É no sentido dessa "sociologia cultural" que o pensamento de Husserl evolui no final de sua vida.
IX. — O idealismo transcendental e suas contradições.
Ao chegarmos nesta etapa, eis-nos, ao que tudo indica, remetidos de novo a um "idealismo transcendental" (Med. cart.); este idealismo transcendental já residia na própria tarefa da redução. Mas, como o sujeito transcendental não difere do sujeito concreto, o idealismo transcendental parece, além disso, dever ser solipsista. Eu estou só (…)
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Husserl / Edmund Husserl
EDMUND HUSSERL (1859-1938)
OBRA NA INTERNET: LIBRARY GENESIS
HUSSERL, Edmund. Ideen zu einer reinen Phänomenologie und phänomenologischen Philosophie. Erstes Buch: Allgemeine Einführung in die reine Phänomenologie. (1976) / Ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica: introdução geral à fenomenologia pura. Tr. Márcio Suzuki. Aparecida: Ideias & Letras, 2006
Matérias
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Lyotard (1954:31-40) – O "mundo da vida" (Lebenswelt)
15 de junho de 2023, por Cardoso de Castro -
Caron (2005:95-98) – o embate Heidegger e Husserl
8 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
Se a descoberta da fenomenologia foi decisiva para Heidegger, foi sobretudo pelo poder de problematização que ela despertou nele através do apelo único ou palavra de ordem (Ruf) da ausência de pressuposição, isto é, do retorno às próprias questões essenciais (zu den Sachen selbst! Husserl afirmava em 1910-1911), e não pela própria substância das preocupações estritamente husserlianas que fazem depender a ausência de pressuposição da experiência intuitiva: "Die Sachen seihst müssen (…) -
Husserl: Intencionalismo
13 de outubro de 2021Na percepção algo é percepcionado, na imaginação algo é imaginado, na enunciação algo é enunciado, no amor algo é amado, no ódio algo é odiado, no desejo algo é desejado, etc. Franz Brentano discerniu o carácter comum que pode encontrar-se em tais exemplos quando disse: «Todo fenômeno psíquico é caraterizado pelo que os escolásticos da Idade Média denominaram a existência intencional (ou ainda mental) de um objeto, e o que nós poderíamos chamar, se bem que com expressões um pouco equívocas, (…)
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Edith Stein (Gaboriau) – Fenomenologia
12 de março de 2021, por Cardoso de CastroExtrait de « Sur la Phénoménologie », avec Édith Stein: Histoire - méthode - points de départ - confrontations.
On trouvera particulièrement éclairantes - et émouvantes à relire aujourd’hui, - ces interventions d’une disciple de HUSSERL, morte depuis martyre du nazisme (Journées d’études de la Société Thomiste, à Juvisy, sous la présidence de J. Maritain, le 12 septembre 1932) - publiées dans le volume intitulé « Phénoménologie », Le Saulchoir, Kain, Belgique, (éd. du Cerf). (Je reprends (…) -
Husserl (CCEFT:10-11) – O sentido da história e a filosofia moderna
13 de outubro de 2021[HUSSERL, Edmund. A crise das ciências europeias e a fenomenologia transcendental: uma introdução à filosofia fenomenológica. Tr. Diogo Falcão Ferrer. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012, p. 10-11]
Se considerarmos o efeito do desenvolvimento filosófico das ideias sobre a humanidade no seu conjunto (a que não faz pesquisa filosófica), teremos de dizer o seguinte:
Só a compreensão interna da mobilidade da filosofia moderna, de Descartes até ao presente, una em todas as suas (…) -
Husserl (FCR:72-73) – O ideal do radicalismo
13 de outubro de 2021HUSSERL, Edmundo. A Filosofia como Ciência de Rigor. Tr. Albin Beau. Coimbra: 1992, p. 72-73
Certamente precisamos também da História. Não será ao modo dos historiadores, perdendo-nos nas continuidades evolutivas que estão na origem das grandes Filosofias, mas será, sim, para que a própria substância espiritual delas exerça sobre nós a sua acção sugestiva. De facto, estas Filosofias históricas exalam uma vida filosófica na plenitude da sua riqueza e do seu vigor de motivações vivas, desde (…) -
Husserl (CCEFT:252-255) – A ciência europeia pretende o infinito e a totalidade
12 de outubro de 2021[HUSSERL, Edmund. A crise das ciências europeias e a fenomenologia transcendental: uma introdução à filosofia fenomenológica. Tr. Diogo Falcão Ferrer. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012, p. 252-255]
As reflexões precedentes sobre a Filosofia do Espírito fornecem-nos a atitude correta para captar e tratar o nosso tema da Europa espiritual como um problema puro das Ciências do Espírito, desde logo, por conseguinte, histórico-espiritualmente. Tal como foi dito desde logo nas (…) -
Husserl (IFP:108-110) – Contingência da «tese» do mundo
13 de outubro de 2021HUSSERL, Edmund. Ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica: introdução geral à fenomenologia pura. Tr. Márcio Suzuki. Aparecida: Ideias & Letras, 2006, p.
