Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

Página inicial > Gesamtausgabe > GA8:95-96: Wollen - querer

GA8:95-96: Wollen - querer

segunda-feira 18 de maio de 2020

Paulo Schneider

Dizem assim:

"Na última e suprema instância não há nenhum [54] outro ser, senão o querer. Querer é ser primordial, e a isto apenas (ou seja, o querer) ajustam-se todos os predicados do mesmo (ou seja, do ser primordial): profundidade insondável, eternidade, independência do tempo, auto-afirmação. Toda a filosofia apenas aspira no sentido de encontrar essa expressão máxima" (WW.Abt.I, Bd VII, 350 Ende  ).

Schelling   encontra no querer os predicados que o pensar da metafísica desde tempos remotos atribui ao ser conforme a sua figura última e, por consequência, suprema. A vontade desse querer, entretanto, não é aqui entendida como faculdade da alma humana, mas a palavra "querer" denomina aqui o ser do ente no seu todo. Cada ente e o ente no seu todo têm a faculdade da sua essência na vontade e por intermédio da vontade. Isso nos soa estranho; mantém-se também estranho, enquanto os pensamentos essenciais e simples da metafísica ocidental permanecerem estranhos para nós, isto é, enquanto não pensarmos os pensamentos, mas sempre apenas os relatarmos. Pode-se, por exemplo, constatar com a máxima exatidão os enunciados de Leibnitz sobre o ser do ente e, ao mesmo tempo, não reconhecer o mínimo do que ele pensou quando definiu o ser do ente a partir da mônada, e esta enquanto unidade de perceptio e appetitus, enquanto unidade de representar e desejar [Anstreben]. O que Leibnitz aqui pensa vem à fala em Kant   e Fichte   enquanto vontade da razão, ao que Hegel   e Schelling seguem pensando, cada um por seu caminho. Schopenhauer   denomina e quer dizer o Mesmo quando pensa o mundo como vontade e representação; o Mesmo pensa Nietzsche  , quando ele define o ser primordial de ente enquanto vontade de poder. O fato de que aqui sem exceção o ser do ente em toda parte aparece enquanto querer não consiste em opiniões que alguns filósofos formem para si sobre o ser. [55] O que esse aparecer do ser enquanto vontade significa, isso não se consegue descobrir por nenhuma erudição. Apenas permite que se indague sobre si por meio de um pensar e apenas pensando se dignifique em sua problematicidade [Fragwurdigkeit], e isso quer dizer conservar [bewahrert] na memória [Gedächtnis  ] enquanto algo pensado [Gedachtes].

O ser do ente aparece para a metafísica moderna como vontade. Contudo na medida em que o homem, conforme sua essência como animal pensante, é relacionado ao modo da representação com o ente em seu ser e, desse modo, com este último, sendo por causa disso determinado a partir do ser, deve, então, o ser-homem aparecer acentuadamente como um querer de acordo com essa relação do ser (isso é, agora, da vontade) com a essência do homem. (p. 53-55)

Raúl Gabás

Schelling escribe:

En la última y suprema instancia no hay otro ser que el querer. Querer [Wollen  ] es ser originario, y solamente a éste [es decir, al querer] corresponden todos los predicados del mismo [o sea, del ser originario] : carencia de fundamento, eternidad, independencia del tiempo, afirmación de sí mismo. La filosofía entera no aspira sino a encontrar esta expresión suprema (Obras completas, sección I, vol. VII, p. 350, final) [1].

Schelling encuentra en el querer los predicados que la metafísica atribuye tradicionalmente al ser, y los encuentra allí según su forma última, suprema y, con ello, consumada. Pero la voluntad de este querer no está pensada aquí como facultad del alma [59] humana; más bien, la palabra «querer» designa en nuestro contexto el ser del ente en su totalidad. Todo ente y el ser en su totalidad tienen la capacidad de su esencia en la voluntad y por la voluntad. Eso parece extraño para nosotros, y nos seguirá pareciendo extraño mientras no nos resulten familiares los pensamientos esenciales y sencillos de la metafísica occidental, es decir, mientras no pensemos tales pensamientos, sino que nos limitemos siempre a relatar sobre ellos. Por ejemplo, podemos constatar con la mayor exactitud histórica los enunciados de Leibniz   sobre la metafísica y, sin embargo, no conocer lo más mínimo de lo que él pensaba cuando determinaba el ser del ente desde la mónada, y la definía como unidad de percepción y apetito, como unidad de representación y aspiración. Lo que aquí piensa Leibniz se expresa en Kant y Fichte como la voluntad racional, sobre la cual reflexionan Hegel y Schelling, cada uno a su manera. Lo mismo menciona y piensa Schopenhauer cuando concibe el mundo como voluntad y representación; y no es otro el contenido de Nietzsche cuando él define el ser originario del ente como voluntad de poder. El hecho de que aquí el ser del ente aparezca por doquier como voluntad no se debe a puntos de vista que algunos filósofos se han formado sobre el ser. Ninguna erudición puede llevarnos a encontrar lo que significa esta aparición del ser como voluntad. Eso sólo puede indagarse mediante un pensar genuino, y sólo pensando puede valorarse como merecedor de nuestro preguntar, es decir, conservarse en la memoria como pensado.

