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Erde / Erdball
Erde / Terre / Terra / Earth / Tierra
O Mundo enquanto Ideia é antes de tudo transcendência; ele ultrapassa (übersteigt) os fenômenos, mas nisso mesmo, e porque é totalidade destes fenômenos, ele se encontra relacionado a eles.
O «mesmo» Mundo é a Terra desconhecida (transzendent) para qual se orienta a abertura desejante (transzendenze) que de-fine o fundo do ser humano, a «natureza» humana. Este polo de Ausência, esta Terra desconhecida, permanece conhecida a partir do olhar ilusivo que o ser humano coloca sobre seu ambiente, sobre os fenômenos conhecidos, muito conhecidos, que o cercam. Olhar desrealizando as realidades muito opressivas para a sensibilidade. Olhar-falha que abre uma brecha na grande muralha do real. Olhar-Ideia que abre a esclerose dos conceitos nesta representação do «mesmo» Mundo cujo conteúdo se reduz a uma totalidade incondicionada. Ideia logo essencialmente ambígua quanto a sua natureza, posto que ela ultrapassa as realidades fenomenais das quais ela não pode no entanto jamais se exilar, posto que a resistência delas é a condição de sua produção neste vivente particular que é o ser humano. A Ideia de Mundo, do «mesmo» Mundo, não é portanto senão o índice do desejo profundo da natureza humana de ultrapassar um ambiente do qual ela não pode no entanto finalmente fazer pouco caso, posto que o indeterminado pressentido não se pensa ainda e sempre senão pela relação às determinações obcecantes. [Jean-François Duval : HEIDEGGER EL LE ZEN]
Matérias
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Graham Harman (2002:199-203) – diferenças intra Geviert
25 de outubro, por Cardoso de Castro
A questão restante é se há alguma diferença entre terra e deuses e, da mesma forma, alguma diferença entre céu e mortais. Se cada par consiste apenas em ocultação ou não ocultação, podemos abandonar com segurança o de Heidegger e retornar ao dualismo simples da análise inicial da ferramenta. Na tentativa de responder a essa pergunta, as questões se tornam um pouco mais sutis, embora permaneçam tão inteligíveis quanto antes. Pois é aqui que nossa discussão anterior sobre o curso de palestras (…)
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Haar (1985:5-6) – Terra
4 de novembro, por Cardoso de Castro
Mas por que a técnica ameaça a Terra? Como ela pode abalar o “solo” de nossa morada — em alemão, o Bodenständigkeit, a capacidade de se apoiar no solo e de se manter sobre ele? Como é que a técnica pode produzir uma crise universal de morada? “A ausência de morada (ou falta de morada: Heimatlosigkeit) torna-se um destino mundial.” [GA9:336] Esse tipo de desenraizamento é mais profundo do que qualquer fenômeno puramente sociológico ou político. Quando o mundo é reduzido a uma rede de conexões (…)
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Mitchell (2015:71-74) – Terra em Geviert
10 de novembro, por Cardoso de Castro
Em Geviert, a terra nomeia o que tradicionalmente poderíamos pensar como a “base material” da coisa. Essa afirmação só pode ser mantida se entendermos “material” e “base” de maneiras bem distintas de seu emprego tradicional na história da filosofia. Isso quer dizer que, estritamente falando, a Terra não é “material” nem uma “base”. O papel da terra dentro do Geviert transforma todas as nossas expectativas habituais do que é considerado terra ou mesmo terreno, pois a “matéria” da terra nada (…)
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Mattéi (1989:187-192) – Geviert (Quadriparti)
29 de junho de 2023, por Cardoso de Castro
Pensado como a reunião original que decide o destino dos quatro e os enlaça em quatro apreensões uns aos outros, o quiasma só aparece sob esta forma cruzada, e neste termos, nos textos heideggerianos. Heidegger ele mesmo, o ponto é importante, não reconhece analogia entre o Geviert e a quaternidade de Hölderlin, senão na medida em que esta insiste no centro — a unidade quinta – que não é nenhum dos quatro. Tal é a sintaxe decisiva do Quadriparti heideggeriano: o que propriamente decide das (…)
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Graham Harman (2002:195-197) – Geviert, Terra-Céu
25 de outubro, por Cardoso de Castro
