Com um pouco de exagero, nós podemos afirmar: o destino do Ocidente depende da tradução da palavra eón. [GA9:345]
Este sentido peculiar de μοίρα como o envio do ἐόν, isto é, como o envio do movimento e, portanto, o destino do Ser, foi muito pouco pensado pela tradição filosófica, uma vez que é o sentido originário e primevo da palavra Ser.
É importante ressaltar que quando Heidegger inicia a interpretação da frase de Parmênides, ele se dá conta de que Parmênides não está falando de modo (…)
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Spiel / spielen / Spielraum / Zuspiel
Spiel / jogo / juego / jeu / game / Spielraum / leeway / Zuspiel / conexão de jogo / sugerencia / playing-forth
O correlato alemão do termo “jogo" é a palavra Spiel. Essa palavra possui um campo semântico muito mais amplo do que o campo semântico do termo “jogo” em português. Em verdade, os alemães utilizam a palavra Spiel para designar tanto o que denominamos jogo, quanto o que compreendemos simplesmente por brincadeira. Além disso, Spiel também se refere a algumas atividades em que a atividade lúdica se acha presente. Assim, o ato de tocar um instrumento musical [Klavier spielen] e mesmo uma peça teatral [Theaterspiel] se mostram como modos específicos de “jogar". No presente contexto, o termo “jogo” é a tradução já sedimentada para Spiel e nós optamos por ela. No entanto, para acompanhar as nuanças do texto, nos vimos obrigados em algumas passagens a inserir o termo "brincadeira" para não produzir frases sem sentido. [Casanova , nota de tradução de GA27MAC:329]
Matérias
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Luzie (1999:24-29) – A Dobradura [eón - Zwiefalt]
10 de outubro, por Cardoso de Castro -
Gadamer (GW10:325-327) – não fazemos, tudo sucede
25 de junho de 2023, por Cardoso de CastroEl «derecho» es, en el fondo, el gran ordenamiento creado por los hombres que nos pone límites, pero también nos permite superar la discordia y, cuando no nos entendemos, nos malinterpretamos o incluso maltratamos, nos permite reordenar todo de nuevo e insertarlo en una realidad común. Nosotros no «hacemos» todo esto, sino que todo esto nos sucede.
Faustino Oncina
Apenas cabe esperar que hoy consiga expresarme clara y brevemente acerca de los fundamentos de esta verdad. Pretender (…) -
GA27:§36 – Transcendência qua compreensão de ser como jogo
29 de novembro de 2023, por Cardoso de CastroEmpregamos o termo “jogo” em um sentido originário e ao mesmo tempo amplo. Tomamos a transcendência como jogo: a transcendência mesma é considerada inicialmente em vista do momento da compreensão de ser. Com isso, essa compreensão de ser também tem o caráter de jogo. Ao falarmos de ser-no-mundo como jogar, não queremos dizer aqui um jogar um jogo no sentido vulgar, apenas transposto e como que ampliado para todo o ser-aí; nem visamos tampouco um jogar com o ente ou mesmo um jogar com o ser. (…)
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Fink (1966b:232-234) – uma metáfora cósmica para compreensão do mundo?
11 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Como é que o mundo pode se mostrar numa coisa? É claro que temos de nos ater à impossibilidade de comparar o mundo e a coisa e, sobretudo, temos de evitar pensar no mundo como algo gigantesco e de enorme poder, algo que seria como a montanha em relação às suas rochas ou o mar em relação às gotas de água. A rocha inclui também a natureza rochosa de toda a montanha; a gota, a natureza aquática de todo o mar. A coisa finita não é uma partícula do mundo que está na mesma relação com o (…) -
Gadamer (VM:176-179) – o jogo
22 de fevereiro de 2021, por Cardoso de Castro[GADAMER, Hans-Georg. Verdade e Método I. Tr. Flávio Paulo Meurer. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 176-179]
[GADAMER, Hans-Georg. Vérité et Méthode. Tr. Pierre Fruchon, Jean Grondin et Gilbert Merlio. Paris: Seuil, 1996, p. 121-123]
Meurer (com ajustes)
Se considerarmos o uso da palavra jogo, dando preferência ao chamado significado figurado, resultará o seguinte: falamos do jogo das luzes, do jogo das ondas, do jogo da peça da máquina no rolamento, do jogo entrosado dos membros, do jogo (…) -
Fink (1966b:237-239) – Mas será que há alguém que joga?