El ser del ente aparece para la metafísica moderna como voluntad. Ahí el hombre según su esencia, como el animal que piensa, se refiere a manera de representación al ente en su ser y con ello a éste mismo y, en consecuencia, está determinado por el ser. En correspondencia con esa relación del ser (o sea, según decíamos, de la voluntad) con la esencia humana, también el ser del hombre tiene que presentarse acentuadamente como voluntad.

Glenn Gray

They run:

“In the final and highest instance, there is no being other than willing. Willing is primal being and to it alone [willing] belong all [primal being’s] predicates: [91] being unconditioned, eternity, independence of time, self-affirmation. All philosophy strives only to find this highest expression” (Works, Section I, vol. 7, p. 550) .

The predicates, then, which metaphysical thought has since antiquity attributed to Being, Schelling finds in their final, highest and hence most perfected form in willing. The will in this willing does not   mean here a capacity of the human soul, however; the word “willing” here designates the Being of beings as a whole. Every single being and all beings as a whole have their essential powers in and through the will. That sounds strange to us; and it will remain strange as long as we remain strangers to the essential and simple thoughts of occidental metaphysics, in other words, as long as we do not think those thoughts but merely go on forever reporting them. It is possible, for example, to ascertain historically down to the last   detail what Leibniz said about the Being of beings, and yet not to understand in the least what Leibniz thought when he defined the Being of beings from the perspective of the monad, and defined the monad as the unity of perceptio and appetitus, as the oneness of perception and appetite. What Leibniz thought is then expressed by Kant and Fichte as the rational will, which Hegel and Schelling, each in his own way, reflect upon. Schopenhauer names and intends the same thing when he thinks of the world as will and idea  ; and Nietzsche thinks the same thing when he defines the primal nature of beings as the will to power. That the Being of beings appears here invariably and always as will, is not because a few philosophers have formed opinions about Being. What this appearance of Being as will points to is something that cannot be found out by any amount of scholarship. Only the inquiry of thought can approach it, only thought can do justice to its problematic, only thought can keep it thoughtfully in mind and memory.

To modern metaphysics, the Being of beings appears as [92] will. But inasmuch as man, because of his nature as the thinking animal and by virtue of forming ideas, is related to beings in their Being, is thereby related to Being, and is thus determined by Being-—therefore man’s being, in keeping with this relatedness of Being (which now means, of the will) to human nature, must emphatically appear as a willing. (p. 90-92)

Becker & Granel

Ces phrases disent : « Il n’y a, dans la dernière et la plus haute instance, absolument aucun Être que Vouloir [Wollen]. Vouloir est l’Être originel, et à celui-là seul — (à savoir, le Vouloir), conviennent tous les prédicats de celui-ci même (à savoir, de l’Être originel) : profondeur insondable, éternité, indépendance à l’égard du temps, le oui à [68] soi-même. Toute la philosophie   ne tend qu’à trouver cette formulation suprême » (WW Abt. i Bd. 7350, fin).

C’est dans le vouloir que Schelling trouve les prédicats que, de tout temps, la pensée métaphysique attribue à l’Être, dans leur forme ultime, dans leur forme la plus élevée, et par conséquent parfaite.

La volonté de ce vouloir n’est pourtant pas comprise comme pouvoir de l’âme humaine, mais le mot vouloir désigne ici l’Être de l’étant dans sa totalité. Tout étant, et l’étant dans sa totalité, a le pouvoir de son être dans la volonté et par la volonté. Cela sonne   pour nous étrangement; et cela restera étrange aussi longtemps que nous demeureront étrangères les pensées essentielles et simples de la Métaphysique occidentale, c’est-à-dire aussi longtemps que nous ne penserons pas ces pensées, mais que nous nous bornerons à en donner le compte rendu. On peut par exemple établir historiquement avec la plus grande exactitude les thèses de Leibniz sur l’Être de l’étant, et malgré cela ne pas avoir la moindre idée de ce qu’il pensait quand il déterminait l’Être de l’étant à partir de la monade et celle-ci comme unité de perceptio et appetitus, comme unité de la représentation et de l’appétition. Ce que Leibniz pense ici s’exprime chez Kant et Fichte par la Raison comme Volonté, et c’est ce que poursuit la pensée de Hegel et de Schelling, chacun selon ses voies. C’est la même chose que désigne et que vise Schopenhauer quand il pense le monde comme volonté et représentation; c’est la même chose que pense Nietzsche quand il détermine l’Être originel de l’étant comme volonté de puissance. Le fait qu’à travers tous l’Être de l’étant apparaisse ici comme volonté ne repose pas sur des opinions que quelques philosophes se forment de l’Être. Ce que cet apparaître de l’Être comme volonté signifie, c’est ce qu’on ne peut déceler par aucune érudition. Cela ne se laisse découvrir que par les questions d’une pensée, et ce n’est que si on le pense dans ce qui le rend digne de question que cela se laisse évaluer, c’est-à-dire conserver comme [69] pensé dans la Mémoire.

