Castilho
O ser do Dasein é preocupação. Esta abrange em si factualidade (dejecção), existência (projecto) e decair. Sendo, o Dasein é uma existência dejectada, não foi por si mesmo que veio até o seu “aí”. Sendo, ele é determinado como um poder-ser que pertence a si mesmo e, no entanto, não se deu ele mesmo a posse de si. Existindo, ele nunca retrocede para aquém de sua dejecção, de maneira que só pode pôr-em-liberdade cada vez propriamente a partir de seu rcr-si-mesmo e conduzir ao “aí” “o que ele é e tem de ser”. Mas a dejecção não reside atrás dele como um acontecimento que de fato ocorreu e dele se desprendeu novamente, ocorrendo, pois, ao mesmo tempo que ele, mas — enquanto é — o Dasein, como preocupação, é constantemente o seu “quê”, somente sendo como esse ente ao qual foi entregue o poder existir unicamente como ente que ele é, existindo o fundamento do seu poder-ser. Embora não tenha posto ele mesmo o fundamento, ele repousa em seu peso que o estado-de-ânimo lhe manifesta como um fardo.
E, como o Dasein é esse fundamento dejectado? Unicamente de modo que se projete nas possibilidades em que foi dejectado. O si-mesmo, que como tal tem de pôr o fundamento de si mesmo, nunca pode se assenhorear desse fundamento e tem de, existindo, assumir, no entanto, o ser-fundamento. Ser o próprio fundamento dejectado é o poder-ser em jogo na preocupação.
Sendo-fundamento, isto é, existindo como dejectado, o Dasein permanece constantemente aquém de suas possibilidades. Ele nunca é existente antes de seu fundamento, mas é cada vez somente a partir dele e como este. Por conseguinte, ser fundamento não significa nunca dominar o seu ser mais-próprio a partir do fundamento. Este não pertence ao sentido [779] existenciário da dejecção. Sendo-fundamento o Dasein é ele mesmo uma nulidade de si mesmo. Nulidade não significa de modo algum não-subsistência, não-constar, designando, ao contrário, um não que constitui esse ser do Dasein, a dejecção. O caráter-de-não desse não é existenciariamente determinado: sendo si-mesmo, o Dasein é o ente dejectado como si-mesmo. Abandonado não por si mesmo, mas em si mesmo, pelo fundamento para ser como este. O Dasein não é ele mesmo o fundamento do seu ser, na medida em que este surgiría de um projeto do próprio Dasein, mas o Dasein como ser-si-mesmo é, contudo, o ser desse fundamento. Este é sempre somente fundamento de um ente cujo ser tem de assumir o ser-fundamento.
O Dasein é existindo seu fundamento, isto é, de tal modo que ele se entende a partir de possibilidades e, se entendendo dessa forma, é o ente dejectado. Mas isso significa que, podendo-ser, ele está cada vez numa ou noutra possibilidade, que constantemente ele não é uma outra a que ele renunciou no projeto existencial. O projeto não só é determinado, como cada vez dejectado, pela nulidade do ser-fundamento, mas como projeto ele é essencialmente negativo. Essa determinação, de sua parte, não significa de modo algum a propriedade ôntica do “não exitoso” ou do “não valioso”, mas é um constitutivo existenciário da estrutura-de-ser do projetar. A nulidade visada pertence ao ser-livre do Dasein para suas possibilidades existenciais. Mas a liberdade é somente na escolha de uma, isto é, no suportar o não-ter-escolhido e o não-poder-escolher as outras também. (p. 779, 781)
Rivera
El ser del Dasein es el cuidado. El cuidado comprende facticidad (condición de arrojado), existencia (proyecto) y caída. Siendo, el Dasein es una existencia arrojada, no se ha puesto a sí mismo en su Ahí. Siendo, está determinado como un poder-ser que se pertenece a sí mismo y que, sin embargo, no se ha dado él mismo en propiedad a sí mismo. Existiendo, jamás logra ir más atrás de su condición de arrojado, de tal suerte que pudiese alguna vez producir formalmente desde su ser-sí-mismo y llevar hasta el Ahí esa condición de “que él es y tiene que ser”.
Pero, la condición de arrojado no yace detrás de él como un acontecimiento que, habiéndole efectivamente ocurrido, en seguida se hubiese desprendido de él, sino que, como cuidado, el Dasein es constantemente —mientras está siendo— su “que es…”. Estando entregado a ser este determinado ente —única forma como él puede existir como el ente que él es— el Dasein es —existiendo— el fundamento de su poder-ser. Aun cuando él no haya puesto por sí mismo el fundamento, reposa sin embargo en su pesantez, que el estado de ánimo le revela como carga.