11 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Mas será que há alguém que joga? A metáfora do jogo recusa-se a servir-nos como metáfora cósmica, a menos que abandonemos a nossa crença na personalidade de um jogador e no caráter de aparência da cena do mundo lúdico. Só podemos falar de um jogo do mundo numa "equação" que foi decisivamente alterada e que, por isso, está quebrada. O jogo do mundo não é o jogo de ninguém, porque é só nele que há pessoas, homens e deuses; e o mundo lúdico do jogo do mundo não é uma "aparência", mas (…) -
Fink (1966b:228-230) – O homem sempre escolhe a si próprio
11 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
[…] O homem realiza-se escolhendo-se a si próprio de muitas maneiras diferentes ao longo da sua vida: sempre que escolhe, acaba por escolher apenas a si próprio. Nas decisões da sua liberdade, ele determina a sua individualidade. Ignoramos aqui o fato de a ação da liberdade humana pressupor uma base que não pode ser escolhida, que é, por assim dizer, irrigada pela herança que nos foi legada pela natureza e que temos de aceitar. De fato, não podemos entrar em disputa com a natureza (…) -
Ciocan (2014:47-48) – Le projet (Entwurf)
5 de junho de 2023, por Cardoso de CastroL’articulation de l’existential « possibilité » et de l’existential « projet » constitue le mode dans lequel la compréhension — comme existential fondamental — structure et organise la dynamique de la vie facticielle, la mobilité intrinsèque de l’existence. [CIOCAN, Cristian. Heidegger et le problème de la mort - existentialité, authenticité, temporalité. Dordrecht: Springer, 2014.]
La deuxième structure, censée articuler la distance ontologique qui sépare le Verstehen (existentia) du (…) -
Depraz (1994:17-20) – Eugen Fink
11 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Fink refletiu principalmente sobre a questão da origem do mundo, que lhe parecia ser a questão fenomenológica fundamental. Embora a sua interrogação ontológica estivesse inicialmente na linha da de Heidegger, Fink desenvolveu uma abordagem original: o seu objetivo mais radical era redescobrir o mundo na sua imediatez original, relativizando assim a questão do ser em relação à do mundo. A abordagem de Heidegger, pelo contrário, que tematiza o esquecimento do ser na metafísica, (…) -
Luzie (1999:11-15) – Jogo [Spiel]
10 de outubro, por Cardoso de Castro[…] Tomemos um jogo como exemplo: o futebol. Antes de se dar início a qualquer jogo, faz-se mister conhecer as regras a priori. Todo e qualquer jogo possui normas, regras e limites que se impõem e que não podem ser ultrapassados. O jogador precisa estar preparado para aceitar as condições e se dispor a pôr-se sob as condições impostas. Tendo iniciado o jogo, os jogadores são levados de um lugar a outro e necessitam manter-se na mesma disponibilidade, do início ao fim, com o risco de perder. (…)
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Zimmerman (1982:200-202) – niilismo
30 de setembro, por Cardoso de CastroEmbora geralmente insista que a humanidade foi destinada a se tornar o Sujeito auto-assertivo, Heidegger ocasionalmente fala como se a vontade humana tivesse desempenhado um papel na criação da era atual. No entanto, critica o humanismo que acredita que a razão capacita o homem a determinar seu próprio destino e permite que tome o lugar de Deus, não apenas como objeto de adoração (Feuerbach), mas também como fonte de valor (Marx, Nietzsche). Do ponto de vista do homem ocidental, a luta para (…)
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Hans Ruin: GA65 – Estrutura da Obra
13 de junho de 2021, por Cardoso de CastroDREYFUS, Hubert L. & WRATHALL, Mark A. (ed.). A Companion to Heidegger. Oxford: Blackwell Publishing, 2005, p. 360-361
The overall philosophical theme or issue of Contributions is the same as in Being and Time, namely the question of being which remains the horizon of Heidegger’s philosophical pursuits throughout his life. But as Being and Time pointed out in its introductory sections, the question of being is the most general and therefore in a sense the most empty of all possible (…) -
Zimmerman (1982:238-240) – jogo cósmico
30 de setembro, por Cardoso de CastroMais uma vez, Heidegger recorre a Heráclito para dizer que o jogo cósmico (logos, Ereignis) inclui o tempo-mundo que torna possível a temporalidade humana. Ele explica:
Heráclito nomeia aquilo que se dirige a ele como logos, como a mesmidade do Ser e do fundamento: aeon. A palavra é difícil de traduzir. Diz-se: tempo-mundo. É o mundo que mundifica e temporaliza. Pois, como cosmos, ele traz a estruturação do Ser a um brilho clarificador. De acordo com o que é dito nas palavras logos, (…) -
Zimmerman (1982:203-204) – o jogo cósmico de revelação/velação
30 de setembro, por Cardoso de CastroPelo fato de o jogo cósmico de revelação/velação ter se tornado cada vez mais oculto para a humanidade, houve diferenças importantes nos mundos antigo, medieval e moderno. Heidegger está dizendo em sua linguagem ontológica o que outras pessoas vêm dizendo há muito tempo: o homem moderno tornou-se arrogante e egocêntrico; portanto, se esqueceu de que tem certas obrigações para com o universo que lhe deu origem. Para Platão, “Ser” significava presença permanente: ideia, eidos, o reino imutável (…)
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Être et temps : §70. La temporalité de la spatialité propre au Dasein.