L’Être de l’étant apparaît pour la Métaphysique moderne comme volonté. Mais en tant que l’homme, d’après son essence de bête pensante, est orienté sur le mode de la représentation vers l’étant dans son Être, et ainsi vers l’Être lui-même; en tant qu’il est par conséquent déterminé à partir de l’Être, l’être-homme doit également — selon ce rapport de l’Être (c’est-à-dire maintenant de la volonté) à l’être de l’homme — apparaître avec force comme un vouloir. (p. 67-69)

Original

Die Sätze lauten:

»Es gibt   in der letzten und höchsten Instanz gar kein anderes Seyn   als Wollen. Wollen ist Urseyn, und auf   dieses allein [nämlich das Wollen] passen alle Prädicate desselben [nämlich des Urseins]: Grundlosigkeit, Ewigkeit  , Unabhängigkeit von der Zeit  , Selbstbejahung. Die ganze   Philosophie strebt nur dahin, diesen höchsten Ausdruck   zu finden« (W.W. Abt. I, Bd. VII, 350 Ende).

Schelling findet die Prädikate, die das Denken   der Metaphysik   von altersher dem Sein zuspricht, nach ihrer letzten und höchsten und somit vollendeten Gestalt im Wollen. Der Wille dieses Wol-lens ist jedoch hier nicht   gemeint als Vermögen   der menschlichen Seele  , sondern das Wort   »Wollen« nennt hier das Sein des Seienden   im Ganzen. Jedes Seiende und das Seiende im Ganzen hat das Vermögen seines Wesens im Willen und durch den Willen. Das klingt für uns befremdlich; es bleibt auch befremdlich, solange uns die wesentlichen und einfachen Gedanken der abendländischen Metaphysik fremd   bleiben, d.h. solange wir die Gedanken nicht denken, sondern immer nur über sie berichten. Man kann z. B. die Aussagen   von Leibniz über das Sein des Seienden auf das genaueste historisch   feststellen und gleichwohl nicht das mindeste von dem erkennen  , was er dachte, als er das Sein des Seienden von der Monade aus und diese als Einheit   von perceptio und appetitus, als Einheit von Vorstellen   und Anstreben bestimmte. Was Leibniz hier denkt, kommt bei   Kant und Fichte als der Vernunftwille zur Sprache  , dem Hegel und Schelling, jeder auf seinem Weg  , nachdenken. Das Selbe   nennt und meint Schopenhauer, wenn er die Welt   als Wille und Vorstellung denkt; das Selbe denkt Nietzsche, wenn er das Ursein des Seienden als Wille zur Macht   bestimmt. Daß   hier überall durchgängig das Sein des Seienden als Wille erscheint, beruht nicht auf Ansichten, die einige Philosophen vom Sein sich bilden  . Was dieses Erscheinen   des Seins als Wille bedeutet, das kann man durch keine [96] Gelehrsamkeit ausfindig machen. Es läßt sich nur durch ein Denken erfragen und nur denkend in seiner Fragwürdigkeit   würdigen und d.h. als Gedachtes im Gedächtnis bewahren  .

Das Sein des Seienden erscheint für die neuzeitliche   Metaphysik als Wille. Insofern aber der Mensch   seinem Wesen   nach als das denkende Tier   vorsteilenderweise auf das Seiende in seinem Sein und damit auf dieses bezogen und dadurch vom Sein her bestimmt wird, muß diesem Bezug   des Seins (d.h. jetzt des Willens) zum Menschenwesen gemäß auch das Menschsein auf betonte Weise   als ein Wollen erscheinen. (p. 95-96)

[Excerto de SCHNEIDER, Paulo Rudi. O Outro Pensar. Sobre Que significa pensar? e A época da imagem do mundo de Heidegger. Ijuís: Unijuí, 2005, p. 53-55]


Ver online : Qu’appelle-t-on penser? (epub)


[1Investigaciones filosóficas sobre la esencia de la libertad humana y sobre los objetos que se relacionan con ella, trad. de H. Cortés y A. Leyte, Anthropos, Barcelona, 1989, p. 147.