¿Y cómo es el Dasein este fundamento arrojado? Únicamente proyectándose en posibilidades en las que está arrojado. El sí-mismo que, como tal, tiene que poner el fundamento de sí mismo Jamás puede adueñarse de éste, y sin embargo, tiene que asumir, existiendo, el ser-fundamento. Tener que ser el propio fundamento arrojado es el poder-ser que está en juego en el cuidado.
Siendo fundamento, es decir, existiendo como arrojado, el Dasein queda constantemente a la zaga de sus posibilidades. Nunca existe antes de su fundamento, sino siempre sólo desde y como él. Ser-fundamento significa, por consiguiente, no ser jamás radicalmente dueño del ser más propio. Este no pertenece al sentido existencial de la condición de arrojado. Siendo fundamento, es, él mismo, una nihilidad de sí mismo. Nihilidad no significa, en manera alguna, no-estar-ahí, no subsistir, sino que mienta un no que es constitutivo de este ser del Dasein, de su condición de arrojado. El carácter negativo de este “no” se determina existencialmente así: siendo sí-mismo, el Dasein es el ente arrojado en cuanto sí-mismo. Dejado en libertad no por sí mismo, sino en sí mismo, desde el funda- [SZ :285] mentó, para ser este fundamento. El Dasein no es, él mismo, el fundamento de su ser en cuanto que éste brotara de un proyectarse del propio Dasein, pero, siendo sí-mismo, el Dasein es, sin embargo, el ser de este fundamento. Este es siempre tan sólo fundamento de un ente cuyo ser tiene que asumir el ser-fundamento.
El Dasein es su fundamento existiendo, es decir, de tal manera que él se comprende desde posibilidades y, comprendiéndose de esta manera, él es el ente arrojado. Ahora bien, esto implica que, pudiendo ser, el Dasein está cada vez en una u otra posibilidad, que constantemente no es alguna otra y que ha renunciado a ella en el proyectarse existentivo. El proyecto no sólo está determinado por la nihilidad del ser-fundamento en tanto que aquél siempre está arrojado, sino que, incluso como proyecto, es esencialmente negativo [nichtig]. Esta determinación, [303] por su parte, no mienta, en modo alguno, la propiedad óntica del “fracaso” o del “no valer”, sino que indica un constitutivo existencial de la estructura de ser del proyectar. La nihilidad a que nos referimos pertenece a la libertad del Dasein para sus posibilidades existentivas. Pero la libertad sólo es en la elección de una de esas posibilidades, y esto quiere decir, asumiendo el no haber elegido y no poder elegir también las otras. (303-304)
Vezin
L’être du Dasein est le souci. Le souci réunit en lui factivité (être-jeté), existence (projection) et dévalement. Étant, le Dasein est jeté, il n’est pas amené par lui-même en son là. Étant, il est déterminé comme pouvoir-être qui s’appartient à lui-même et ne s’est pourtant pas donné en propre comme lui-même. Existant, jamais il ne remonte en deçà de son être-jeté de façon à ne pouvoir mettre chaque fois exprès en liberté ce « qu’il est et a à être » qu’à partir de son êire-soi-même et l’amener dans le là. Mais il n’a pas l’être-jeté derrière lui à la façon d’un événement déjà arrivé en fait et qui s’est ensuite détaché du Dasein, comme quelque chose qui a eu lieu avec lui; au contraire, comme souci, le Dasein est constamment - aussi longtemps qu’il est - son « qu’ » il est. En tant que cet étant pour qui seul le fait d’être livré à sa propre responsabilité permet d’exister comme l’étant qu’il est, il est en existant à l’origine de son pouvoir-être. Bien qu’il n’en ait pas posé lui-même l’origine, il a en elle son centre de gravité que la disposition lui révèle comme fardeau.
Et comment est-il cette origine jetée? Uniquement en se projetant sur des possibilités dans lesquelles il est jeté. Le soi-même qui a, comme tel, à poser sa propre origine n’en peut jamais devenir maître [341] et il a bel et bien, en existant, à en assumer l’origine. L’origine jetée qui est la sienne pour être est le pouvoir-être dont il y va pour le souci.
