Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Xolocotzi (2011:20-21) – fenomenologia hermenêutica

domingo 13 de outubro de 2024

Poderíamos começar apontando que, para Heidegger, a filosofia autêntica é aquela que se dirige ao que diz respeito a todo ser humano: estar no mundo, existir em meio a entidades. Como ele mostra desde suas primeiras lições e como ele resume em Ser e Tempo  , a filosofia não é uma disciplina entre outras, mas um comportamento que se caracteriza por ser uma interpretação original da vida humana, revelando-se, assim, como uma possibilidade desta, e possuindo, por essa razão, seu próprio caráter. [1] No entanto, ao modo de ser da vida pertence o ocultamento e a interpretação de si mesma a partir daquilo que não a determina em seu próprio caráter, um caráter estranho a si mesma. Essa ocultação, então, leva ao desvelamento da vida a partir de perspectivas justapostas que inevitavelmente apreendem a filosofia como uma disciplina teórica. Isso ocorre quando a filosofia não mais contém a característica experiencial da própria vida, mas se apresenta como um campo de conhecimento de algo que está lá; dessa forma, “o que é vivido não participa do ritmo que caracteriza a experiência, ele existe por si mesmo e só é referido no conhecimento” [2]. Por essa razão, em seu início filosófico, Heidegger enfatiza a necessidade de retomar a esfera ateórica na qual vivemos regularmente e, ao mesmo tempo, tematizar seu caráter factual: “a possibilidade de uma abordagem radical da problemática ontológica da vida repousa na facticidade” [GA61  ]. Assim, o acesso à problemática da tematização por parte da filosofia é visto por Heidegger não mais em termos cognitivos, mas em termos hermenêuticos: “A experiência que se apropria do vivido é a intuição abrangente, a intuição hermenêutica” (STJR  :141).

[XOLOCOTZI   YÁÑEZ, Á. (ED.). Fundamento y abismo: aproximaciones al “Heidegger tardío”. 1. ed ed. México: Benemérita Universidad Autónoma de Puebla, 2011]


Ver online : Ángel Xolocotzi Yáñez


[1Si desde el planteamiento heideggeriano la filosofía no cumple otra cosa que plantear expresamente la pregunta por el ser, entonces se entiende claramente su aseveración al final del § 4 de Ser y tiempo: "Pero entonces la pregunta por el ser no es otra cosa que la radicalización de una esencial tendencia de ser que pertenece al Dasein mismo, vale decir, de la comprensión preontológica del ser" [STJR:35].

[2La idea de la filosofía y el problema de la concepción del mundo, trad. Jesús Adrián Escudero, Barcelona, Herder, 2005a, p. 119.