez, já tenha chegado. [MHPsique:46]


Ver online : Michel Henry