Chegou o momento de nos voltarmos diretamente para a própria exposição de Heidegger sobre o Geviert, começando com a terra e o céu. Com relação à primeira: “A terra é a portadora servil, florescendo e frutificando, espalhando-se em rochas e água, elevando-se em plantas e animais”. O céu é introduzido com o mesmo entusiasmo: “O céu é o caminho abobadado do sol, o curso da lua mutável, o brilho errante das estrelas, as estações do ano e suas mudanças, a luz e o crepúsculo do dia, a escuridão e (…)
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Mitchell (2015:Intro) – Geviert
1º de outubro, por Cardoso de Castro
[…] As discussões de Heidegger sobre a terra a consideram a própria “matéria” da existência. O que essa matéria é, no entanto, não é nada que normalmente associamos à terra. Ela não é sólida nem fundamentada. Em vez disso, a terra nomeia o sensorial. De acordo com os insights anteriores de “A origem da obra de arte”, a terra nomeia um tipo de aparecimento sensorial não quantificável. Não se trata de uma base substancial que fundamentaria todas as coisas. Ao invés, o que é da terra não tem (…)
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GA7:167-184 – A Coisa
21 de dezembro de 2021, por Cardoso de Castro
Tradução da conferência "A Coisa" por Eudoro de Sousa, refazendo tradução anterior de José Xavier de Mello Carneiro. Publicada em DE SOUSA, Eudoro. Mitologia História e Mito. Lisboa: Imprensa Nacional, 2004, p. 201-2015
Eudoro de Sousa
1. No tempo e no espaço todas as distâncias se contraem. Lá onde outrora o homem viajava por semanas e meses, chega ele agora, de avião, numa noite. Aquilo de que outrora o homem só obtinha informação, após anos, ou de que, pura e simplesmente, nem era (…)
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GA65:§281 – Linguagem
15 de setembro, por Cardoso de Castro
Quando o divino invoca a terra, e esse chamado reverbera pelo mundo, ressoando como a essência da existência humana, a linguagem surge como um fenômeno histórico, servindo como o fundamento da própria história.
A linguagem e o acontecimento se entrelaçam. A ressonância da terra e o eco do mundo criam uma interação dinâmica. Surge o conflito, marcando o estabelecimento inicial de uma divisão, revelando a fenda mais profunda. Esse é o espaço aberto.
A linguagem, seja ela articulada ou não, (…)
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Mitchell (2015:71-73) – Terra em "Origem da Obra de Arte"
21 de outubro, por Cardoso de Castro
Heidegger introduziu pela primeira vez uma nova concepção da terra () em seu ensaio “A origem da obra de arte” de 1936 [GA5]. (A primeira elaboração é datada de 1931.) Isso não quer dizer que já esteja presente no ensaio da obra de arte — não está —, mas o papel que a terra desempenha ali a prepara para uma eventual inclusão em Geviert em 1949. […]
Desde a primeira elaboração do ensaio até sua versão publicada, a terra é entendida em uma relação tensa com o mundo. A descoberta de (…)
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Haar (2000:87-92) – A relação mundo-terra em Heidegger
5 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castro
O conflito entre a terra e o mundo é impossível de ser apaziguado. O mundo exige a clarificação das formas, espirituais e materiais: ele quer que tudo seja signo e significante. A terra exige o obscurecimento das formas, o nascimento dos símbolos. É o combate do dia e da noite.
Sem a obra, este combate, sempre mais “velho” do que ela, permanecería latente. O que ela deixa adivinhar sob suas figuras audíveis ou visíveis, sob o percurso de uma melodia, sob o arabesco de um desenho, sob tal (…)
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GA38:84-86 – história [Geschichte]
26 de abril de 2021, por Cardoso de Castro
HEIDEGGER, Martin. Lógica – A pergunta pela essência da linguagem. Tr. Maria Adelaide Pacheco e Helga Hoock Quadrado. Lisboa: Fundação Calouste Culbenkian, 2008, p. 144-147
Pacheco & Quadrado
Por isso, entrar na história não quer simplesmente dizer que algo passado, simplesmente por ter passado, é incluído no passado. É, aliás, questionável se o entrar na história significa sempre ser como que enviado para o passado. Quando um povo a-histórico entra na história, com “história” não (…)