Étant-à-l’origine, c’est-à-dire existant comme jeté, le Dasein demeure constamment retranché en deçà de ses possibilités. Jamais il ne saurait pré-txister à son origine mais il n’est chaque fois existant qu’à partir d’elle et en tant que celle-ci. Dans ces conditions, être-à-l’origine veut dire ne pas, ne jamais être maître de l’être le plus propre de l’origine. Ce ne pas fait partie du sens existential de l’être-jeté. Étant-à-l’origine, il est lui-même une négative de soi-même. Négative ne signifie aucunement n’être-pas-là-devant, ne pas subsister, mais veut dire au contraire un non que cet être du Dasein qu’est son être-jeté constitue. Le caractère négatif de ce ne pas se détermine existentialement : étant soi-même, le Dasein est l’étant jeté comme [SZ :285] soi-même. Ce n’est pas par lui-même mais en lui-même qu’il est mis en liberté à partir de l’origine pour être en tant que celle-ci. Le Dasein n’est pas en tant qu’il est lui-même l’origine de son être [der Grund seines Seins] en tant que celle-ci serait à son initiative issue par projection, mais il est bien en tant qu’être-soi-même l’être de l’origine [das Sein des Grundes], Celle-ci n’est jamais qu’origine d’un étant dont l’être est d’avoir à assumer l’être-à-l’origine.
Le Dasein est son origine en existant, c’est-à-dire qu’il est de telle manière qu’il s’entend à partir de possibilités et, s’entendant de la sorte, il est l’étant jeté. Mais ceci implique que : pouvant être il se tient chaque fois en une possibilité ou en l’autre, constamment il y en a une autre qu’il n’est pas et qu’il a abandonnée en projection existentielle. La projection n’est pas seulement déterminée par la négative de l’être-à-l’origine parce qu’elle est chaque fois jetée, au contraire, comme projection elle est elle-même essentiellement négative. Cette détermination ne veut là encore aucunement dire la qualité ontique de ce qui est « sans effet » ou « sans valeur », elle porte au contraire sur un constitutif existential de la structure d’être du projeter. La négative en question relève de l’être-libre du Dasein en vue de ses possibilités existentielles. Mais la liberté est seulement dans le choix de l’une, ce qui implique de supporter de n’avoir pas choisi et de n’avoir pas pu choisir aussi les autres possibilités. (p. 341-342)
Macquarrie
Dasein’s Being is care. It comprises in itself facticity (thrownness), existence (projection), and falling. As being, Dasein is something that has been thrown; it has been brought into its “there”, but not ofits own accord.
As being, it has taken the definite form of a potentiality-for-Being which [330] has heard itself and has devoted itself to itself, but not as itself. [1] As existent, it never comes back behind its thrownness in such a way that it might first release this ‘that-it-is-and-has-to-be’ from its Being-its-Self and lead it into the “there”. Thrownness, however, does not lie behind it as some event which has happened to Dasein, which has factually befallen and fallen loose from Dasein again; [2] on the contrary, as long as Dasein is, Dasein, as care, is constantly its ‘that-it-is’. To this entity it has been delivered over, and as such it can exist solely as the entity which it is; and as this entity to which it has been thus delivered over, it is, in its existing, the basis of its potentiality-for-Being. Although it has not laid that basis itself, it reposes in the weight of it, which is made manifest to it as a burden by Dasein’s mood.
And how is Dasein this thrown basis? Only in that it projects itself upon possibilities into which it has been thrown. The Self, which as such has to lay the basis for itself, can never get that basis into its power; and yet, as existing, it must take over Being-a-basis. To be its own thrown basis is that potentiality-for-Being which is the issue for care.
In being a basis — that is, in existing as thrown — Dasein constantly lags behind its possibilities. It is never existent before its basis, but only from it and as this basis. Thus “Being-a-basis” means never to have power over one’s ownmost Being from the ground up. This “not’” belongs to the existential meaning of “thrownness”. It itself, being a basis, is a nullity of itself. [3] “Nullity” does not signify anything like not-Being-present-at-hand or not-subsisting; what one has in view here is rather a “not” which is constitutive for this Being of Dasein — its thrownness. The character of this “not” as a “not” may be defined existentially: in being its Seif Dasein is, [SZ :285] a Self, the entity that has been thrown. It has been released from its basis, not through itself but to itself, so as to be as this basis. Dasein is not itself the basis of its Being, inasmuch as this basis first arises from its own projection; rather, as Being-its-Self, it is the Being of its basis. [4] This basis [331] is never anything but the basis for an entity whose Being has to take over Being-a-basis.