17 de julho de 2014, por Cardoso de CastroVérsions hors-commerce:
MARTIN HEIDEGGER, Être et temps, traduction par Emmanuel Martineau. ÉDITION NUMÉRIQUE HORS-COMMERCE
HEIDEGGER, Martin. L’Être et le temps. Tr. Jacques Auxenfants. (ebook-pdf)
Bien que l’expression « temporalité » ne signifie point ce que le discours sur « l’espace et le temps » comprend comme temps, il semble pourtant que la spatialité, elle aussi, constitue une déterminité fondamentale du Dasein, au même titre que la temporalité elle-même. Du coup, l’analyse (…) -
GA27:§36 – jogo da vida (Spiel des Lebens)
29 de novembro de 2023, por Cardoso de CastroFalarmos sobre um “jogo da vida” [Spiel des Lebens] não é apenas um modo de falar. Por outro lado, precisamos evitar a tendência de, simplesmente inserir uma interpretação numa mera palavra. O que importa é, antes de mais nada, esclarecer o seu ser e apreender os próprios fenômenos objetivos com os quais nos deparamos, mantendo-os coesos, de certo modo, com o que queremos dizer com o termo “mundo”.
Em primeiro lugar, jogo quer dizer o jogar, mas jogar no sentido da realização do jogo; em (…) -
Fink (1994b:228-230) – instalação (Einrichtung)
12 de junho de 2023, por Cardoso de CastroLe processus fondamental de notre Dasein que nous pouvons nommer «installation» (Einrichtung), signifie l’auto-établissement de l’homme qui comprend l’être au sein de l’étant compris, il détermine notre rapport au monde, notre commerce avec nous-mêmes et toutes les choses rencontrées. L’installation de l’existence humaine dans le monde s’accomplit en beaucoup de dimensions, elle peut apparaître à même des phénomènes de différentes structures.
[…] Ce qu’il s’agit de savoir, c’est si la (…) -
GA41:92-94 – a matemática e o matemático
3 de fevereiro de 2022, por Cardoso de CastroMartin Heidegger (1987/1992), «O QUE É UMA COISA?». Tr. Carlos Morujão
A nossa expressão “o matemático” tem sempre dois sentidos: significa, em primeiro lugar, o que se pode aprender do modo já referido e somente desse modo; em segundo lugar, o modo do próprio aprender e do proceder. O matemático é aquilo que há de manifesto nas coisas, em que sempre nos movimentamos e de acordo com o qual as experimentamos como coisas e como coisas de tal gênero. O matemático é a posição-de-fundo em (…)
Notas
- Carneiro Leão (2017:45-47) – jogo da vida humana
- Duval (HZ:33) – homem em jogo
- Fink (1966b:227-228) – essência do jogo
- Fink (1966b:230-231) – relação entre o homem e o mundo
- Fink (1966b:231-232) – a atividade lúdica
- Fink (1966b:236) – o homem joga porque é "mundano"
- Fink (1966b:62-63) – o "curso do mundo"
- Fink (1966b:7-8) – o jogo como objeto da filosofia
- Fink (1966b:73-74) – todas as atividades são reais
- Fink (1988:77) – Nietzsche e a metáfora do jogo
- Fink (2016:1.1) – O jogo do mundo não é um fenômeno
- GA27:312-313 – jogo e mundo
- GA29-30:413-415 – formação de mundo
- GA65:23 – Outro início
- GA65:270 – seer reúne apropriado e recusado
- GA8:122-123 – a linguagem joga com nosso falar
- Nietzsche (VP:490) – sujeito como multiplicidade
- Zimmerman (1982:236-237) – Mundo enquanto espelhamento mútuo
- Zimmerman (1982:237-238) – a rosa é sem porquê