Toda percepção imanente garante necessariamente a existência de seu objeto. Se a apreensão reflexiva se dirige a meu vivido, apreendi um “algo ele mesmo” absoluto, cuja existência não pode por princípio ser negada, ou seja, é impossível por princípio a evidência de que ele não seja; seria um contra-senso (…) -
Safranski: Sentido do ser
6 de abril de 2017, por Cardoso de CastroTrad. de Lia Luft, p. 188-190
A obra [Ser e Tempo], de muita eficácia na sua dramaturgia, começa com uma espécie de prólogo no céu. Aparece Platão. Cita-se um trecho do diálogo Sofistas: "Pois obviamente há muito estais familiarizados com o que na verdade eu quis dizer usando a expressão ente (seiend): nós pensávamos um dia tê-la compreendido, agora porém estamos embaraçados".
Esse embaraço, diz Heidegger, ainda existe, mas não o admitimos a nós mesmos. Ainda não sabemos o que pensamos (…) -
Husserl (IL2.1:114-116) – Unidade ideal da espécie
17 de fevereiro de 2015Investigações Lógicas, II, 1.a parte, trad. H. Élie, A. L. Kelkel e R. Schérer, Presses Universitaires de France, pp. 114-116
Aquilo que a proposição enunciativa π é um número transcendente quer dizer, o que nós entendemos por isso quando a lemos ou o que visamos quando a enunciamos não é um aspecto individual do nosso vivido mental que se contentaria com aparecer a cada ocasião. Este aspecto é, de toda a maneira, individualmente diferente de um caso para outro, enquanto que o sentido da (…) -
Depraz (1992:8-13) – a crise das ciências europeias
5 de junho de 2023, por Cardoso de CastroQual o sentido desta "crise das ciências" conforme afirmado por Husserl.
Cette expression « crise des sciences européennes » est la première partie du titre du dernier ouvrage de Husserl, écrit entre 1934 et 1937 et non publié de son vivant . La Conférence de Vienne, que nous avons choisi d’étudier, en est donc la première trace publique, les Conférences de Prague prononcées en novembre 1935 prolongent à leur tour et approfondissent cette cellule originaire qui aboutira à la Krisis. (…) -
Husserl (LFLT:327-329) – A constituição operada pela consciência
12 de outubro de 2021Excerto de Lógica Formal e Lógica Transcendental. trad. S. Bachelard, Presses Universitaires de France, 1984, pp. 327-329
tradução
A referência universal de tudo o que é concebível para um eu à vida da sua consciência é, sem dúvida, bem conhecida já desde Descartes como um fato filosófico fundamental e dela se fala muito, em particular na época moderna. Mas não serve de nada filosofar por alto sobre este tema e esconder esta referência à consciência com redes de pensamento — por muito (…) -
Marion (1998:§1) – tanto mais redução, tanto mais dação
21 de janeiro, por Cardoso de CastroJavier Bassas Vila
La regla que vincula por principio reducción y donación, aunque sólo aquí se formule en cuanto tal, puede identificarse literalmente desde Husserl. Mejor aún, el primer texto en el que [49] la reducción se impone impone también su conjunción con la donación: La idea de la fenomenología, la misma obra que, en 1907, pone en práctica por vez primera todas las figuras de la reducción, privilegia de igual manera con gran insistencia la donación. — Apuntemos algunos enunciados (…) -
Caron (2005:98-100) – fenomenologia é ou não é ontologia?
23 de março de 2022, por Cardoso de Castrodestaque
A tarefa infinita de determinar as vivências, e a resolução da questão da estrutura do ego dentro da exigência conferida pelo dogma científico da evidência (i.e. domínio do olhar e não da fonte desse olhar) : estes são os dois aspectos principais da fenomenologia tal como é apresentada por Husserl, que afirma que o problema da dação de um objeto ao ego "só pode ser resolvido na esfera da pura evidência, na esfera da presença absoluta, que, como tal, é a norma última", e "que, por (…) -
Ernildo Stein (2012:30-33) – Lebenswelt e ser-no-mundo
5 de fevereiro, por Cardoso de CastroA redução transcendental coloca entre parênteses a realidade em sua existência exterior reproduzindo-a nos polos (vividos) da consciência, noesis e noema (sujeito e objeto), vivendo-a numa espécie de universalidade e não na sua existência concreta.