Dasein is its basis existently — that is, in such a manner that it understands itself in terms of possibilities, and, as so understanding itself, is that entity which has been thrown. But this implies that in having a potentiality-for-Being it always stands in one possibility or another: it constantly is not other possibilities, and it has waived these in its existentiell projection. Not only is the projection, as one that has been thrown, determined by the nullity of Being-a-basis; as projection it is itself essentially null. This does not mean that it has the ontical property of ‘inconsequent-iality’ or ‘worthlessness’; what we have here is rather something existentially constitutive for the structure of the Being of projection. The nullity we have in mind belongs to Dasein’s Being-free for its existentiell possibilities. Freedom, however, is only in the choice of ο n e possibility — that is, in tolerating one’s not having chosen the others and one’s not being able to choose them. (p. 329-331)
Original
Das Sein des Daseins ist die Sorge. Sie befaßt in sich Faktizität (Geworfenheit), Existenz (Entwurf) und Verfallen. Seiend ist das Dasein geworfenes, nicht von ihm selbst in sein Da gebracht. Seiend ist es als Seinkönnen bestimmt, das sich selbst gehört und doch nicht als es selbst sich zu eigen gegeben hat. Existierend kommt es nie hinter seine Geworfenheit zurück, so daß es dieses »daß es ist und zu sein hat« je eigens erst aus seinem Selbstsein entlassen und in das Da führen könnte. Die Geworfenheit aber liegt nicht hinter ihm als ein tatsächlich vorgefallenes und vom Dasein wieder losgefallenes Ereignis, das mit ihm geschah, sondern das Dasein ist ständig — solange es ist — als Sorge sein »Daß«. Als dieses Seiende, dem überantwortet es einzig als das Seiende, das es ist, existieren kann, ist es existierend der Grund seines Seinkönnens. Ob es den Grund gleich selbst nicht gelegt hat, ruht es in seiner Schwere, die ihm die Stimmung als Last offenbar macht.
Und wie ist es dieser geworfene Grund? Einzig so, daß es sich auf Möglichkeiten entwirft, in die es geworfen ist. Das Selbst, das als solches den Grund seiner selbst zu legen hat, kann dessen nie mächtig werden und hat doch existierend das Grundsein zu übernehmen. Der eigene geworfene Grund zu sein, ist das Seinkönnen, darum es der Sorge geht.
Grund-seiend, das heißt als geworfenes existierend, bleibt das Dasein ständig hinter seinen Möglichkeiten zurück. Es ist nie existent vor seinem Grunde, sondern je nur aus ihm und als dieser. Grundsein besagt demnach, des eigensten Seins von Grund auf nie mächtig sein. Dieses Nicht gehört zum existenzialen Sinn der Geworfenheit. Grundseiend ist es selbst eine Nichtigkeit seiner selbst. Nichtigkeit bedeutet keineswegs Nichtvorhandensein, Nichtbestehen, sondern meint ein Nicht, das dieses Sein des Daseins, seine Geworfenheit, konstituiert. Der Nichtcharakter dieses Nicht bestimmt sich existenzial: Selbst seiend ist das Dasein das geworfene Seiende als Selbst. Nicht durch [285] es selbst, sondern an es selbst entlassen aus dem Grunde, um als dieser zu sein. Das Dasein ist nicht insofern selbst der Grund seines Seins, als dieser aus eigenem Entwurf erst entspringt, wohl aber ist es als Selbstsein das Sein des Grundes. Dieser ist immer nur Grund eines Seienden, dessen Sein das Grundsein zu übernehmen hat.
Das Dasein ist sein Grund existierend, das heißt so, daß es sich aus Möglichkeiten versteht und dergestalt sich verstehend das geworfene Seiende ist. Darin liegt aber: seinkönnend steht es je in der einen oder anderen Möglichkeit, ständig ist es eine andere nicht und hat sich ihrer im existenziellen Entwurf begeben. Der Entwurf ist nicht nur als je geworfener durch die Nichtigkeit des Grundseins bestimmt, sondern als Entwurf selbst wesenhaft nichtig. Diese Bestimmung meint wiederum keineswegs die ontische Eigenschaft des »erfolglos« oder »unwertig«, sondern ein existenziales Konstitutivum der Seinsstruktur des Entwerfens. Die gemeinte Nichtigkeit gehört zum Freisein des Daseins für seine existenziellen Möglichkeiten. Die Freiheit aber ist nur in der Wahl der einen, das heißt im Tragen des Nichtgewählthabens und Nichtauchwählenkönnens der anderen. (p. 284-285)