tradução parcial
A ciência moderna procede da idealização, quer dizer da determinação segundo a exatidão matemática, de tudo o que no mundo da vida, a Lebenswelt, permanece irredutivelmente imerso no flou eidético, na indeterminabilidade ao menos relativa mas sempre indefinidamente aberta dos seres e das coisas. Esta idealização que procede de alguma maneira da hipótese do espaço e do tempo como parâmetros imutáveis, passa de pronto pela «geometrização» do mundo natural, para se prolongar na «matematização», em direito integral, da natureza. Tal é, segundo a Krisis, o espírito galileano, ao qual o espírito cartesiano aporta uma espécie de comutador metafísico pela concepção da dualidade do pensamento e da extensão, entendamos, em termos que já não são mais aqueles de Descartes , o dualismo do que é matematizável, logo objetivo, segundo o método matemático da física de inspiração galileana, e do que parece aí escapar, mas sempre sob reserva de investigações científicas mais precisas, sob a forma da alma ou da subjetividade. Assim sendo, é por isto que Husserl denominava por «substrução» o campo idealizado das objetividades matemáticas que tende a se substituir ao mundo natural, quer dizer a esvaziá-lo de seu sentido, este não se encontrando mais senão nas operações lógico-matemáticas e no sujeito operador da ciência, considerado todo poderoso, «mestre e possuidor da natureza». Toda questão do sentido que não será mais regrada pelo método matemático se torna por aí ilegítima, rejeitada na zona flou do não ainda conhecido e do irracional. O dualismo de inspiração cartesiana é tal que a alma ou a subjetividade, espécie de reduto para as questões de senso, se encolhe como uma ameixa.
original
Nul doute que, pour une lecture de premier degré, la conception que Patocka se fait de la science ne soit très largement tributaire de Husserl et plus spécifiquement de la Krisis. La science moderne procède de l’idéalisation, c’est-à-dire de la détermination selon l’exactitude mathématique, de tout ce qui dans le monde de la vie, la Lebenswelt, reste irréductiblement immergé dans le flou éidétique, dans l’indéterminité au moins relative mais toujours indéfiniment ouverte des êtres et des choses. Cette idéàlisation qui procède en quelque sorte de l’hypostase de l’espace et du temps comme paramètres immuables, passe tout d’abord par la « géométrisation » du monde naturel, pour se prolonger dans la « mathématisation, » en droit intégrale, de la nature. Tel est, selon la Krisis, l’esprit galiléen, auquel l’esprit cartésien apporte une sorte de relais métapnysique par la conception de la dualité de la pensée et de l’étendue, entendons, dans des termes qui ne sont certes déjà plus ceux de Descartes , le dualisme de ce qui est mathématisable, donc objectif, selon la méthode mathématique de la physique d’inspiration galiléenne, et de ce qui paraît y échapper, mais toujours sous réserve d’investigations scientifiques plus précises, sous la forme de l’âme ou de la subjectivité. De la sorte par ce que Husserl désignait par ««substruction » le champ idéalisé des objectivités mathématiques tend à se substituer au monde naturel, c’est-à-dire à le vider de son sens, celui-ci ne se trouvant plus que dans les opérations logico-mathématiques et dans le sujet opérateur de la science, censé tout puissant, « maître et possesseur de la nature ». Toute question de sens qui ne serait pas réglée par la méthode mathématique devient par là illégitime, rejetée dans la zone floue du non encore connu et de l’irrationnel. Le dualisme d’inspiration cartésienne est tel que l’âme ou la subjectivité, sorte de réduit pour les questions de sens, se rétrécit comme une peau de chagrin.