Então, a palavra Lebenswelt ligava-se de alguma maneira com a questão da existência. Como a questão da existência, em Husserl, era menosprezada e como era necessário excluir a fé na existência ao praticar a redução fenomenológica, evidentemente (…) -
Patocka (1992:183-185) – fenomenologia da corporeidade
18 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
A fenomenologia da corporeidade é, portanto, de importância capital. A elaboração de Husserl sobre esta questão está ainda a dar os primeiros passos, mas as poucas pistas que fornece lançam as bases de todo o seu trabalho posterior. Para Husserl, o corpo é o que finita o sujeito transcendental, a consciência purificada obtida como resultado da redução. "É apenas através da relação empírica com o corpo que a consciência se torna uma consciência humana e animal da ordem real; é (…) -
Greaves (2010:9-11) – Einstellung - Atittude
6 de junho de 2023, por Cardoso de CastroGREAVES, Tom. Starting with Heidegger. London: Continuum, 2010.
It is above all the idea of a natural attitude that Heidegger took issue with…
Heidegger was inspired and convinced that the phenomenological project was a crucial new attempt to delineate what philosophical research should be trying to achieve. Nevertheless, he was not content with the idea that what distinguishes the way that we engage with phenomenology from everyday and theoretical discourse should be understood as a (…) -
Marion (1998:§1) – um novo princípio dos princípios
21 de janeiro, por Cardoso de CastroJavier Bassas Vila
A tanta más reducción, tanta más donación — este principio también permite aclarar y rebasar las aporias que afectan a los tres otros principios, a) Si se admite, siguiendo el último principio, que el fenómeno aparece tanto más en la medida en que se da perfectamente a ver y a recibir; y si se admite también que sólo puede darse de tal manera dándose al Yo de la conciencia, dejándose pues reconducir — lo cual equivale a reducirlo-, entonces la aparición no se da (…) -
Učník (2016:35-37) – o aparecimento e isso que aparece
1º de fevereiro, por Cardoso de Castrodestaque
Assim, quando refletimos sobre o fenômeno puro, apercebemo-nos de que as cogitationes não são puro dado, como assumimos no início, mas já "escondem todo o tipo de transcendências" (IP, 67). Husserl apercebe-se de que "o aparecimento e o que aparece se sobrepõem um ao outro" (67; itálico no original). Temos tendência para nos concentrarmos na coisa, esquecendo que nenhuma coisa nos é dada de uma só vez e na sua totalidade. Como já foi referido, a coisa que experimentamos não é algo (…) -
Sebbah (2001:24-25) – a intencionalidade
9 de fevereiro, por Cardoso de Castrodestaque
"A intencionalidade como tema capital da fenomenologia" é o título do §84 de Ideen I, do qual nos limitaremos a recordar as seguintes passagens: "A intencionalidade é o que caracteriza a consciência no sentido forte (…)" (p. 168); "Por intencionalidade entendemos a propriedade das vivências de ’estar consciente de algo’" (p. 168). (Citamos aqui a tradução de P. Ricoeur, Gallimard, 1950).
Nas Meditações Cartesianas, Husserl coloca a questão da seguinte forma: "A palavra (…)
Notas
- Beaufret (1992:21-22) – consciência (Bewusstsein)
- Boutot (IFH:90-94) – Primeira abordagem da modernidade
- Buren (GA63:nota 1) – intencionalidade da consciência (termos de Husserl)
- Carman (2003:101-102) – intencionalidade
- Caron (2005:135-136) – desacordo sobre o solo da fenomenologia (Husserl e Heidegger)
- Caron (2005:190) – Crítica heideggeriana da estrutura do ego transcendental
- Caron (2005:190-191 nota) – fenomenologia inacabada
- Caron (2005:712-713) – constituição do si mesmo
- Courtine (1990:167-168) – Fragestellung
- Edith Stein (1987:Nota) – sur les Méditations cartésiennes
- Ernildo Stein (2012:25-26) – Weltanschaunng e Lebenswelt
- Ernildo Stein (2012:33-35) – Lebenswelt enquanto antepredicativo
- Ernildo Stein (2012:35) – Lebenswelt e Urverdrängung (recalque)
- Ernildo Stein (2012:35-38) – Lebenswelt e significância (Bedeutsamkeit)
- Ernildo Stein (2015:86) – absoluto
- Figal (FL:30-31) – consciência (Bewusstsein)
- Franck (2014:11-13) – Descartes - o deslocamento que falsifica tudo
- GA14: questionar a "coisa ela mesma"
- GA17:200 – intencionalidade (Intentionalität)
- GA27:13-15 – filosofia é uma ciência absoluta?