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Kritik / kritisch / kritische / Kritiklosigkeit
Kritik / crítica / critique / kritisch / critique / crítico / critical / κρίνειν
Crítica vem do grego krinein, que significa «distinguir», «separar» e, desta forma, «realçar o particular». […] crítica significa fixação do que dá a norma, da regra, significa legislação e, ao mesmo tempo, tudo isso significa realce do geral perante o particular. […] A Crítica da Razão Pura, se crítica tem o sentido positivo já caracterizado, não quer, simplesmente, recusar e censurar a razão pura, «criticar», mas, pelo contrário, delimitar a sua essência decisiva, particular e, por isso, própria. Este traçar dos limites não é, em primeiro lugar, uma delimitação perante, mas um circunscrever, no sentido de uma apresentação da articulação interna da razão pura. Realçar os elementos constitutivos e as articulações entre os elementos da razão pura é um realçar das diversas possibilidades do uso da razão e das regras que correspondem a esse uso. Como Kant uma vez acentuou (A768, B796), a crítica fornece um cálculo completo do poder total da razão pura; desenha e esboça, de acordo com uma expressão de Kant , o «contorno» (BXXIII) da razão pura. A crítica torna-se, deste modo, a medição que traça os limites do domínio total da razão pura. Esta medição realiza-se, como Kant expressamente e repetidas vezes acentuou, não por meio de uma relação com «fatos», mas a partir de princípios; não pela fixação de propriedades encontradas algures, mas pela determinação da totalidade da essência da razão pura, a partir dos seus próprios princípios. Crítica é o projeto que avalia e traça os limites da razão pura. Por isso, pertence à crítica, como momento especial, o que Kant chama o arquitectónico. (GA41 )
KRITIK E CORRELATOS
Matérias
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GA41: Significado «razão pura»
19 de fevereiro de 2017, por Cardoso de Castro
Extrato da tradução em português de Carlos Morujão
O eu, enquanto «eu penso» é, de ora em diante [após Descartes], o fundamento em que repousa toda a certeza e verdade. Mas, ao mesmo tempo, o pensamento, o enunciado, o logos, é o fio condutor das determinações do Ser, das categorias. Estas encontram-se tendo como fio condutor o «eu penso», tendo em vista o eu. Deste modo, o eu, devido a este significado fundamental para a fundamentação da totalidade do saber, torna-se a determinação (…)
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GA41: Estrutura da Obra
9 de fevereiro de 2017, por Cardoso de Castro
Tradução portuguesa de Carlos Morujão
PARTE PREPARATÓRIA - Os diferentes modos de perguntar pela coisa
§1 — O questionar filosófico e científico
§2 — Os múltiplos sentidos em que se fala acerca de uma coisa
§3 — A especificidade da questão acerca da coisalidade, em face dos métodos científicos e técnicos
§4 — Experiência quotidiana e experiência científica da coisa; a questão da sua verdade
§5 — Singularidade e «istidade». Espaço e tempo como determinações da coisa
§6 — A (…)
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GA41: O que significa "Crítica"?
19 de fevereiro de 2017, por Cardoso de Castro
Extrato da tradução em português de Carlos Morujão
Já sabemos o que significa «razão pura». Devemos ainda perguntar o que significa «crítica». Aqui, apenas se pode tratar de fornecer uma indicação prévia sobre o que significa «crítica». Quando se menciona esta palavra, estamos habituados a perceber, imediatamente e antes de mais nada, qualquer coisa de negativo. Para nós, crítica significa censura, verificação dos erros, exposição das insuficiências e a recusa correspondente de tais (…)
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GA3: § 38. - A questão da essência do homem e o resultado verdadeiro da instauração kantiana do fundamento
16 de junho de 2016, por Cardoso de Castro
Minha tradução do francês, "Kant et le problème de la métaphysique", trad. A. Waelhens et W. Biemel, Gallimard, Paris, 1953
Parece mais e mais claro que não chegaremos a cingir o verdadeiro resultado da instauração kantiana enquanto nos mantivermos a apresentá-lo sob forma de definição ou de tese acabada. A maneira de filosofar própria a Kant só nos será acessível se nos abstemos, com ainda maior determinação que antes, a examinar aquilo que Kant expôs literalmente, para investigar aquilo (…)
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Ricoeur (1977) – Crítica das Ideologias
22 de junho de 2023, por Cardoso de Castro
Os dois protagonistas da alternativa são: do lado hermenêutico, Hans-Georg Gadamer, do lado crítico, Jürgen Habermas.
O debate que o presente título evoca ultrapassa em muito os limites de uma discussão sobre o fundamento das ciências sociais. Ele coloca em jogo o que chamarei de gesto filosófico de base. Seria esse gesto o reconhecimento das condições históricas nas quais toda compreensão humana está submetida, sob o regime da finitude? Ou seria, em última instância, um gesto de desafio, (…)
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Arendt (LFPK:16-17) – as "críticas" de Kant
14 de outubro de 2021, por Cardoso de Castro
André Duarte de Macedo
[…] não estou querendo dizer que Kant, pelo breve tempo de vida que lhe restava, falhou em escrever a “quarta Crítica”, mas, antes, que a terceira Crítica, a Crítica do juízo — que, diferentemente da Crítica da razão prática, foi escrita espontaneamente e não, como a Crítica da razão prática, em resposta a observações críticas, questões e provocações — é na realidade o livro que, de um outro modo, viria a fazer falta no grande trabalho de Kant.
