Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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MacDowell: A questão platônico-aristotélica do sentido de ser

quarta-feira 31 de maio de 2017

A questão platônico-aristotélica do sentido de ser como origem da Ontologia tradicional.

Os cursos de Heidegger nos anos que precederam a publicação de Sein und Zeit   versaram, amiúde, sobre Aristóteles  . Também o Sofista de Platão  , que forneceu o mote de Sein   und Zeit  , serviu de tema a uma série de preleções, ao passo que noutro semestre Heidegger estudava os conceitos fundamentais da Filosofia antiga.

Além da novidade da perspectiva sob a qual ele encara a Filosofia grega, o seu debate com os mestres do passado é caracterizado por um novo método, que Heidegger chama de interpretação fenomenológica. Numa introdução às suas interpretações de Aristóteles, enviada a Paul Natorp   em 1922, Heidegger falava, a cada passo, de Lutero  , Gabriel Biel e S. Agostinho  . Tratava-se de mostrar com que interrogações é mister afrontar os textos de Aristóteles, pai da Metafísica e mestre da tradição cultural do Ocidente.

As precauções da sua hermenêutica permitem-lhe evitar a falta, que invalida os mais eruditos estudos da Filosofia antiga: pensá-la não como os Gregos, mas através das lentes deformantes de uma tradição plurissecular. Ele conseguiu, assim, restituir aos termos, usados e banalizados, a força incomparável de uma experiência original e profunda. Esta empresa tornou-se possível, desde que Heidegger considerou o próprio pensar dos Gregos, no seu essencial, como uma Ontologia fenomenológica. Libertado do constrangimento, que lhe impunha a tradição, o texto de Aristóteles começou a falar de maneira surpreendente. E tão luminosos eram os fenômenos que a sua interpretação punha a descoberto, que os ouvintes de então mal podiam suspeitar que, com a reabilitação do Estagirista, Heidegger não tencionava senão poder "destruí-lo" autenticamente.

Os resultados deste esforço de identificação do sentido genuíno dos termos gregos, através do recurso às experiências originais, dos quais eles são a expressão, manifesta-se, em várias passagens de Sein und Zeit, a proposito de logos  , phainomenon  , noein  , aletheia  , ou quando são recordadas as análises aristotélicas dos afetos (pathe  ) e, em particular, do temor.

Entretanto, o que Heidegger mira, acima de tudo, é a elucidação do sentido grego de ser (on, ousia  ), do qual depende toda a visão filosófica das coisas, e a sua conexão com o fenômeno do tempo.


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