Heidegger, fenomenologia, hermenêutica, existência

Dasein descerra sua estrutura fundamental, ser-em-o-mundo, como uma clareira do AÍ, EM QUE coisas e outros comparecem, COM QUE são compreendidos, DE QUE são constituidos.

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Courtine (1990:291-292) – a mão que se retira em vorhanden

sábado 23 de dezembro de 2023

tradução

O objetivo das análises de Heidegger, nas páginas dedicadas à mundanidade do mundo ambiente e à mundanidade em geral (SuZ   §§ 15-18), é certamente o de recuperar um primeiro acesso ao "fenômeno do mundo", tal como ele foi necessariamente omitido pela ontologia tradicional, uma vez que esta só pode apreender o ente como vorhanden   depois de ter sido descontextualizado, "desmondaneizado", arrancado à estrutura dos Bedeuten   (SuZ…, 87), que sempre o situou e delimitou num mundo ambiente. Mas será isto suficiente para afirmar o caráter segundo e absolutamente derivativo de Vorhandenheit? Implicará qualquer tipo de decisão sobre o estatuto ontológico da natureza e do ser "natural"? Ou será mesmo uma questão, antes de mais, de reinscrever a mão — marcando-a e remarcando-a — mesmo no ente que se encontra à primeira vista, sob a designação de Zuhandenheit, de [292] mostrar "qual mão funda a outra" [J. Derrida  ]? Como é que a mão que maneja as ferramentas se esconde e se afasta do ente que agora só é visado como aí-diante, subsistente (vorhanden)?

original

L’objet des analyses de Heidegger, dans les pages qui sont consacrées à la mondanéité du monde ambiant et à la mondanéité en général (SuZ§§ 15-18), c’est assurément de reconquérir un premier accès au « phénomène du monde », tel qu’il a été nécessairement omis par l’ontologie   traditionnelle, dès lors que celle-ci ne peut appréhender l’étant comme vorhanden qu’une fois celui-ci décontextualisé, « démondanéisé », arraché à la structure du Bedeuten (SuZ., 87) qui l’a toujours déjà situé et délimité dans un monde ambiant. Mais cela suffit-il pour affirmer le caractère second et absolument dérivé de la Vorhandenheit ? Cela implique-t-il quelque décision que ce soit quant au statut ontologique de la nature et de l’étant « naturel » ? Ou s’agit-il même d’abord en réinscrivant la main — en la marquant et re-marquant — jusque dans l’étant rencontré de prime abord, au titre de la Zuhandenheit, de [292] montrer « quelle main fonde l’autre » [1] ? Comment la main qui manie les outils s’est-elle dissimulée et retirée de l’étant qui n’est plus envisagé que comme là-devant, subsistant (vorhanden) ?

[COURTINE  , Jean-François. Heidegger et la phénoménologie. Paris: Vrin, 1990]


Ver online : Jean-François Courtine


[1Question formulée et développée par J. Derrida, in Geschlecht II. La main de l’homme selon Heidegger, in Psyché, Inventions de l’autre, Paris, Galilée 1987, pp. 415-451. — Disons ici tout ce que les présentes remarques doivent à cette conférence comme au travail de Didier Franck, Heidegger et le problème de l’espace, Paris, 1986.