Concluído o ofício (…)
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GA3: § 37. - A idéia de uma antropologia filosófica.
16 de junho de 2016, por Cardoso de Castro
Minha tradução do francês, "Kant et le problème de la métaphysique", trad. A. Waelhens et W. Biemel, Gallimard, Paris, 1953
Que comporta uma antropologia filosófica? Que é isto, em geral, uma antropologia e como ela se torna filosófica? Antropologia quer dizer ciência do homem. Compreende tudo aquilo que pode ser explorado da natureza do homem enquanto é um ser constituído de um corpo, de uma alma e de um espírito. O domínio da antropologia não engloba somente o estudo das propriedades, (…)
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GA22: diferença ontológica
31 de janeiro de 2023, por Cardoso de Castro
Germán Jiménez
“Crítico”: del verbo griego κρίνειν, «distinguir», «diferenciar». Al diferenciar algo de algo, se hacen visibles ambos: lo diferenciado y su diferencia. Diferenciar un triángulo y un cuadrado, un mamífero y un pájaro, la epopeya y el drama, el sustantivo y el verbo, un ente de otro ente. Toda ciencia diferencia constantemente y, por tanto, determina lo diferenciado.
[22] Así, pues, si la filosofía es una ciencia crítica de tal modo que «crítica» constituye su rasgo (…)
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GA3:205-208 – §36 O fundamento estabelecido e o resultado da instauração kantiana do fundamento da metafísica.
16 de junho de 2016, por Cardoso de Castro
Minha versão do francês, "Kant et le problème de la métaphysique", trad. fran. A. Waelhens et W. Biemel, Gallimard, Paris, 1953
Português
Percorrendo as diversas etapas da instauração kantiana, descobrimos como esta alcançou finalmente à imaginação transcendental que se revela ser o fundamento da possibilidade intrínseca da síntese ontológica, quer dizer da transcendência. Quando se constatou este fundamento e o explicitou-se originalmente como temporalidade, tem-se verdadeiramente o (…)
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GA56-57:33-39 – Método Teleológico-Crítico de Descobrir Normas
21 de fevereiro de 2020, por Cardoso de Castro
HEIDEGGER, Martin. Towards the Definition of Philosophy. Tr. Ted Sadler. London: Continuum, 2008, 28-32
tradução do inglês
O psíquico é um complexo de processos experienciais que fluem temporalmente, que se constroem um sobre o outro e procedem um do outro de acordo com leis gerais definidas. Todo fato psíquico é governado por regras gerais de coexistência e sucessão. O movimento da vida espiritual sujeito às leis naturais é governado pela necessidade causal. Entre outras coisas, a (…)
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Ricoeur (1977) – Reflexão hermenêutica sobre a crítica
22 de junho de 2023, por Cardoso de Castro
Gostaria agora de elaborar, sobre a crítica das ideologias, uma reflexão simétrica à precedente, que visaria a pôr à prova a reivindicação de universalidade da crítica das ideologias. Não espero que essa reflexão conduza a crítica das ideologias ao aprisco da hermenêutica, mas que comprove o intuito de Gadamer, segundo o qual as duas "universalidades" - a da hermenêutica e a da crítica das ideologias - interpenetram-se. Também poderíamos apresentar a questão nos termos de Habermas: em que (…)
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Être et temps : § 76. L’origine existentiale de l’enquête historique à partir de l’historialité du Dasein.
17 de julho de 2014, por Cardoso de Castro
Vérsions hors-commerce:
MARTIN HEIDEGGER, Être et temps, traduction par Emmanuel Martineau. ÉDITION NUMÉRIQUE HORS-COMMERCE
HEIDEGGER, Martin. L’Être et le temps. Tr. Jacques Auxenfants. (ebook-pdf)
Que l’enquête historique, comme toute science, soit à chaque fois et facticement « dépendante », en tant que mode d’être du Dasein, de la « conception du monde dominante », il n’est pas besoin d’y insister. Néanmoins, par-delà ce fait, il est nécessaire de s’enquérir de la possibilité (…)
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Ricoeur (1977) – Reflexão critica sobre a hermenêutica
22 de junho de 2023, por Cardoso de Castro
Gostaria agora de elaborar minha reflexão pessoal sobre as pressuposições de ambas as concepções e abordar os problemas colocados desde minha Introdução. Esses problemas, afirmávamos, dizem respeito à significação do gesto filosófico mais fundamental. O gesto da hermenêutica é um gesto humilde de reconhecimento das condições históricas a que está submetida toda compreensão humana sob o regime da finitude. O da crítica das ideologias é um gesto altivo de desafio, dirigido contra as distorções (…)
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GA3:13-15 – conhecimento ontológico
28 de fevereiro de 2022, por Cardoso de Castro
Casanova
Kant faz com que o problema relativo à possibilidade da ontologia remonte à questão: “como são possíveis juízos sintéticos a priori?”. A interpretação dessa formulação do problema fornece a explicação para que a fundamentação da metafísica seja levada a cabo como uma crítica da razão pura. A pergunta acerca da possibilidade do conhecimento ontológico exige uma caracterização prévia desse conhecimento. Kant capta nesta formulação, em sintonia com a tradição, o conhecer como julgar. (…)